Atletas que sofreram abuso lembram a dor e se revoltam após escândalo
Joanna Maranhão, da natação, e americana campeã olímpica da ginástica foram algumas a se manifestar sobre as denúncias de atletas contra Fernando Lopes, ex-técnico da Seleção
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A denúncia de um grupo de ginastas que afirmam ter sofrido abuso sexual durante anos por Fernando de Carvalho Lopes, ex-treinador da Seleção Brasileira, repercutiu no mundo inteiro. Nomes que tem levantado a bandeira contra todas as formas de assédio relembraram suas dores e expressaram seu apoio à atitude dos brasileiros, em especial a Petrix Barbosa, um dos poucos que mostrou a cara na reportagem do Fantástico, da "Rede Globo".
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A nadadora Joanna Maranhão, de 31 anos, revelou em 2008 que foi abusada por um ex-técnico quando tinha apenas nove anos. Ao saber do caso na ginástica, disse que a dor do que viveu lá atrás ainda a atormenta.
"Trouxe a público minha história há 10 anos e NUNCA vai deixar de doer e de me sentir impotente quando me deparo com histórias como essa. Para além do crime e das cicatrizes, das infâncias usurpadas, dos talentos desperdiçados, o que me revolta é o SILÊNCIO e a CONIVÊNCIA. É esse DISTANCIAMENTO dos que sabiam ou ouviram algo a respeito. Pedofilia é um crime que se alimenta de sombra e silêncio, me perdoe a franqueza mas se você já ouviu alguma história e disse algo como: “Bom, melhor não me envolver nisso”. Peço e espero que a imprensa tenha RESPEITO ao enfrentamento desses atletas, que não façam perguntas pedindo pra descrever os abusos porque isso significa REVIVER tudo e vocês não têm ideia de como dói. Apurem, falem, falem muito, mas tenham empatia com as vítimas e com suas famílias, por favor. Hoje, sigo para uma série de ações de combate à pedofilia pelo Brasil e eu não faço mais do que minha obrigação. Não sou mais forte nem melhor do que qualquer outra vítima, o que eu tive foi SUPORTE de todos os lados para buscar meu equilíbrio. Às vezes eu caio, fico na cama deitadinha sem coragem de sair pro mundo, passam uns dias e vou retornando, e é assim, vai ser pra sempre assim. Só que eu não quero que seja assim pra mais ninguém", escreveu a atleta, em seu Instagram.
Outra que se manifestou foi a americana Aly Raisman, dona de três ouros olímpicos, um deles na competição por equipes na Rio-2016. Ela foi uma das cerca de 300 ginastas que acusaram Larry Nassar, ex-médico da federação americana de ginástica, julgado e condenado a mais de 360 anos de reclusão por abusar de atletas durante décadas.
"Devastada ao ouvir sobre os muitos ginastas no Brasil que foram abusados. Sobreviventes devem ser ouvidos e a justiça deve ser cumprida. Como deveria ser em todo lugar. Mundo da ginástica, repito, grito o mais alto que posso, ISTO É MAIOR DO QUE NASSAR. Federação Internacional e Comitê Olímpico Internacional, atuem agora. Não podemos esperar mais. Por que alguns apoiam abusadores? É tão repugnante e horripilante. Eu nunca vou entender isso. Os abusadores são monstros. Sociedade, pare de permitir que abusadores escapem de crimes horríveis. Quando será suficiente? Se você não acha que o abuso é um problema, acorde", disse a ginasta.
Devastated to hear about the many gymnasts in Brazil who have been abused. Survivors must be heard & justice must be served. As it should be everywhere. Gymnastics world, I repeat, I scream as loud as I can, THIS IS BIGGER THAN NASSAR. FIG & IOC act now. We can't wait any longer. https://t.co/Tlycq3sOWz
— Alexandra Raisman (@Aly_Raisman) 30 de abril de 2018
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