Lance! Biz explica: Por que os valores de patrocínio crescem tanto no futebol brasileiro?

De um ano para o outro, o Corinthians conseguiu uma valorização de 445% no espaço máster do uniforme. A Hypera Pharma, que desembolsava R$ 22 milhões por ano, dará lugar à VaideBet, casa de apostas que pagará R$ 120 milhões anuais no maior patrocínio na história do futebol brasileiro.

Os números impressionam, mas é apenas mais um exemplo de como os clubes estão conseguindo faturar cada vez mais com acordos de patrocínio. Além do Timão, Flamengo e São Paulo também fecharam novos contratos para 2024 com valores bem acima do que recebiam até o ano passado (veja abaixo).

➡️ Acompanhe os negócios no esporte em nosso novo canal. Siga o Lance! Biz no WhatsApp

Mas, afinal, o que explica este cenário de valorização dos patrocínios? Ele é generalizado ou é restrito a poucos clubes? Para entender, o Lance! Biz conversou com especialistas do mercado.

Na visão de Armênio Neto, sócio-fundador da Let!sGoal, empresa que conecta marcas, atletas, clubes e competições, esta valorização recente é liderada por empresas de betting que buscam uma exposição maior e não deve atingir - na mesma proporção - outras propriedades da camisa.

➡️ Ranking mundial de patrocínio máster: Corinthians fatura mais que Benfica e Inter de Milão

- Os valores de patrocínio cresceram bastante com a chegada das casas de apostas e a fase de ouro do mercado Crypto. Agora, presenciamos outra onda de crescimento, novamente liderada pelas casas de apostas. Mas é muito difícil que outras propriedades de camisa tenham a mesma valorização. Afinal, times como Flamengo e Corinthians estão triplicando, quadruplicando valores dos seus patrocínios máster. E quem está ocupando as mangas ou as barras da camisa não vai ampliar o investimento desta forma, ainda mais sem contrapartidas que justifiquem.

Diante do domínio das casas de apostas no mercado de patrocínio, surge a dúvida: "A regulamentação do setor, que acontecerá neste ano, traz algum risco aos acordos em vigor?" Segundo Fernando Paz, diretor comercial da agência de marketing esportivo Absolut Sport, os clubes não devem se preocupar.

➡️ Brasileirão tem 75% dos clubes com patrocínio máster de casas de apostas; veja exceções

- A regulamentação do setor vai impactar o mercado de maneira geral, com certeza, e de forma positiva. Trará mais segurança para todos que estão envolvidos nesse cenário. Em relação aos clubes, acredito que aqueles que são parceiros de casas de apostas firmaram acordos com respaldo jurídico, já os resguardando sobre futuros imbróglios que possam surgir. Por parte das empresas de betting, principalmente as que investem no futebol, percebo que elas têm tratado esse assunto com seriedade e que estão empenhadas em fortalecer o esporte por meio dos patrocínios às equipes.

Por que as empresas querem patrocinar os clubes?

O que justifica as empresas gastarem cada vez mais para se associarem aos clubes brasileiros? Para Rene Salviano, CEO da Heatmap, agência que atua com marketing e patrocínio esportivo, o próprio vínculo com o esporte é o principal fator motivador.

- Desde 2019 estamos acompanhando um aumento acentuado nos valores das propriedades negociadas com o mercado de apostas, mas não é por acaso. As arenas, as instituições desportivas e tudo que envolve o esporte tem total sinergia com este mercado, o que acaba fazendo total sentido estarem no esporte, seja o futebol ou o vôlei, que são os dois esportes mais praticados no país - disse Salviano, antes de completar:

➡️ Confira os maiores acordos de patrocínio máster no futebol brasileiro

- Além desta conexão, usar o esporte como plataforma de comunicação é uma estratégia forte demais. Comunicar esporte é comunicar saúde, energia e vários outros elementos que facilitam o engajamento com a marca patrocinadora. Imaginem então em um ano olímpico. O mundo vai respirar o esporte. Tudo isto só traz pontos positivos para as marcas de qualquer segmento estejam junto ao esporte.