A sucessão cronológica dos eventos é constrangedora:
2018 - Final 100% argentina na Libertadores. Boca x River. Resultado? Guerra campal nas ruas de Buenos Aires e a partida sendo realizada na Espanha semanas depois.
2019 - Flamengo x River na final realizada no Peru. Resultado? Racismo, conflitos e infindáveis confusões nas ruas, restaurantes e hotéis de Lima.
2021 - Um reles Brasil x Argentina que acabou para sempre rotulado pela alcunha “Clássico da Anvisa”. Com a pandemia em sua maior culminância, fiscais da agência entraram em campo com as equipes já posicionadas, ceifaram a possibilidade da partida acontecer e o fiasco foi notícia no mundo inteiro.
2023 - Fluminense x Boca Junior pela Liberta. Caos, conflitos e violência bilateral pelas ruas do Rio de Janeiro. Famílias, crianças e mulheres afetadas no epicentro do problema.
2023 - Na mesmíssima cidade onde há menos de 30 dias atrás ocorreu o pandemônio supracitado, o Maracanã foi palco do conflito da partida de ontem válida pelas Eliminatórias, fruto de mais caos entre argentinos e brasileiros.
!MUITA CONFUSÃO NO MARACANÃ! ????????️
— Lance! (@lancenet) November 22, 2023
Torcidas de Brasil e Argentina entram em conflito durante os hinos nacionais das equipes e confusão se alastra por toda a arquibancada do Estádio. Até o momento, o início da partida não foi autorizado! ????????⚔️????????#Brasil #Argentina #Eliminatórias pic.twitter.com/rvY23B9eKv
Tudo isso desconsiderando os conflitos entre torcidas nas ligas domésticas a cada rodada de clássico em grandes cidades como Buenos Aires, São Paulo e Rio de Janeiro.
Essa tensão constante impacta negativamente o futebol sul-americano em diversos aspectos. Primeiramente, os conflitos afetam os negócios relacionados ao esporte e isso por si só acaba por ramificar mais e mais consequências.
Patrocínios e parcerias comerciais podem ser prejudicados, uma vez que as marcas temem associação a um ambiente conturbado. Além disso, o faturamento gerado pelos jogos pode ser comprometido, pois o clima hostil afasta potenciais patrocinadores e investidores.
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Além dos impactos financeiros, os conflitos entre Brasil e Argentina têm um efeito corrosivo no aspecto social do futebol. A rivalidade acirrada pode gerar violência nas arquibancadas e nas ruas, criando um ambiente pouco propício para as famílias e para o verdadeiro espírito esportivo. Isso afasta parte do público, comprometendo a base de apoio e a paixão que deveria unir os torcedores em torno do esporte.
A violência no futebol mancha o espetáculo, traumatiza famílias e, no cerne do qual me cabe opinar, afugenta patrocinadores e afeta o business.
O futebol brasileiro não vive bom momento para se dar ao luxo de afundar um pouco mais. Os hermanos gostam de um tumulto, fato, mas pelo menos surfam a onda de bons resultados dentro do campo, cenário que o Brasil não experimenta há anos.
* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lance!
Joe Hirakuri é colunista do Lance! Biz (Arte Lance!)