Flavio Alvaro, ícone do MMA nacional, dedica seu tempo a projetos sociais e luta contra o racismo
Com uma carreira vitoriosa e extensa no MMA profissional, Flavio Alvaro fala relembra início nas artes marciais e fala abertamente sobre assuntos relacionados ao racismo
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Com um cartel 62 lutas e 51 vitórias, Flavio Alvaro é um dos ícones do MMA nacional. Campeão em quase todos os eventos que participou, Flavio acumula títulos importantes nas artes marciais mistas em eventos como Max Fight, Rio Heros, Legacy, entre outros.
Faixa-preta de Jiu-Jitsu e grau preto de Muay Thai de dois mestres renomados, Jorge Patino Macaco e Rudimar Fedrigo, Flavio tem dedicado seu tempo a projetos sociais e na luta contra o racismo. Para falar sobre esses e outros assuntos, o blog Faixa-Preta conversou com o atleta.
Confira a entrevista completa:
- Como você iniciou nas artes marciais?
Era brigão na infância e adolescência e achei que as artes marciais poderiam me ajudar a me defender. Comecei no Contato Total com o mestre Martelo, e hoje sou muito grato pelos aprendizados que as artes marciais me deram. Queria aprender a me defender e ganhei muito mais que isso. Aprendi a viver, sou muito grato a todos meus mestres, alunos e adversários que enfrentei dentro dos rings, octógonos e tatames.
- Você já se sentiu discriminado por ser Negro?
Eu só vou corrigir a palavra negro, porque não gosto da palavra negro. Ela sugere raça e não temos raça. Na minha opinião, temos cores. Eu sou preto, e sim, por muitas vezes fui discriminado por ser preto, principalmente por policiais que teimam em achar que todo preto é ladrão, por classes mais “nobres” que ainda nos veem como empregados deles. O racismo no nosso país é forte, porém, é covarde, dissimulado, então a pessoa que te chama de amigo, é a mesma que te põe pra baixo.
- Quais foram os casos de racismo que mais lhe marcaram?
Teve um caso recente com minha esposa (branca). Estávamos saindo de um outlet perto de casa. Ela estava à frente com meu filho e eu atrás mexendo no celular. Veio uma viatura e me mandou pôr as mãos na cabeça, o policial pediu à minha esposa para se afastar de mim, eles acharam que eu estava seguindo ela, que iria roubar ou fazer mal. Foi uma grande confusão e prova da incapacidade deles de aceitar um preto honesto e digno.
- Você tem acompanhado as manifestações nos EUA pelo assassinato de George Floyd pela polícia? Qual sua opinião?
Sobre os EUA, no começo achei os protestos coerentes e dignos, porém, as coisas tomaram uma proporção gigantesca, e eu vejo que isso não tem mais nada a ver com a morte de Floyd. Estamos falando de baderneiros e aproveitadores. Aproveitaram esse momento para saquear, roubar, agredir e destruir. Sabemos a atual situação econômica dos americanos, sem empregos, sem dinheiro, então existe um mix de revolta e também de necessidade, por isso os saques e destruição.
- O que podemos fazer para acabar com o racismo?
Acredito que a melhor arma contra o racismo é a informação, o aprendizado, o fortalecimento espiritual, físico e mental. Quanto mais fortes nos tornamos, mais irão nos respeitar, então isso está mais voltado a nós do que aos racistas. Manifestações pacíficas são bem-vindas, a união entre nós e com os brancos que são contra o racismo é um caminho a ser trabalhado. Não podemos mudar a cabeça do racista, mas podemos mudar a nossa. Então, temos que seguir em frente e melhorar dia após dia.
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