Na ‘casa’ de Scheidt, Brasil promete fazer barulho no Europeu de Star

Sete brasileiros, entre eles Lars Grael, que se despede das regatas internacionais, começam nesta quarta-feira a disputa do título da competição na comuna de Riva del Garda, na Itália

imagem cameraBrasil contará com sete brasileiros no Campeonato Europeu. Pedro Trouche é destaque (Foto: Gilles Morelle / SSL)
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Lance!
Enviado Especial a Riva del Garda (ITA)*
Dia 14/05/2019
15:17
Atualizado em 15/05/2019
08:00
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Entre os 26 países que disputam a partir desta quarta-feira até domingo o Campeonato Europeu da classe Star, uma das mais prestigiadas da vela, o Brasil promete dar o que falar na comuna italiana de Riva del Garda. Sete atletas do país estarão em ação. Diferentes gerações se conectam e alguns trunfos podem tornar a ocasião ainda mais especial.

O local é praticamente a casa do duas vezes campeão olímpico Robert Scheidt. Após os Jogos de Pequim-2008, ele se mudou para Torbole, a cerca de 5km do palco das regatas, em busca de calmaria quando vivia o auge como velejador.

Robert e sua esposa Gintare Scheidt, prata na Laser Radial na Olimpíada chinesa, criaram os filhos Erik e Luka na Itália, onde os ventos fortes e a água gelada impõem desafios. Embora o foco seja buscar a classificação para Tóquio-2020 na Laser, o atleta aproveitará a ocasião para se manter em alto nível na Star, que não é mais olímpica, ao lado do proeiro Henry Boening, o Maguila.

- Estou bem animado, ainda mais por ser próximo de casa, o que não envolve viagem nem logística. A competição servirá como um cross training para a campanha olímpica. Se por um lado não estarei em cima do Laser, por outro, se faz várias coisas no Star que valem como uma simulação. Além disso, será bom para a preparação física, pois venta forte aqui no Lago di Garda - disse Scheidt, que explicou as vantagens da Star na preparação para a Laser:

- Dá para fazer várias coisas no Star que valem como uma simulação no Laser. Durante as regatas, você está escorando, usando as pernas, fazendo largadas. Taticamente é um exercício bom, pois as classes são parecidas nesse sentido.

Duas vezes medalhista olímpico de bronze e campeão mundial de Star em 2015, Lars Grael fará sua despedida das regatas internacionais na Itália. Aos 55 anos, ele tomou a decisão devido aos custos elevados para financiar suas idas aos campeonatos desde que perdeu o patrocínio da Light. O atleta afirma que seguirá velejando em eventos menores no Brasil. Por isso, a motivação pela disputa na Itália é grande. Ele competirá com Pedro Trouche.

- É um momento especial para mim, por ser minha despedida da Star, e ele será em condições muito difíceis. Faz muito frio e muito vento - disse Lars, que também foi campeão mundial de Snipe, em 1983, com o irmão Torben.

O proeiro é uma das sensações da classe Star. Em dezembro, se sagrou campeão das Finais da Star Sailors League, em Nassau, nas Bahamas, ao lado do campeão mundial de Finn Jorge Zarif, de forma surpreendente. Pedro vinha de uma briga contra a balança e um ano difícil, devido à perda de seu avô. Mas levou toda energia para as águas e está determinado a solidificar sua carreira.

- Eu sinto pressão por estar velejando ao lado de outro campeão mundial, mas o Lars transmite segurança. É muito detalhista e muito técnico. Está sempre com o barco na mão, ciente do que precisa ser feito - falou Trouche, de 27 anos, que nunca disputou um campeonato com o medalhista olímpico.

Outro ponto forte do Brasil é o retrospecto. Prata em Pequim-2008 e bronze em Londres-2012, Bruno Prada permanece ao lado do americano Augie Diaz, com quem faturou o título do Europeu no ano passado, em Flensburg, na Alemanha. Em 2017, Torben Grael e Arthur Lopes ficaram com o título, em San Remo, na Itália.

Arthur, desta vez, correrá com americano Paul Cayard, campeão da Volta ao Mundo e da Louis Vuitton Cup. Tradicional parceiro de Lars, Samuel Gonçalves estará ao lado do holandês Haico de Boer.

O Europeu de Star tem status de Grand Slam da Star Sailors League (SSL), o que elevará a partir deste ano a premiação geral, distribuída entre os dez primeiros colocados, a U$ 100.000,00 (cerca de R$ 400.000,00), além de atribuir 2.500 pontos à dupla campeã no ranking da categoria. Estão inscritas 96 duplas.

* O repórter viaja a convite da Star Sailors League

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