Quem tirou o dia para assistir ciclismo foi premiado com 3 shows.
Primeiro show: Avancini, no MTB
Não existe elogio suficientes para descrever a prova do Henrique Avancini na Copa do Mundo de Mountain Bike. Simplesmente perfeito! Sempre na frente, marcando todas as ações, respondendo a todas movimentações do grande rival, o suíço Nino Schurter. Uma ultrapassagem tática na última volta, se colocando na ponta para o sprint final. Me pareceu que como saiu da trilha em primeiro Avancini tinha começado seu sprint antes do ideal e talvez dando chance para os que estavam na roda, mas foi MUITO superior e até sobrou.
Imagina a adrenalina do brasileiro finalmente ganhando uma etapa da copa do mundo?
Mais importante, 2020 é outro ano que Avancini demonstra evolução constante. Mostrando a perseverança e resiliência desse atleta que deu mais uma demonstração de exemplo para as nossas novas gerações. Que treino pode ser melhor para os nossos juniores GiuGiu e Malacarne do que conviver esses dias com ele? E eles já entregaram resultado terminando respectivamente em 13º e 6º. A continuidade está no caminho certo. Semana que vem tem mais...
Segundo show: Roglic no Liège-Bastogne-Liège
Já na xoxa Liège-Bastogne-Liège, tudo calmo até as últimas três montanhas quando o ritmo realmente aumentou. Mesmo assim foi tudo controlado até a La Roche-aux-Faucons, a rampa de lançamento dos ataques que costumam gerar o grupo ou a solo vencedora (ainda bem, porque deu para assistir na íntegra o Avancini na Copa de Mountain Bike!).
O francês Julian Alaphilippe fez o que sempre faz. Com seu “punch” inigualável quase conseguiu sair solo, mas teve a companhia de Roglic, Hirshi, Kwiatlkpowski e Pogacar. Woods quase conectou. Os cinco trabalharam juntos para que o pelotão não reconectasse e veio para o sprint reduzido. Kwia ficou pelo caminho, mas o Mohoric apareceu do nada num final sensacional. As chances de naquela situação dar Alaphilipe eram enormes já que tem o melhor sprint dos cinco que sobraram. Mas, depois de 6h32min ele comemorou no último segundo antes de cruzar perdendo uma clássica monumento no “jump” do Primoz Roglic. Que virada! Justamente o esloveno que tomou a virada para seu compatriota Tadej Pogacar na última etapa do Tour de France. Para piorar para o Alaphilippe ainda foi “relegado” para a 5ª posição e fora do pódio devido ao esbarrão no Marc Hirshi, que fez ele 'desclipar' no seu sprint.
Terceiro show: Sprint final da etapa 2 do Giro
No Giro a segunda etapa foi morna até a última arrancada até o topo. Ulissi, italiano da Emirates, fez muito parecido com o Purito no final da mesma montanha no Giro 2008 e atacou na “flamme rouge”(o apelido do último km de qualquer etapa) junto com o Honoré. Peter Sagan hesitou e até conectar com os dois e acabou perdendo seu poder de explosão para seu sprint final. Bela e inteligente vitória do Ulissi. Tenho dúvidas se ele vai tão bem em etapas mais longas, mas larga na frente na corrida da camisa de pontos. Entre os favoritos nada de mais a não ser o inesperado abandono do Vlasov. Astana perdeu dois super gregários nas duas primeiras etapas. Péssima notícia para o capitão da equipe, Fulgsang.
Nesta segunda-feira, teremos a primeira chegada ao alto e logo uma montanha de respeito. Etna é o maior vulcão em atividade da Europa, mas antes de chegar lá eles passarão por algumas escaladas, nenhuma categorizada e que raramente passam dos 5% de média. A primeira montanha logo antes da cidade de Nicolisi tem 13km, mas com média de 4%. Contornarão o vulcão e enquanto veremos incríveis imagens passarão por terrenos com mais 2 escaladas não categorizadas até chegar ao lado que esse ano escalarão o vulcão. O Giro costuma usar o Etna, mas raramente por Linguaglossa como nesse ano. Serão 18,8km e média de 6,6% e a última vez que foi utilizado foi em 2011, mas não até o topo como dessa vez. Esse ano tem mais 3km, que também são os mais difíceis. A parte manjada tem média de 7% e a parte nova tem partes mais fáceis e mais difíceis e é nesse trecho que espero que aconteçam ataques. Recentemente as escaladas do Etna por qualquer lado não tem tido muitas disputas. Normalmente acontece no começo do Giro, os favoritos ainda não se arriscam muito, o vento costuma ser um inibidor já que não tem nem uma árvore sequer, mas talvez com esse incentivo da irregularidade do terreno junto com o tempo que muitos favoritos perderam no primeiro contrarrelógio podem incentivar os escaladores a pelo menos testarem a equipe Ineos para ver qual sua real força nas montanhas nesse Giro. Principalmente com o “trem” da equipe Jumbo.
Será um grande teste e torcer para que os favoritos a camisa rosa tenham o mesmo espírito do Pogacar no Tour e não esperem o melhor momento e sim ataquem em qualquer oportunidade que a estrada lhes ofereça.
Final com visuais espetaculares e com boas disputas. Vale a pena ver os últimos 50km.