Filme de lenda do Jiu-Jitsu tem previsão de lançamento para 2021 e diretor destaca: ‘A comunidade do esporte abraçou esse projeto’
Com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2021, filme de Fernando Tererê vai trazer a saga do faixa-preta dentro e fora dos tatames, incluindo o período de vício em drogas e a história da faixa-preta com seu aluno, o também faixa-preta Alan Finfou
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Por Mateus Machado
Pentacampeão mundial de Jiu-Jitsu e considerado um dos maiores lutadores de todos os tempos na arte suave, Fernando Tererê terá sua história contada no cinema, através do filme “O Faixa-Preta: A verdadeira história de Fernando Tererê”, que tem previsão de lançamento para o segundo semestre de 2021, ainda sem uma data exata. A produção está adiantada, mesmo em meio à pandemia, e as gravações estão a pleno vapor, com todas as medidas recomendadas pelas autoridades sanitárias sendo respeitadas.
Atualmente com 40 anos, Tererê venceu praticamente todas as batalhas que travou nos tatames. Mas foi fora deles que sofreu seu mais doloroso revés. Lamentavelmente, no auge de sua carreira, o faixa-preta se entregou às drogas. O vício, que em seguida desencadeou em uma Esquizofrenia Paranoide, fez com que o atleta perdesse tudo o que conquistou, de suas academias até a sua inestimável faixa-preta de competição. No entanto, após oito anos vagando pelas Cracolândias do Rio de Janeiro, um inesperado reencontro com um ex-aluno viria proporcionar um dos momentos mais emocionantes já produzidos pelo esporte mundial, e o ponto de partida para uma reviravolta sem precedentes.
É esse o ponto de partida que será tratado no filme, que é baseado em fatos reais e tem o roteiro de Rangel Neto, com ênfase na história da faixa treta de Fernando Tererê e Alan Finfou. Para saber sobre o filme, que tem produção da “Núcleo TG”, a TATAME conversou com o diretor da obra, Caco Souza, que falou sobre como tomou conhecimento da história de Tererê, o primeiro contato com o multicampeão de Jiu-Jitsu, as principais dificuldades em produzir um filme em meio à pandemia, entre outros assuntos.
Confira a entrevista na íntegra:
– Como surgiu a ideia de fazer um filme do Tererê? Como você tomou conhecimento da história dele e como foi o processo de criação desde então?
A história chegou a mim através de um amigo, que também é lutador profissional de Jiu-Jitsu, e que ficou muito impactado com a possibilidade do embate entre ‘Mestre e Aluno’, mas seu relato se resumia a esse episódio apenas. Como a história desse encontro em particular também me impactou, resolvi pesquisar um pouco mais a respeito. Foi aí que após alguns ‘googles’, eu pensei: ‘cara, isso aqui é um mundo! é uma das melhores histórias que eu já vi na vida. Isso aqui dá um filme, e dos bons!’ No dia seguinte, eu já havia conseguido o telefone do Mestre e à noite já estávamos no tatame de sua academia, pensando quem seria o galã que o interpretaria nos cinemas (risos).
– Como foi seu primeiro contato com o Tererê? Como acha que a história dele pode mobilizar/inspirar outras pessoas?
O Tererê é uma pessoa magnética! De um carisma ímpar! É impossível você não se apaixonar pelo Tererê de primeira. É claro que no início ele demonstrou um certo receio em revelar alguns detalhes da história, principalmente com o que ocorreu nos Estados Unidos e nos anos de Cracolândia. Se você parar para pensar, isso é um trauma profundo pra ele. Mas isso foi uma barreira que fomos rompendo juntos, aos poucos… A cada conversa, uma nova descoberta. Eram tantos detalhes que nem ele se lembrava mais. Realmente, era um bloqueio mental. Um outro detalhe é que em paralelo às conversas com o próprio Tererê, eu também já conversava com as pessoas mais próximas a ele e que participaram ativamente de tudo, como o compadre dele, o Elan Santiago, o Leu e a Ludmila, seu primo e sua cunhada, respectivamente, além do próprio Alan Finfou, Rodrigo Comprido, Eli, Patrick, Leticia, Bruna, Yanca sua filha. Enfim, foram dois anos de muita conversa e muita pesquisa. E o resultado disso tudo está sendo extremamente gratificante.
