Léo Leite analisa luta contra Napão no BJJ Stars e relembra drama em 2019: ‘Achei que não fosse mais treinar em alto nível’
Com duelo marcado diante de Gabriel Napão no BJJ STARS, Léo Leite analisa luta, fala sobre planos para o ano de 2020 envolvendo o Bellator e relembra grave problema de saúde que sofreu em 2019; confira a entrevista completa:
Por Mateus Machado
Com uma trajetória vitoriosa e repleta de momentos marcantes no Jiu-Jitsu, Léo Leite está de volta ao esporte onde brilhou por muitos anos. No próximo sábado (25), o faixa-preta terá pela frente um “velho conhecido” em uma das superlutas do BJJ Stars: o casca-grossa Gabriel Napão, atleta que já enfrentou em cinco oportunidades. Com o retrospecto atual que marca 3 a 2 em vitórias a favor do adversário, Léo terá a oportunidade de igualar a “série” e, ao mesmo tempo, vai voltar a entrar em ação com o pano em uma competição, o que não ocorre desde 2013.
A volta será ainda mais especial para o carioca por um motivo em específico. Em 2019, o atleta, atualmente com 42 anos, passou por um grave problema de saúde. Tudo começou durante um período de treinos. Também atleta de MMA, onde contabiliza um cartel de 10 vitórias e duas derrotas, Léo Leite estava em preparação para um combate no Bellator, organização que representa atualmente. O faixa-preta, no entanto, passou a notar algumas diferenças na questão física, além de uma febre, que durou três dias. Foi o sinal de alerta para que o lutador procurasse um médico imediatamente, como conta a seguir.
- Foi um problema bem sério. Estava treinando para lutar no Bellator, em junho (de 2019). Comecei meu treinamento depois do Carnaval, final de março, e comecei a perceber que minha condição física não estava melhorando depois de quatro semanas de treino forte, não estava rendendo bem. Achei estranho, porque treino há tanto tempo, então sabia que em quatro semanas eu deveria ter evoluído um pouco, e não estava vendo evolução nenhuma, minha respiração estava estranha, bloqueada. Numa sexta-feira, comecei a ter febre, assim como no sábado e domingo. Falei com o meu pai, que é médico, e fomos no hospital segunda-feira, onde fiz radiografia do pulmão, e diante disso me internei. Expliquei tudo ao médico, fizemos tomografia, vários exames, e fui para a sala cirúrgica. Drenaram a minha pleura, tiraram 3 litros da minha pleura, meu pulmão estava 2/3 paralisado, o médico até me questionou como eu estava conseguindo treinar, porque eu não tinha condição nenhuma de treinar naquele estado, e disse para eu agradecer pela febre que tive, porque poderia acontecer algo bem pior.
Quando tiraram o líquido, a pleura empurrou o pulmão, e o pulmão não voltou para o lugar quando o líquido saiu. Então, eu tive que abrir, fazer uma cirurgia, entrar com um tubo, inflar o pulmão, fazer muita fisioterapia para o pulmão ficar preso e no lugar certo. Depois, foram seis meses de antibióticos, para curar e ter a certeza de que ficaria tudo bem. Foi uma barra, uma situação muito difícil. Logo depois, eu não poderia fazer nada, o máximo que eu fazia era uma caminhada de três minutos no corredor, e isso, para quem é atleta e treina em alto nível, é bem difícil. Depois, eu só podia caminhar por 10 minutos, 15, até que comecei a correr e depois treinar normalmente, tudo isso num processo bem lento. Hoje, graças a Deus, estou totalmente recuperado, treinando normalmente, saudável. Só de poder voltar a treinar em alto nível para essa luta, estou muito feliz. Juro que achei que não conseguiria mais treinar e render em alto nível, mas agora está tudo ótimo - relatou o multicampeão, em entrevista à TATAME.
