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Brasil educa pouco e pune muito, apontam especialistas em doping

Tribunal Único do país foi criado em 2016 para atender a exigência da Wada

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imagem cameraLBCD é o único laboratório do Brasil credenciado pela Wada (Arte: Marina Cardoso/Lance!)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 26/09/2019
02:55
Atualizado em 26/09/2019
20:51

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Criado em dezembro de 2016 para atender a uma exigência da Agência Mundial Antidoping (Wada), o Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD) é elemento importante do novo cenário do Brasil no combate ao doping, impulsionado pela realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro. Mas especialistas acreditam que o rigor das punições aplicadas não condiz com o grau de educação dos atletas.

Hoje, a ABCD escolhe seus alvos dentro de um critério de seleção e encaminha suas amostras para análise do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), que é credenciado pelo órgão máximo do setor. Os resultados adversos vão para o TJD-AD, único tribunal que pode julgar os casos no país, independentemente da modalidade.

Antes, cabia ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) de cada confederação julgar acusações de doping. Uma das críticas da Wada era de que havia uma proteção maior aos atletas, com penas brandas.

Hoje, há um grupo fixo de indicados para decidir sobre casos de todas as modalidades, e ocorre o contrário. As punições são consideradas rígidas demais.

– A quantidade de testes e as punições cresceram em um ritmo muito maior do que a educação. Tem jogador de futebol que foi flagrado com uma substância e, ao receber um telefonema da ABCD, desligou, pois pensou que era trote – contou o advogado Bichara Neto.

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A opinião é compartilhada por Marcelo Franklin, que também atua em defesa de atletas em casos de doping no Brasil e no mundo.

– Vejo com preocupação. O atleta brasileiro ainda tem uma posição de hipossuficiência em relação aos de países de primeiro mundo, sobretudo europeus e norte-americanos, que recebem uma boa educação, desde a escola e também em termos de dopagem, muito mais aprimorada. Não me parece justo, na hora do julgamento, eles serem punidos com o mesmo rigor. A percepção do risco aqui é menor – disse o advogado.

Franklin aponta como bom exemplo uma iniciativa da World Skate, que, com a inclusão da modalidade no programa olímpico, exigiu que atletas estudassem as regras de dopagem para disputar o Campeonato Mundial.

– Eles estabeleceram que seria preciso passar em uma prova de conhecimentos antes de poder participar. Isso é o certo. Educar primeiro para cobrar depois. Muitas vezes, não é o que acontece no Brasil – afirmou Marcelo.

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