A edição dos 120 anos do Tour de France, prova mais tradicional de ciclismo mundial, começou no último sábado (1º) e pode ser encarado um case de sucesso no mundo dos negócios esportivos.

Destaques:

> Ao todo, serão gastos em premiações para equipes e ciclistas 2,3 milhões de euros (cerca R$ 12 milhões);

> Audiência anual do evento chega à marca de 3,5 bilhões de pessoas;

> Evento aposta em série na Netflix para ampliar popularidade.

Premiação milionária

Desde o último sábado, 176 atletas, divididos em 22 equipes, estão a todo vapor na busca pelo prêmio de 500 mil euros (R$ 2,62 milhões). Quem ficar na segunda posição fatura 200 mil euros (R$ 1,04 milhão) e na terceira, 100 mil euros (R$ 520 mil).

- Sem dúvidas esse é o prêmio mais cobiçado da modalidade. Por mais que sejam poucos dias de competição, ela promete ser intensa e exigirá muito esforço dos competidores. Nesse sentido, além do troféu, que já tem grande significado, levando em conta a tradição do Tour de France, o valor pago aos melhores da disputa torna-se um combustível a mais para os atletas - afirma Rogério Neves, CEO da Motbot, plataforma que atua com crowdfunding esportivo.

Além do prêmio final, o vencedor de cada etapa recebe da Amaury Sport Organization (ASO), responsável por organizar o evento, 11 mil euros (R$ 57 mil). Os 20 primeiros no dia recebem premiação. O 20º embolsa R$ 1,5 mil.

Tour de France movimenta milhões de euros (Foto: Anne-Christine POUJOULAT/AFP)

Audiência global

Segundo a ASO, a audiência anual do evento chega à marca de 3,5 bilhões de pessoas. Para conseguir os grandiosos números, o evento conta com transmissão em 190 países, por 100 canais de televisão, sendo que 60 deles fizeram a cobertura diretamente da França.

Em 2022, apenas por meios digitais, a organização estima que 684 milhões de pessoas acessaram ou se engajaram com algum tipo de conteúdo durante os dias de disputa. No Brasil, a transmissão é feita pela ESPN e Star+.

As operadoras de televisão correspondem a 60% da receita do Tour de France, enquanto 30% vem dos patrocinadores. Os 10% restantes contam com a ajuda dos governos dos municípios locais participantes da prova. A equação financeira bem estudada e saudável permite que o evento seja bem organizado e se torne um atrativo para os principais atletas do ciclismo de estrada que recebem toda a infraestrutura necessária para competir enquanto atravessam toda a França. O alto nível de competitividade e dificuldades apresentadas pela prova geram interesse do público
—Ivan Martinho, especialista em marketing esportivo e professor da ESPM

Série na Netflix para alavancar popularidade

A competição francesa ganhou destaque no mundo do streaming. Lançado no último dia 8 pela Netflix, a série “Tour de France: No Coração do Pelotão” mergulha nos bastidores da edição realizada no ano passado. Uma tentativa de repetir o sucesso do "Drive to Survive", série documental da Fórmula 1.

- A ideia da organização para trabalhar em conjunto com uma gigante do streaming é ajudar a popularizar o esporte ainda mais. A forma como isso é contado faz com que até mesmo quem não tinha muito interesse pelo ciclismo passe a se interessar - explica Fernando Patara cofundador e Head de Inovação do Arena Hub, principal centro de fomento à inovação em esporte, entretenimento e mídia da América Latina.