Confira o bate-papo com Léo Leite na íntegra:
– Expectativa e preparação para o duelo contra Gabriel Napão
Já lutamos cinco vezes, está 3 a 2 para ele, então é a chance de eu empatar essa ‘série’. A expectativa é de uma guerra, de uma luta dura do início ao fim. Nossas lutas sempre foram decididas em detalhes, nunca teve uma margem larga de pontos, sempre foi luta dura. Estou treinando bastante, recebi o convite para lutar há oito semanas, então consegui, na medida do possível, fazer um treinamento perfeito. Claro que não do jeito que eu queria, por conta da pandemia, queria ter mais pessoas me ajudando, mas quem me ajudou contribuiu demais para o meu treinamento. Tenho sorte também de ter um estúdio funcional, onde posso fazer minha parte física enquanto não podia abrir a academia. O treino foi ótimo, sem lesões, me preparei em alto nível o tempo todo e estou pronto para fazer uma ótima luta.
– Como você acha que o duelo vai se desenrolar?
Estou preparado para tudo, treinei bastante por baixo, com gente pesada. Treinei muita defesa de queda de Wrestling, principalmente. A gente lutou pela última vez em 2006, faz muito tempo, meu jogo mudou muito depois disso, acredito que o dele também. Desde que comecei a fazer MMA, meu jogo é completamente diferente. Vai ser uma luta imprevisível, não luto Jiu-Jitsu desde 2013, então só na hora que vamos ver. Mas estou preparado para o que vier.
– Quais eram suas expectativas para o ano e que acabaram frustradas pela pandemia?
A minha expectativa era já começar 2020 lutando pelo Bellator. Eu tive que adiar uma luta ano passado, no início desse ano eu acabei tendo uma infecção na perna, o que me impediu de treinar. Quando melhorei, começou a pandemia, onde todo mundo teve que se trancar dentro de casa, tive que fechar academia… Tenho um evento de MMA, que é o MAC (Martial Arts Championship), que a gente ia fazer a segunda edição após a primeira, em janeiro, mas tivemos que adiar. É esperar, não tem muito o que fazer e nem planejar. Pelo menos o Bellator está voltando, já volta na sexta-feira (24), as academias estão reabrindo, vamos tentar remarcar a segunda edição do MAC para setembro. Quanto ao Bellator, já pedi ao meu empresário para ver se consigo lutar em um card no mês de setembro.
– Espaço de luta inaugurado na Gávea (RJ)
Abrimos uma academia na Gávea, onde estamos reabrindo nesta segunda-feira, com treinamentos novos, implementamos uma metodologia nova, que é o ‘One Fight’. É um treino mais dinâmico, uma experiência de luta, é como se fosse uma disputa de cinturão, um treino de cinco rounds de cinco minutos, cada round tem uma modalidade. Aquecimento, Boxe, Muay Thai, ground and pound, chão, e o último é comigo, corrigindo e fazendo treino de explosão. Tem o Jiu-Jitsu, onde dou aula, o Judô infantil, que é o Juliano León que dá aula, e também o Yoga. Estamos reabrindo e espero que dê tudo certo.
– Por fim, quais são os planos para o restante do ano?
De Jiu-Jitsu, não sei como vai ser. Tenho uma luta marcada contra o (Alexandre) Café, na Copa Company. Não sei se vão ter eventos antes disso. No Bellator, estou tentando lutar no card do dia 11 de setembro, que é o mesmo do Lyoto contra o Phil Davis. Ainda tenho um pouco de lenha para queimar, vou adiar um pouco essa aposentadoria, quero fazer mais alguns anos lutando. Tenho muita vontade de disputar o Mundial Master, vamos ver se ano que vem consigo. É muito difícil planejar algo nesse momento que estamos vivendo, mas vamos aguardar.
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CARD COMPLETO:
BJJ Stars
Lugar secreto, em São Paulo (BRA)
Sábado, 25 de julho de 2020
Kaynan Duarte x João Gabriel Rocha
Leandro Lo x Lucas Hulk
Patrick Gaudio x Erberth Santos
Léo Leite x Gabriel Napão
Isaque Bahiense x Cláudio Calasans
Gabriel Rollo x Charles do Bronx
Anna Rodrigues x Bia Basílio
Luis Marques x Serginho Moraes
Cleber Clandestino x Meyham Maquine
Charles Duende x Gustavo Ximu
Renata Marinho x Sábatha Lais
Marcos Petcho x Robinho