Ex-office boy de funerária que virou lutador de MMA luta no Jungle Fight por uma chance pelo cinturão
Perto do título, Marcelo Guará luta no dia 31 de janeiro em busca da terceira vitória no Jungle Fight<br>
Desde muito cedo o sergipano Marcelo “Guará” Guarilha se acostumou a enfrentar as adversidades impostas pela vida. Sua primeira agrura aconteceu entre a adolescência e a vida adulta, quando ele perdeu os seus pais. Guará precisou se virar fazendo bicos como motoboy, office boy de funerária, motorista de ônibus e até vendedor de sanduíche para garantir o seu sustento. Depois de muita ralação, ele conseguiu se tornar lutador de MMA e hoje é dono de sua própria academia em Sergipe. Vindo de seis vitórias seguidas, duas delas pelo Jungle Fight, Guará luta no dia 31 de janeiro, na edição 101, contra Fernando “Ben 10”, em luta que poderá definir o próximo desafiante ao cinturão dos galos do Jungle.
“Minha expectativa é a melhor possível. Sou um cara bem versátil, trabalho bem na trocação e também o meu Jiu-Jitsu. Estou bem confiante e empolgado. Eu sei que vou fazer uma boa luta. O Ben 10 é um cara que ganha as suas lutas na decisão e é finalizador. Ele nunca nocauteou um adversário. Então, acredito que ele vá sentir a minha mão. E quando ele sentir a minha mão, ele vai cair. Mas sou muito bom de Jiu-Jitsu também. Onde a luta se desenrolar, eu vou sobressair. Estarei sempre um passo a frente dele. Eu sou o melhor dessa categoria, e vou mostrar isso no dia 31”, garantiu.
Sergipano da cidade de São Cristovão, Guará luta MMA desde 2011 e vai para a sua vigésima luta. No entanto, ele ainda é pouco conhecido do grande público. Seu primeiro contato com as artes marciais aconteceu aos 15 anos, quando ele se mudou com os seus pais para Goiânia.
“Em 2007 eu foi morar em Goiânia, onde tive o meu primeiro contato com a luta. Um mês depois de chegarmos na cidade a minha mãe faleceu. Morei lá por cinco anos antes de voltar a Sergipe. Aí meu pai veio a falecer, logo após a uma luta minha de MMA, em 2013. Cheguei da luta no sábado e ele faleceu no domingo. Comecei sem nenhum apoio. Todo mundo dizia que eu precisava trabalhar, mas eu persisti na luta. Antes de ter a minha academia eu trabalhava como motoboy e office boy em uma funerária. Eu sempre precisei fazer bico antes de ter a minha academia”, contou.
Guará começou no Boxe Chinês e depois foi para o Muay Thai, onde construiu um cartel com 22 vitórias e apenas duas derrotas. Logo no início de carreira ele nocauteou três oponentes para vencer um torneio de Muay Thai. Atualmente ele é o campeão sergipano da modalidade. Fã de Anderson Silva, Rodrigo Minotauro e de Conor McGregor, ele logo se interessou pelo MMA e, em 2011, quando tinha apenas 19 anos, fez a sua estreia nos cages. Guará venceu e recebeu o prêmio de melhor nocaute da noite das mãos do ex-campeão do UFC Renan Barão.
“Eu gostava muito de assistir as lutas de MMA. Sou muito fã do Minotauro e do Anderson Silva. Também sou fã do Conor McGregor. Me espelho muito nele e acho até que luto parecido com ele. Acabei migrando para o MMA em 2011 e hoje só luto MMA. Para lutar novamente Muay Thai só se aparecer uma proposta muito boa, porque hoje eu sou 100% MMA. Mas não tenho apenas a parte em pé não. Eu treino muito Jiu-Jitsu. Sou faixa marrom da modalidade. Estou pronto para tudo”, garante o casca-grossa.
Parceria com a CM System
Quando sobe ao cage, Marcelo Guará não representa apenas a sua equipe. Ele também luta pela bandeira da CM System, equipe liderada pelo ex-lutador do Pride e do UFC Cristiano Marcello. Sempre que se aproxima de uma luta, Guará arruma as suas malas e parte para Curitiba para fazer o seu camp.
“A parceria com a CM System começou através de um amigo meu, o Diego Santos. Ele foi lutar em Ponta Grossa e acabou ficando por lá. Depois de um tempo ele migrou para a CM System através do Rodrigo Hulk. Ele passou lá um tempo e eu fiz contato com ele para poder treinar lá. Ele falou com o Cristiano Marcello, que autorizou a minha ida. A primeira vez eu fiquei no alojamento da equipe. Aí depois de um tempo eu fechei uma parceria com o Cristiano. Toda vez que tenho uma luta eu faço o camp com eles. Lá tem o Elizeu Capoeira, o Luan Miau, o Godzilla, o Marcelo Zulu no Wrestling, que é o melhor professor com quem eu já treinei, entre vários outros nomes que me ajudam bastante”, contou.
O dia 31 de janeiro será especial para Guará. O combate no Jungle será a luta mais importante da sua carreira, pois poderá levá-lo a uma disputa de cinturão. Aos poucos o lutador vai ganhando o seu espaço e com isso dando uma vida melhor para a sua família.
“Eu tenho dois filhos, e o meu menino mais novo é autista. Então, é bem complicado conciliar treino, emprego e os cuidados com ele. Mas sei que estou no caminho certo para dar uma vida melhor pra eles. Tenho certeza que vou chegar ao topo e dar uma estabilidade para a minha família. E sei que a próxima luta pode ser o começo da realização deste sonho”, concluiu.