Uma Assembleia Geral Extraordinária convocada para alterar o estatuto do Comitê Olímpico do Brasil (COB) terminou com sabor de vitória para os atletas e derrota para os cartolas. Nesta quinta-feira, o texto foi modificado, mas os presentes na sede da entidade, no Rio de Janeiro, rejeitaram propostas que enfraqueceriam o poder do Conselho de Ética em busca de maior transparência na gestão e ampliaram a participação dos esportistas nas decisões.
Uma das propostas vetadas foi de tirar do Conselho de Ética a função de punir. Com o texto aprovado, o órgão seguirá à frente da área da conformidade, que verifica processos internos e resguarda a entidade de eventuais conflitos de interesse, mas perdeu a prerrogativa da investigação. Outra medida barrada foi o fim da autonomia do gerente de compliance, cargo atualmente vago.
“O Conselho de Ética do COB manifesta sua profunda gratidão aos Atletas e às Confederações comprometidas com a Ética e a Transparência. Nunca deixaremos de investigar um único indício de desvio ético, de quem quer que seja”, disse Alberto Murray Neto, membro do Conselho de Ética, no “Twitter”.
A sugestão de modificações no estatuto foi enviada pelo presidente do COB, Paulo Wanderley, às confederações na noite de quarta-feira e causaram desconforto entre atletas, membros do Conselho de Administração e entidades do setor. Há dois anos, o dirigente ficou conhecido por descentralizar seu poder de gestão, diferentemente do que fazia seu antecessor, Carlos Arthur Nuzman.
Uma novidade aprovada foi a redução do tamanho do Conselho de Administração de 17 para 13 componentes. O vice-presidente não fará mais parte. Já a Comissão de Atletas passará a ter 25 integrantes em vez de 12, para contemplar representantes de modalidades que entraram no programa olímpico - como skate, surfe, escalada, caratê e beisebol/softbol. O número de votantes subirá para 19, para manter a proporcionalidade de votos de um terço, exigida por lei, equivalente às confederações.
– Depois de dois anos, era hora de nos reunirmos para revisar o estatuto, atualizar e aprimorar alguns pontos. O principal deles é a maior participação dos atletas nas decisões do COB. Quando assumi a presidência do COB, apenas um atleta participava nas Assembleias e ampliamos para 12. A partir do próximo ciclo olímpico, serão 19. Tudo que aconteceu na reunião de hoje no COB foi um exercício salutar de democracia. E quem sai vencendo é o movimento olímpico brasileiro – disse Paulo Wanderley.
Além de 33 representantes das Confederações Brasileiras Olímpicas e do membro brasileiro do COI, Bernard Rajzman, participaram das discussões na Assembleia sete representantes da Comissão de Atletas do COB: Bruno Mendonça, Emanuel Rêgo, Emerson Duarte, Fabiana Murer, Fabiano Peçanha, Marcelinho Machado e Thiago Pereira.
– O entendimento da assembleia foi que o número de votos dos atletas subisse para 19 votos. A Comissão de Atletas está disposta a contribuir mais com as decisões para melhora do esporte nacional, agora com mais sete votos na assembleia do COB – disse Emanuel.
As mudanças aprovadas entrarão em vigor na próxima gestão. As eleições do COB estão marcadas para novembro de 2020.