Lesões nas orelhas dos lutadores, o que acontece? Cirurgião e influencer explica, confira:
Uma das características mais marcantes dos lutadores, principalmente para quem vê de fora, é a chamada "orelha de couve-flor", lesão na cartilagem que afeta, em sua maioria, atletas de luta agarrada, como Jiu-Jitsu, Judô e Luta-Livre.
Cirurgião plástico especialista no tema, Dr. Ronaldo Soares, formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica de forma técnica o que ocasiona a lesão, chamada pericondrite, e a melhor maneira de preveni-la.
"É causada pelo trauma constante das lutas, através dos atritos e esmagamentos sofridos durante os treinos e combates. A inflamação pode levar à falta de vascularização nas orelhas que, por sua vez, pode provocar a morte do tecido. Essa necrose provoca uma forte reação fibrosa, resultando na formação de nova cartilagem para preencher o espaço lesionado", elucida o médico e influenciador digital da área da saúde.
Ainda de acordo com o Dr. Ronaldo Soares, que utiliza seu instagram com mais de 326 mil seguidores para dar dicas e tirar dúvidas, a melhor maneira de evitar este tipo de lesão é proteger a região com equipamentos próprios, o que é bastante visto em competições de Luta Olímpica, porém ainda é incomum entre lutadores de Jiu-Jitsu.
"Usar protetores auriculares é fundamental. Também é preciso drenar o sangue acumulado assim que ocorrer um trauma auricular com hematoma. Mas, novamente, fazendo o uso correto dos protetores auriculares, as chances de se lesionar diminuem drasticamente", afirma.
O cirurgião também chama a atenção daqueles que costumam drenar o sangue por contra própria em casa ou até mesmo na academia, sem a assepsia que exige tal procedimento.
"O indicado é sempre procurar um pronto-socorro para avaliar o acúmulo de sangue. Caso contrário, pode acarretar em infecções bacterianas", atenta.
É possível também, em casos mais avançados, a correção através de cirurgia.
"Lixamos a cartilagem espessada e irregular para deixar o contorno mais liso", explica Dr. Ronaldo, que costuma fazer de 15 a 30 cirurgias do tipo anualmente. "Cerca de um mês após a cirurgia o paciente está liberado para retomar as atividades."