Especialista em ciência mental aponta meios para que o favoritismo, seja ele contra ou a favor, não interfira na hora da luta

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Se favorito ou azarão em uma luta, para alguns, não influencia em nada na hora do combate. Para outros, pode comprometer uma preparação e, consequentemente, a performance. São inúmeros os casos de lutadores apontados como zebras que deixam se levar pelos comentários de terceiros e acabam aceitando a condição.

Com mais de 26 anos de experiência em pesquisas no ramo da ciência mental e autora de livros best-seller, a treinadora mental e reprogramadora vibracional Elainne Ourives deu dicas para os atletas que deixam se levar pela opinião alheia.

"O foco sempre deve ser o interno. Isso tem a ver com o cuidado com as emoções e com o processo de "autoblindagem". Isso significa que o atleta considerado azarão deve fortalecer o lado emocional, treinar a mente para os desafios da disputa apenas e, se possível, evitar o máximo que puder, no período de preparação, o contato excessivo com o mundo externo, e isso inclui as mídias sociais e as pessoas que emitam opiniões ou julgamentos de valor de modo invasivo", aponta.

"Isso não significa, no entanto, isolamento total, mas um período de reserva emocional e de preparação para a competição, seja ela qual for. O suposto azarão deve compreender que o treino, a repetição, os exercícios simulatórios, como o caso das pré-visualizações da disputa, condicionam a mente, o corpo e o espírito para qualquer competição. Porque o principal adversário ou aliado sempre é a própria pessoa, a mente, sua força de vontade, resiliência ou, no lado contrário, sua incapacidade de concentração", complementa a especialista.

Elainne Ourives explica que o mesmo processo serve para os franco-favoritos que acabam subestimando o adversário devido às opiniões sobre a sua superioridade, ou até mesmo aqueles que, pressionados pela falsa obrigação de vencer, acabam não entregando tudo o que queria devido ao receio de ser derrotado.

"A vitória, seja para o azarão ou para o favorito, é sustentada por todo o esquema cognitivo, pelo conjunto de ações, pelo poder mental, por emoções canalizadas da maneira certa, por estratégia, resiliência e desejo ardente. Tudo isso é apoiado em treino, em autodesenvolvimento, em projeção futura dos próprios sonhos e em uma mente condicionada para vencer, a partir da clareza interna e da perspectiva pessoal de sucesso. Os fatores externos podem ser apenas motivos paliativos para vencer, mas a verdadeira vitória começa dentro de cada um, sempre e toda vez", destaca.

Outro ponto, agora positivo, são os atletas que sabiamente utilizam o fato de serem azarão como combustível para a vitória. Porém, esse impulso tem que ser um gatilho, como explica a especialista.

"Você até pode usar de impulso emocional ou transformar alguma desavença em motivação para vencer. Isso acontece, realmente, em muitos casos, sobretudo quando existe algum tipo de provocação da outra parte, do outro atleta ou adversário na competição. Apesar disso, a vitória e a conquista são consolidadas sempre a partir do foco interior. Porque não adiantaria nada usar a raiva e a revolta contra o adversário, sem haver foco, treino, força mental, física e emocional", atenta.

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