Desde muito cedo, sabia onde queria chegar. Apesar da pouca idade, tinha claro em minha mente, meus objetivos.
Vivia com a bola embaixo do braço, pelas ruas do meu Jardim Irene.
Quem nasce sem uma boa condição financeira, tem menos tempo para sonhar. Nossa realidade nos ensina desde os primeiros passos, que o fácil, não faz morada por aqui.
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Minha vida não era diferente da vida da maior parte da população, lutava de sol a sol para ganhar o pão de cada dia, pouco tempo para fantasiar um futuro glorioso.
Contrariando a regra, eu sonhava, me imaginava um grande ídolo no esporte que amava.
Nasci durante a Copa de 1970, com alma tricampeã e apaixonado pelo nosso manto verde e amarelo.
Copa do Mundo de 1970 serviu de inspiração na infância (Foto: Reprodução)
Durante meus 21 anos de carreira, tive a honra de vestir a camisa de equipes consagradas, que terão a minha eterna gratidão, mas não posso negar que a minha maior emoção sempre foi vestir a camisa da Seleção Brasileira.
Nenhuma palavra é capaz de alcançar essa honra e ela se repetiu por 148 vezes, me tornando recordista, levando o Brasil inteiro dentro de mim cada vez que entrava em campo.
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Não era só um sonho realizado, mas uma sensação de dever cumprido com os meus pais, meus técnicos e com todos enxergaram algum talento, no menino franzino, que foi reprovado 9 vezes em peneiras, antes do primeiro contrato profissional.
Tive a sorte de encontrar companheiros tão apaixonados quanto eu, pela nossa Seleção.
Nosso grupo em 2002, era tão confiante que quem nos observava, poderia ter a falsa impressão, que não estávamos concentrados na competição.
Coroação da campanha do penta em 2002 (Foto: Antonio Scorza/AFP)
Nosso semblante era de alegria, descontração e harmonia.
Na véspera do jogo contra a Alemanha, nosso grupo todo estava no corredor do hotel, jogando golf improvisado e quando o Felipão apareceu, para colocar ordem, acabou se rendendo e jogando junto. Descaso com a partida importante que viria?
Não, longe disso. Era união, amizade, descontração típica da nossa gente feliz.
Nossa camisa não pode andar distante dos nossos valores e esses são simples, porém humanizados. Isso faz com que o torcedor olhe pra nós e se sinta representando.
Nossa seleção precisa de ajustes, claro, mas é e sempre será gigante. E, até que alguém consiga colocar cinco estrelas no peito, continuamos soberanos no esporte mais popular do mundo.
* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lance!