Aos 73 anos, pai faz luta de exibição com filho e exalta poder do Jiu-Jitsu
Duelo emocionou Edson e Rogério Araújo, além do público presente no Campeonato Sul Americano de Jiu-Jitsu da CBJJE<br>
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Não foram apenas os faixas-preta que roubaram a cena no Campeonato Sul Americano de Jiu-Jitsu – Gi & No-Gi – da CBJJE, realizado no início deste mês, em São Paulo. Por lá, uma luta de exibição também mexeu com o público, mostrando mais uma vez a importância da arte suave.
Pai e filho, Edson e Rogério Araújo, respectivamente, se enfrentaram em um duelo que levantou e emocionou os presentes. Aos 73 anos, Edson começou a treinar Jiu-Jitsu há quatro meses, se apaixonou pelo esporte e mudou de vida. O veterano faixa-branca, então, quis se testar em uma competição, mas sem adversários no master 6, viu Rogério fazer uma surpresa em parceria com a CBJJE.
- Desde pequeno meu pai me levava para o Judô, tenho 15 anos de esporte, sou faixa-marrom, e o maior arrependimento dele foi não ter treinado comigo quando eu era pequeno. Acabei parando por dez anos depois, mas aí um amigo (Guli) abriu uma academia de Jiu-Jitsu aqui perto de casa, a King, e coloquei o meu filho Davi para treinar. Me convenceram a voltar, comecei na faixa-branca, recebi a azul, e meu pai vendo isso tudo quis treinar também. Decidi levá-lo em uma academia que tem perto da casa dele liderada pelo Abraão Falcão, a BJJ Family. Fomos um dia, emprestei o quimono, ele gostou e não parou mais - contou o filho, que prosseguiu:
- Meu pai está treinando há cerca de quatro meses, começou a ficar com o espírito de lutar, participar de um campeonato e se inscreveu no Sul Americano da CBJJE. A categoria dele não teve outros atletas, então fiz surpresa com uma luta de exibição para que ele pudesse sentir como é, ter esse prazer de entrar em ação. Para mim, foi uma honra. Algo que não tem preço. Meu pai sempre me levou para treinar e hoje, com ele aos 73 anos, eu que estou o levando - disse.
A arte suave, vale citar, entrou na vida de Edson como um divisor de águas. Mostrando mais uma vez que o esporte não tem idade, o avô do Davi treina duas vezes por dia quando pode e, segundo ele, quer pegar a faixa preta até os 80 anos.
- Até um ano atrás a minha vida era só problema. Tive três cânceres, operei o coração, mas quando conheci o Jiu-Jitsu tudo mudou. Hoje estou tranquilo, sem depressão, me sentindo como um garoto de 60 anos (risos). Me inscrevi no Brasileiro e no Mundial, e agora só quero isso daqui pra frente - brincou o “Muck”, como é conhecido.
Ainda de acordo com Edson, ele quer servir de inspiração ao demonstrar que pessoas idosas também podem praticar esportes. Mais do que isso, que o Jiu-Jitsu, independente da idade, muda vidas:
- Foi emocionante (fazer a luta com o meu filho), deu vontade de chorar. Ele preparou tudo, não esperava isso. Achei que ia pegar a medalha e ir para casa, mas acabei mostrando o que já sei, o quanto evolui nos treinos, e agora quero mostrar para o mundo. Hoje o esporte é tudo pra mim, não tem mais volta. Quero pegar a faixa preta e comprovar que nós podemos, sim. Não adianta ficar em casa vendo televisão, vai à luta. Eu sou o exemplo - encerrou.
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