– Quais são as principais dificuldades para produzir o filme em meio à pandemia?
Não é só a pandemia, é o Brasil mesmo. Óbvio que filmar na pandemia exige que você tome diversos cuidados e adote protocolos de segurança que nós não estávamos acostumados, como a testagem constante do elenco e da produção. A palavra certa é: resiliência. E Graças a Deus, tudo tem dado certo. Agora complicado mesmo é fazer Cinema com um governo que atua ativamente contra qualquer manifestação cultural do seu próprio povo. Esse, sim, tem sido o nosso maior desafio, não só nosso, como de toda a indústria.
– Como tem recebido o apoio da comunidade do Jiu-Jitsu?
A comunidade do Jiu-Jitsu abraçou o projeto de uma maneira inexplicável! Nós recebemos mensagens constantes de todo o Brasil e também de fora, perguntando como farão para ver o filme, na Colômbia, no Canadá e até no Catar. Isso é impressionante! Ontem mesmo, um grupo de lutadores iniciou uma campanha para pressionar os grandes ‘Players’ a fazer um lançamento mundial via stream do filme. Vamos ver no que isso vai dar.
– Como tem sido a participação do Tererê nesse projeto?
A principal contribuição do Tererê foi nos doar seu tempo durante dois anos pra nos contar cada detalhe da história, assim como nos apoiar na preparação para as cenas de luta que ocorrerão no filme, ao lado de seu primo, Fabrício Birrinho e Alexandre Buda.
– Qual foi a reação dele ao saber do filme?
Não só o Tererê, mas também a família também toda está muito entusiasmada com o filme. Patrick Carvalho, seu irmão, me confidenciou que o seu maior sonho era ver a história do seu irmão ser contada nos cinemas. Então vamos lá, vamos fazer esse sonho virar realidade. Estamos nos esforçando muito para trazer uma grande história aos fãs do Tererê e da arte suave.
Confira a sinopse do filme
O filme narra a saga de Fernando Tererê, desde suas origens humildes na comunidade do Cantagalo (RJ),até a consagração máxima nos tatames. Uma vocação incomum parao esporte o faz sagrar-se campeão mundial precocemente. Mas eis queno auge de sua trajetória, Tererê acaba deixando-se levar pelas badaladasfestas, regadas sempre a bebidas, mulheres e “drogas sociais”.
Como erade se esperar, esse contato acaba sendo desastroso, e nesse momentoacontecia com Tererê o que ele lutou a vida toda para que jamais acontecessecom os outros. Tererê havia sucumbido às drogas. O consumo excessivo, aliado a uma esquizofrenia não diagnosticada o faz, em surto, agredir uma aeromoça durante um voo comercial Miami–Brasil.Preso nos EUA por suspeita de terrorismo, o atleta só seria liberadoapós interferência do Itamaraty.
Três meses depois de detido pelo FBI,ele finalmente conseguia retornar ao Brasil.Já completamente dominado pelo vício, Tererê “reside” por oito anosseguidos em uma Cracolândia, no Rio de Janeiro. Vício esse que,em seu ápice, o faz vender sua faixa-preta, por apenas cinco reais, a um antigoaluno de seu projeto social, chamado Alan Finfou.Mas anos depois de praticamente chegar ao fundo do poço, Tererêprotagonizaria a maior volta por cima o qual já se teve conhecimentono esporte, superando o vício e retornando quase que milagrosamente às competições.
Em sua retomada, um dos seus primeiros adversáriosseria ninguém menos do que o próprio Alan Finfou. O mesmo alunoa quem vendera sua faixa preta há alguns anos. Mas esta luta jamaisaconteceu, pois o leal discípulo recusou o duelo diante de centenasde apreensivos torcedores, devolvendo a seu mestre neste momentonão apenas a sua faixa, mas também o seu orgulho e sua dignidade.
Elenco
Raphael Logam
Jefferson Brasil
Isabel Fillardis
Lui Mendes
Joana Borges
Milhem Cortaz
Léa Garcia
Vitor Britto
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