Por que está tudo tão caro no futebol?
Do ingresso à camisa dos clubes, tudo é caríssimo e quem costuma pagar é o torcedor
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Lógico que tem a inflação, tem a típica fragilidade de uma economia terceiro mundista, a tal da volatilidade de não sei o quê com a incerteza pela reforma da não sei o que lá. Ok, ninguém é louco de não considerar todas as variáveis que afetam nosso Brasilzão, mas mesmo assim: por que tá tudo tão caro quando o assunto é futebol?
Economias, políticas e tretas à parte, é importante analisar de forma ampla e começar garantindo pra galera que isso não é um caso isolado pras terras tupiniquins. Considerando a conversão atual, uma camisa do Aberdeen FC - time pequeno e frequentador de meio de tabela na liga escocesa e com cidade de cerca de 100 mil habitantes - não sai por menos do que R$ 715.
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Assim como o valor do ingresso para assistir a de pouca graça Liga Mexicana não sai nunca por menos de R$ 100, o que pode não doer tanto comparando aos valores daqui, mas que faz pensar quando analisamos que o salário mínimo mensal por lá é de menos de R$ 900.
A casa começa a cair com esse simples ato: subir o preço do ingresso. Acompanha comigo.
Com o ingresso mais caro, o público pagante nos jogos diminui. Com a queda na arrecadação dos jogos, a diretoria se mexe pra recuperar as perdas e dilui esse valor subindo o preço de outros produtos que circundam o show: produtos licenciados, mensalidade do sócio-torcedor, camisas… Uma verdadeira bola de neve sem fim.
Sabia que o Brasil é líder do ranking de ingressos mais caros pra um jogo de futebol? A galera da Pluri Consultoria fez a correria e trouxe esse dado pra gente: considerando o ingresso em jogos do campeonato nacional de 16 países, analisando a média da precificação do ingresso de menor e o de maior valor, o Brasil é campeão da “Copa do Mundo de Ingresso Mais Caro!” E o que você recebe em troca? Fila, insegurança, fila, desorganização, ponto cego, fila, bagunça e fila.
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Se do ingresso à camisa do torcedor é tudo caríssimo, se os clubes faturam cada vez mais milhões na venda do par de pernas para o mercado internacional e se cada vez mais marcas oferecem caminhões de dinheiro em troca de visibilidade no uniforme, essa conta não fecha: por que quem se ferra é o torcedor?
Eu explico, mas não aqui e nem hoje. Se liga que vem por aí uma série de entrevistas e debates com as mentes mais afiadas e envolvidas em tudo o que o diz respeito a grana, preços e faturamento no futebol.
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Resumo da ópera: a gestão esportiva na mão de cartolas que não passam de ex-associados sociais com algum poder no clube, sobrinhos de não sei quem gerindo o marketing ou departamento financeiro coordenado pela esposa daquele diretor que tá lá faz tempo, terá sempre resultados desastrosos assim.
Com o advento das SAFs cada vez mais consolidado, a gestão mais profissionalizada respira e dá sinais de melhoria para um futuro próximo. Longe de mim acreditar que os ingressos e demais custos tenham seus valores atuais diminuídos, mas fica a esperança de melhores gestões conseguirem acordar pra vida e enxergarem que ainda há diversas fontes de renda a serem exploradas e muito mais escaláveis do que seguir arrombando o bolso do torcedor.
* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lance!
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