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Chefe de agência russa vê exclusão do país como ‘tragédia’ sem volta

Para Iouri Ganous, 'não há nenhuma hipótese de ganhar a causa diante de um tribunal'

Russia - Doping
imagem cameraRússia ficará fora de competições por quatro anos. Ainda cabe recurso (Foto: Alexander NEMENOV / AFP)
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Lance!
Moscou (RUS)
Dia 09/12/2019
15:54
Atualizado em 09/12/2019
19:08

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Presidente da Agência Antidoping da Rússia (Rusada), Iouri Ganous afirmou nesta segunda-feira que não acredita em vitória dos russos na Corte Arbitral do Esporte (CAS) em seu recurso contra decisão da Agência Mundial Antidoping (Wada) de excluir o país de eventos esportivos por quatro anos.

Segundo ele, o Conselho Fiscal da Rusada decidirá no dia 19 de dezembro se deve recorrer ou não.

– Não há nenhuma hipótese de ganhar diante de um tribunal. É uma tragédia para os esportistas honestos. Eles estão com seus direitos limitados – afirmou Ganous, conhecido pelas críticas às autoridades do país, em entrevista coletiva.

A decisão foi tomada em consequência da falsificação de dados dos controles entregues à entidade. O Comitê Olímpico Internacional (COI) aceitou a punição, devido aos problemas que a nação enfrenta no combate ao uso de substâncias proibidas. A medida vetará a Rússia dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, dos Jogos de Inverno de Pequim-2022 e dos Mundiais de todas as modalidades, o que inclui a Copa do Catar de 2022. A pena, se mantida, terá duração até 2023.

A Rússia tem o prazo de 21 dias para recorrer da decisão da Wada. Enquanto esperam pela decisão final, os presidentes de diversas federações esportivas russas afirmam que estão dispostos a enviar seus atletas aos Jogos de Tóquio.

O COI chegou a excluir a Rússia dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 e de Inverno de Pyeongchang-2018, mas, na ocasião, deixou a cargo das federações nacionais a decisão de executar ou não a suspensão. O atletismo russo não competiu na Olimpíada na capital fluminense.

A entrega de milhares de dados de controle antidoping, armazenados nos servidores do antigo laboratório de Moscou, sob a supervisão do Comitê de Investigação da Rússia, era uma condição imposta pela Wada para retirar, no final de 2018, a suspensão anterior da Rusada.

O órgão antidoping esperava trazer à luz os controles positivos que não tiveram consequências, abrir processos disciplinares contra atletas e encerrar o caso.

Mas especialistas enviados pela Wada descobriram que centenas de resultados suspeitos foram apagados, boa parte entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, pouco antes da entrega dos dados.

– A Rússia teve todas as oportunidades para colocar seus problemas em ordem e se unir novamente à comunidade antidoping mundial, pelo bem de seus atletas e da integridade do esporte, mas optou por manter sua posição de engano e negação – declarou o presidente da Wada, Craig Reedie.

Presidente do Comitê de Revisão de Conformidade da Wada, Jonathan Taylor mostrou confiança de que a exclusão dos russos será confirmada se for encaminhada à corte arbitral:

– Se espero que a decisão do CAS seja diferente da decisão do Comitê Executivo da Wada? Não, não espero.

O Comitê Executivo da Wada anunciou a dura medida após endossar recomendação de seu órgão de conformidade e declarar a Rusada fora dos padrões. Também impôs uma série de sanções para a nação.

A notificação formal será agora enviada à Rusada, alegando não conformidade com o Código Mundial Antidopagem, por não fornecer uma cópia “autêntica” dos dados colhidos no laboratório de Moscou.

Vice-presidente da Wada, Linda Helleland declarou que, embora tenha votado a favor da recomendação do órgão de conformidade, ela preferiria uma proibição geral, que impediria até mesmo os atletas limpos de competirem com a bandeira neutra.

– Infelizmente, na reunião do Comitê Executivo da Wada em Seychelles (em setembro do ano passado), a Rusada ficou em conformidade, mesmo sem ter entregue os dados de seu laboratório. Hoje, nós vemos que a decisão foi errada – disse Helleland.

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