A Atletas pelo Brasil, uma organização sem fins lucrativos composta por atletas e ex-atletas, não concordou com a diminuição no número de esportistas com voz de decisão no Comitê Olímpico do Brasil (COB). Em Assembleia Geral Extraordinária realizada nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, o COB aprovou o novo estatuto da entidade.
Contudo, após uma votação polêmica, o número de atletas com poder de voto caiu de 12 para cinco. No estatuto anterior, os esportistas tinham apenas um voto (do presidente da Comissão de Atletas) em reuniões do COB.
Sendo uma das entidades que colaboraram para a formulação do novo estatuto, a Atletas afirma que a maior representatividade dos atletas era 'certamente uma das mudanças mais necessárias em busca da gestão mais transparente e democrática na entidade'.
- A manobra, para a Atletas pelo Brasil, simboliza clara distância entre discurso e prática. Apesar da aparente abertura do novo presidente, Paulo Wanderley, o estilo de gestão não democrática de Carlos Arthur Nuzman parece ainda prevalecer entre as confederações. Por isso, apesar dos consideráveis avanços apresentados no estatuto, hoje a nova gestão do COB perdeu a grande oportunidade de dar um passo rumo à valorização dos atletas e da união do setor - posicionou-se a Atletas.
A organização ainda repudiou a 'posicionamento antidemocrático das 15 Confederações que optaram por mais uma vez silenciar os atletas' e afirmou que a seguirá sua luta 'até que o esporte seja para todos'.
Confira, na íntegra, o posicionamento da Atletas pelo Brasil:
'Posicionamento Atletas pelo Brasil sobre a Assembleia Geral do Comitê Olímpico do Brasil (COB)
Na manhã de hoje, 22 de novembro, foi realizada Assembleia Geral Extraordinária para a votação do novo estatuto do Comitê Olímpico do Brasil (COB), no Rio de Janeiro. O texto apresentado para aprovação contou com a colaboração da Atletas pelo Brasil e continha avanços importantes, especialmente em relação à participação dos atletas no processo eleitoral da entidade, ampliando o número de atletas votantes de 1 (um) para 1/3 proporcional ao número de Confederações. Esta demanda é antiga e certamente uma das mudanças mais necessárias em busca da gestão mais transparente e democrática na entidade.
No entanto, em uma virada inesperada, a proposta para o aumento da participação dos atletas foi barrada por 15 votos a 14, após a controversa impugnação do voto da Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu). Voto este que foi registrado na ata da Assembleia Geral, filmado e validado no momento pelo departamento jurídico do COB.
A manobra, para a Atletas pelo Brasil, simboliza clara distância entre discurso e prática. Apesar da aparente abertura do novo presidente, Paulo Wanderley, o estilo de gestão não democrática de Carlos Arthur Nuzman parece ainda prevalecer entre as confederações. Por isso, apesar dos consideráveis avanços apresentados no estatuto, hoje a nova gestão do COB perdeu a grande oportunidade de dar um passo rumo à valorização dos atletas e da união do setor.
A derrota de hoje de Paulo Wanderley mostra que o espírito autoritário segue vivo em parte das confederações. E que enquanto o COB concentrar dinheiro e poder, é improvável que este cenário mude.
A Atletas pelo Brasil repudia o posicionamento antidemocrático das 15 Confederações que optaram por mais uma vez silenciar os atletas. A transformação do setor esportivo, rumo à maior transparência e melhor governança, é um processo inevitável. Os atletas são uma das partes mais afetadas e têm que ter voz nas mudanças que irão desenhar o futuro do esporte brasileiro.
O esporte não pode mais ser propriedade de uns poucos. Os atletas associados da Atletas pelo Brasil seguirão lutando até que o esporte seja para todos'.