Brasil inicia os Jogos da Juventude com ambição menor do que em 2014
COB quer evitar pressão ‘injusta’ sobre atletas e foca em resultados para 2024. Delegação verde e amarela terá 79 jovens em Buenos Aires, que sedia a terceira edição do evento
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O clima que envolve a delegação brasileira para os Jogos Olímpicos da Juventude, que começam neste sábado, em Buenos Aires (ARG), não é de tanto otimismo com resultados quanto há quatro anos. E não poderia ser diferente.
Se em 2014, quando o evento foi realizado em Naquim (CHN), o Comitê Olímpico do Brasil (COB) levou dois top 10 entre os adultos e campeões mundiais juvenis, desta vez a redução dos investimentos na preparação do ciclo obrigou a entidade a fazer uma aposta para o futuro, sobretudo nos Jogos de Paris-2024.
Os dois astros brasileiros na última edição dos Jogos foram Matheus Santana, que na época era dono da sétima melhor marca do ano nos 100m livre na natação, e Marcus D'Almeida, então nono colocado no ranking mundial de tiro com arco.
Desta vez, as principais atrações são atletas com vivência internacional, mas ainda em busca da afirmação, o que é normal para a idade. Bruna Takahashi, de 18 anos, disputou o torneio por equipes do tênis de mesa nos Jogos Olímpicos Rio-2016. As brasileiras caíram na primeira fase.
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"A gana de vencer é igual. Queremos é que eles consigam seus melhores resultados da vida. Não tenho expectativa de previsão de medalhas. Seria injusto com eles" - Sebástian Pereira
Já Luiz Gabriel Oliveira, neto do primeiro medalhista olímpico brasileiro no boxe, Servílio de Oliveira, chega embalado pelo bronze no Mundial Junior, na Hungria, na categoria até 52kg. Aos 17 anos, ele será o porta-bandeira do país na cerimônia de abertura, que acontece neste sábado, às 20h (de Brasília), na Avenida Nove de Julho.
– Não acreditamos em um nível igual (ao de 2014) para 2018, mas sim em bons resultados. Buscamos sempre as melhores marcas. A gana de vencer é igual. Queremos é que eles consigam seus melhores resultados da vida. Não tenho expectativa de previsão de medalhas. Seria injusto com eles – disse o ex-judoca Sebástian Pereira, chefe da missão brasileira em Buenos Aires, ao LANCE!.
Esta será a terceira edição dos Jogos da Juventude, que reúnem competidores entre 15 e 18 anos. Na primeira, em Singapura, o Brasil contou com 81 competidores e faturou seis medalhas, sendo duas de ouro.
Na China, o país teve 97 nomes e levou para casa 13 medalhas, dez delas douradas. Desta vez, haverá 79 jovens na briga, em 24 modalidades.
Astros na Rio-2016, Thiago Braz e Felipe Wu levaram medalhas na primeira edição dos Jogos da Juventude. Ouro na última Olimpíada, atleta do salto com vara ficou com a prata na prova em Singapura, enquanto o vice-campeão olímpico na capital fluminense faturou a prata na pistola de ar 10m.
Competição é teste de modalidades para o COI
Os Jogos Olímpicos da Juventude não são um teste só para os atletas, que buscam dar os primeiros passos em um evento esportivo de grande porte. O Comitê Olímpico Internacional (COI) utiliza o evento para avaliar novas modalidades que, futuramente, podem integrar o programa os Jogos Olímpicos de Verão.
Dentre os 36 esportes em Buenos Aires, estão o basquete 3x3, que fará sua estreia na versão adulta em Tóquio-2020, o kitesurfe, classe da vela que está no programa de Paris-2024, e o ciclismo BMX freestyle, que visa uma aproximação com o público jovem. O futsal participa pela primeira vez de uma competição olímpica e será única a modalidade coletiva em que o Brasil será representado. Escalada, caratê, break dance, ginástica acrobática e handebol de areia também fazem parte do programa, mas não terão brasileiros.
– O COI usa os Jogos como um teste para várias provas, como a natação mista, incluída nos Jogos de Verão de Tóquio-2020, com dois atletas masculinos e duas mulheres. Com isso, eles veem a dinâmica e a mecânica do evento, se vale a pena ou não incluir a prova – diz Sebástian, que .
BATE-BOLA
Sebástian Pereira Chefe de missão
‘Temos uma abertura e cuidado especial com essa faixa etária’
Em comparação com os Jogos de Nanquim, em 2014, como a delegação chega a Buenos Aires?
O investimento feito na delegação de 2014 aproveitou o impacto positivo dos recursos da preparação para os Jogos Rio-2016. Ganhamos o direito de sediar o evento em 2009, e vários de 2010 foram medalhistas em 2016, por conta dessa onda de verbas. Alguns estiveram na Olimpíada e, hoje, se encontram em condições de chegar em 2020 com chances de medalhas.
Quais os pontos de atenção com essa faixa de idade de atletas?
Temos abertura e cuidado especial com essa faixa etária. É importante que eles assumam todas as suas responsabilidades, com a consciência de que representarão o Brasil, para conquistar os melhores resultados das vidas e vivenciar o que significa, na prática, o Movimento Olímpico.
Há atletas em maior evidência. Onde estão as expectativas de melhores resultados nos Jogos?
Temos modalidades com tradição de medalha, como boxe e a natação, que já tem bons atletas, no adulto, como a Rafaela Raurich, que mais ganhou medalhas nos Jogos Sul-Americanos, em Cochamabma (BOL), e o Murilo Sartori, dono de índices melhores do que os de Michael Phelps quando tinha a mesma idade. O judô tem histórico de bons resultados. Tem a Bruna Takahashi, que é titular da Seleção Brasileira adulta de tênis de mesa. São expoentes.
OS JOGOS DA JUVENTUDE
Quem participa
A terceira edição dos Jogos Olímpicos da Juventude reunirá, em Buenos Aires (ARG), aproximadamente 4 mil atletas (2 mil homens e 2 mil mulheres), de 205 países, para a disputa de 36 modalidades e 280 provas.
Exemplos
Muitos atletas que estiveram nos Jogos Olímpicos Rio-2016 passaram pelos Jogos Olímpicos da Juventude, entre eles Thiago Braz (atletismo), Isaquias Queiroz (canoagem velocidade), Felipe Wu (tiro esportivo), Arthur Nory e Flávia Saraiva (ginástica artística) e Hugo Calderano (tênis de mesa), entre outros.
Inovação
Esta edição ficará marcada por um fato inédito: a igualdade de gêneros. Pela primeira vez na história olímpica, os Jogos terão o mesmo número de homens e mulheres. Além das competições esportivas, haverá uma programação de atividades educativas e culturais oferecidas pelo COI aos atletas.
Destaque brasileiro
O atletismo tem a maior equipe entre os 24 esportes do Brasil: 21 (12 homens e nove mulheres).
NÚMEROS DOS JOGOS
121
Integrantes terá a delegação brasileira, entre atletas, técnicos e equipes médicas
33
Atletas da delegação brasileira, em 11 esportes, saíram dos Jogos Escolares da Juventude
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