Após se despedir do MMA com vitória, Leo Leite passa a limpo sua carreira nas artes marciais e diz o que ficou faltando: “disputar uma Olimpíada”
Bicampeão mundial de Jiu-Jitsu e ex-atleta da seleção brasileira de Judô se aposentou do MMA na última sexta-feira (13) com um triunfo na LFA
Duas participações em Olimpíadas pelo Judô, dois títulos mundiais no Jiu-Jitsu e dois cinturões no MMA. O faixa-preta Leonardo Leite teve uma das carreiras mais sólidas das artes marciais, competindo em alto nível em três modalidades e conquistando resultados expressivos em todas elas. Aos 44 anos ele decidiu encerrar a sua trajetória no MMA e o fez da melhor maneira possível: com vitória diante da família, dos amigos e de seus companheiros de equipe. Na última sexta-feira (13), no Rio de Janeiro, ele encerrou mais um ciclo de sua bela carreira com um triunfo no Legacy Fighting Alliance (LFA), evento onde ele já havia conquistado dois cinturões simultaneamente.
“Quando a LFA me chamou para fazer a luta de despedida foi perfeito, porque a LFA foi o evento onde eu fiz a minha primeira luta internacional, onde eu conquistei dois cinturões simultaneamente em duas categorias diferentes. Pra mim foi especial fazer essa luta de despedida, ainda mais sendo no Rio de Janeiro, com a presença da minha família, dos meus amigos e do meu time todo. Foi como eu esperava, a galera toda gritando, colocando aquela pressão… Foi demais! Foi uma noite muito especial e consegui encerrar com uma grande luta, uma grande vitória e com a torcida toda gritando”, comemorou Leo Leite.
O faixa-preta de Judô e Jiu-Jitsu, que em 2019 teve que fazer uma cirurgia no pulmão por conta de uma tuberculose, confessa que não pensava na aposentadoria até ser convidado pela LFA para fazer a sua luta de despedida. Depois de muito pensar, ele decidiu que era hora de parar. Ao olhar para trás e passar a limpo a sua carreira, ele garante que ficou faltando apenas três coisas, mas que se sente realizado com tudo o que alcançou.
“Eu olho para trás e me sinto realizado com tudo o que eu conquistei. É difícil você ter grandes resultados em três modalidades diferentes. Se eu tivesse que falar alguma coisa que faltou na minha carreira, uma delas foi disputar a Olimpíada. Fui como reserva em duas Olimpíadas, em Pequim e Londres. No Jiu-Jitsu acho que pode ter faltado uma medalha de ouro no absoluto do Mundial. Fui duas vezes bronze, em 2000 e 2013, nas duas únicas vezes que disputei um absoluto no Mundial. No MMA talvez eu tivesse que ter entrado antes. Talvez se eu soubesse que eu ia gostar tanto, eu começaria uns quatro anos antes, assim que terminou a seletiva para Pequim, em 2008. Acho que se eu pudesse voltar no tempo, eu entraria quatro anos mais cedo. Acho que mudaria bastante coisa”, disse Leo.
Confira abaixo a entrevista completa, onde o atleta da Brazilian Top Team (BTT) e faixa-preta de Jiu-Jitsu da Alliance faz um balanço completo de sua carreira.
Você encerrou a sua carreira no MMA na última sexta-feira com vitória na LFA. O que achou do seu desempenho e de encerrar a carreira diante da família e dos amigos?
Depois que eu tive tuberculose em 2019, tive que fazer uma cirurgia no pulmão, então eu não tinha a menor ideia se eu voltaria a ter uma condição física boa. Mas foi tudo perfeito, foram oito semanas de treino, eu cheguei com um gás ótimo, cheguei forte… O Márcio Pimentel (preparador físico) tirou onda mais uma vez. Quando a LFA me chamou para fazer a luta de despedida, porque na verdade eu lutaria no dia 19 de maio em Curitiba, foi perfeito, porque a LFA foi o evento onde eu fiz a minha primeira luta internacional, onde eu conquistei dois cinturões simultaneamente em duas categorias diferentes. Pra mim foi especial fazer essa luta de despedida, ainda mais sendo no Rio de Janeiro, com a presença da minha família, dos meus amigos e do meu time todo. Foi como eu esperava, a galera toda gritando, colocando aquela pressão… Foi demais! Foi uma noite muito especial e consegui encerrar com uma grande luta, uma grande vitória e com a torcida toda gritando.
Você teve uma carreira de sucesso no Judô, no Jiu-Jitsu e no MMA. Qual o balanço você faz da sua carreira? O que você acha que ficou faltando?
Eu olho para trás e me sinto realizado com tudo o que eu conquistei. É difícil você ter grandes resultados em três modalidades diferentes. Se eu tivesse que falar alguma coisa que faltou na minha carreira, uma delas foi disputar a Olimpíada. Fui como reserva em duas Olimpíadas, em Pequim e Londres. No Jiu-Jitsu acho que pode ter faltado uma medalha de ouro no absoluto do Mundial. Fui duas vezes bronze, em 2000 e 2013, nas duas únicas vezes que disputei um absoluto no Mundial. No MMA talvez eu tivesse que ter entrado antes. Talvez se eu soubesse que eu ia gostar tanto, eu começaria uns quatro anos antes, assim que terminou a seletiva para Pequim, em 2008. Acho que se eu pudesse voltar no tempo, eu entraria quatro anos mais cedo. Acho que mudaria bastante coisa.
Acredita que no MMA ficou faltando uma oportunidade no UFC?
No início eu tinha essa vontade de entrar no UFC. Depois eu fui perdendo essa vontade, esse desejo de lutar no UFC. O único evento que eu queria lutar era o Bellator e eu consegui fazer duas lutas lá. Infelizmente perdi as duas, mas fiz duas grandes lutas, principalmente contra o Phil Davis, que é um dos melhores meio-pesados do mundo. Fiz uma luta muito boa e perdi na decisão. No início cheguei a ter uma certa frustração de não ser contratado pelo UFC, mas olhando para trás eu não acho que ficou faltando isso para a minha carreira não.
Como foi tomar a decisão de encerrar a carreira? Passou um filme pela sua cabeça?
Na verdade eu não tinha pensado. Não tinha passado isso pela minha cabeça. Mas, quando eles me ofereceram essa luta de despedida na LFA, eu sentei, pensei e decidi parar. Treinei bastante para essa luta, para chegar bem no dia, e foi bom. Foi a decisão certa. A minha cabeça não quer, diz para continuar, mas o meu corpo já está pedindo arrego. Muitas lesões, acabei machucando a mão no primeiro round e vou ter que operar a mão essa semana. Então, chegou a hora mesmo. Vamos para os próximos capítulos, em busca de coisas novas. Mas Jiu-Jitsu eu vou continuar lutando, pois quero ir para o Mundial Master.
Quais são os seus planos agora que se aposentou?
Vou continuar treinando, porque eu gosto muito do clima e do ambiente de treino. Vou continuar ajudando também os garotos na BTT, vou treinar e me divertir. Vou competir no Mundial de Master de Jiu-Jitsu que eu nunca lutei. Vamos ver se esse ano sai a viagem. Mas vou continuar treinando, porque se não eu vou pifar. Não consigo ficar em casa não. Vou seguir treinando e dando aula para a molecada.