A NFL deve passar por maios uma atualização no sistema de teto salarial da liga para a temporada 2025 e atingirá um valor recorde. Apesar do aumento deste ano ser menor em comparação ao que foi acrescentado na última temporada, esse é o terceiro acordo seguido de reajuste salarial que pode ultrapassar a casa dos US$ 20 milhões, quase R$ 115 milhões. Os valores praticados são relevantes, mas não lideram a lista quando salários do futebol e da NBA são inclusos.
Neste ano, a NFLPA (Associação de Jogadores da NFL) fará sua reunião oficial após a temporada e veículos norte-americanos apontam para um reajuste que varia entre um acréscimo de US$ 22 milhões a US$ 26 milhões na folha das franquias, o que corresponde entre R$ 126 milhões e R$ 148 milhões.
De acordo com as regras estabelecidas pela NFL, algumas das franquias tem espaço para compor sua lista de teto salarial e devem iniciar suas rodadas de negociação com o elenco, o que em breve poderá apresentar suas consequências no mercado, como trocas ou transferências entre times.
New England Patriots, Las Vegas Raiders, Washington Commanders, Arizona Cardinals e Los Angeles Chargers são equipes que tem margem de avanço na folha. Destaque para esta última, que fechou acordo para atuar no Brasil no jogo da NFL em setembro de 2025. Por outro lado, Atlanta Falcons, Seattle Seahawks, Buffalo Bills, Cleveland Browns, New Orleans Saints, Dallas Cowboys e Miami Dolphins são exemplos de franquias que devem ter dificuldades na adaptação dos salários.
Esse movimento, por mais que seja incomum para parte do elenco brasileiro, é bastante comum em esportes norte-americanos, como a própria NBA, que tem suas regras rígidas de reajuste salarial. O movimento faz com que essas ligas ainda tenham um investimento em salários menor do que acontece no futebol, por exemplo.
Ao comparar os topos da lista, a NFL e NBA não chegam nos valores praticados nos melhores atletas de futebol do mundo. Cristiano Ronaldo recebe do Al-Nassar em contrato cerca de US$ 285 milhões (R$ 1,6 bilhão), contra US$ 80,6 milhões (R$ 451 milhões) do quarterback Jared Goff, do Detroit Lions, e do armador do Golden State Warrior, Stephen Curry, que tem em contrato US$ 55 milhões (R$ 318 milhões).
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Os dados colhidos em sites especializados, como a Forbes ou The Sporting News, apresentam divergências, podendo apontar Dak Prescott, do Dallas Cowboys, como mais bem pago da NFL (cerca de R$ 350 milhões), e LeBron James como o líder da NBA, com contratos que chegam a quase R$ 460 milhões anuais.
Por mais que existam essas variações na lista, o que não é incomum nesse tipo de material apurado pelos veículos, fica clara a distância das ligas norte-americanas para o futebol.
Na média, as ligas apresentam uma estabilidade salarial ou um plano de investimento nessas cotas muito maior que o futebol, que acaba concentrando as fortunas em pouquíssimos nomes ao redor do mundo e tem no esporte a maioria dos atletas recebendo baixos salários. Justamente por não ter tantas regras rígidas de pagamento, o futebol é quem mais desembolsa dinheiro em salários.
Além disso, a política de divulgação dos salários é bem menor, o que mascara os reais valores aplicados nos maiores clubes do mundo. Lionel Messi, segundo colocado entre os mais bem pagos no futebol, tem um contrato com o Inter Miami que é estimado em US$ 135 milhões, ou R$ 773 milhões. O valor quase representa a soma entre os salários dos líderes da lista na NFL e NBA, independe de qual líder seja escolhido para compor a soma.
Ou seja, a nova política de salários que deve ser fechada entre a associação dos atletas e a liga norte-americana caminha a passos largos para as maiores renegociações de salários da história desse esporte, mas ainda permanecem atrás do futebol.
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Regras de teto salarial
Tanto a NFL quanto a NBA têm suas regras de teto salarial e de como essas negociações funcionam com as franquias que estão nessas ligas. No basquete, por exemplo, existem multas que são aplicadas caso uma equipe ultrapasse o valor do teto.
A quebra do valor é chamado de "luxury tax" (ou taxa do luxo), onde são aplicados o " First Apron" e "Second Apron". Esses termos simbolizam os níveis de punição atingidos pelas franquias. Esses problemas podem ir desde multas para que as equipes pagarem por terem gastado mais que o ideal com seus salários, enquanto o segundo nível pode gerar punições esportivas, como bloqueio em drafts e contratações do time.
Stephen Curry, por exemplo, tem um salário que representa mais ou menos 50% do que jogadores do Golden State Warrior recebem anualmente. Ou seja, o valor que "sobra" no que é investido pela franquia precisa ser dividido entre os atletas do time sem quebrar os limites.
Existe ainda um mecanismo chamado de "soft cap", onde as equipes até podem ultrapassar o teto salarial, mas apenas se o dinheiro servir para renovar contrato com jogadores que já estejam em sua equipe.
O comitê da NFL definiu desde 1994 um sistema de pagamento mais simples, que tem determinações para o salário mínimo e o salário máximo. A partir daí, é definido um salário com "valores garantidos" e "valores reais". Ou seja, um jogador assina um contrato com um valor que a equipe se compromete a pagar 100% (e que é dividido de acordo com o tempo de contrato do atleta, como em qualquer outro esporte), mas há também um "valor total".
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Essa cifra completa é um dinheiro previsto pela franquia da NFL que o jogador receberá caso ele cumpra todos os anos previsto em contrato sem lesões ou qualquer outro problema. E caso um time resolva romper contrato antes do fim dele, o "valor garantido" continua sendo pago pela franquia, como uma espécie de honra o acordo assinado entre as partes.
No futebol, por exemplo, o que existe é uma política de fair play financeiro, não necessariamente de teto salaria. Na La Liga, da Espanha, por exemplo, os clubes têm direito de gastar o mesmo valor que é gerado por eles. O próprio Barcelona é um time que luta anualmente para se adequar às regras após o rombo financeiro deixado pela utra gestão.
Por isso, os espanhóis precisam dividir sues investimentos contando que o valor gasto não seja maior que o gerado na última temporada, o que inclui receitas de premiação em competições, bilheterias e, principalmente, vendas de atletas, que liberam caixa para compras de novos nomes e salários.