Quando o cronômetro zerou em Campo Mourão (PR) para selar a vitória do Vasco sobre o time da casa por 87 a 77, na última sexta-feira, resultado que garantiu ao Cruz-Maltino o título da Liga Ouro e o retorno à elite do basquete após 13 anos, uma série de preocupações já entrou na pauta dos organizadores do NBB para 2016/2017.
Uma delas é que o clássico entre o campeão da divisão de acesso e o atual tetracampeão Flamengo pode sacramentar a adoção de jogos com torcida única, como no futebol paulista. A prática entrou em vigor em abril, após uma briga de apoiadores de Palmeiras e Corinthians resultar na morte de um idoso. O tema será discutido para a próxima temporada, que acontece no fim do ano.
– É um clássico de futebol. Já conversamos informalmente sobre torcida única, mas sentaremos com os clubes para analisar o que é melhor. Não está descartado – disse o vice-presidente da Liga Nacional de Basquete (LNB), João Fernando Rossi, ao LANCE!.
– Diante da tradição que os dois clubes têm no basquete, nós tomaremos as medidas de precaução necessárias para garantir a segurança do espetáculo e do entretenimento – completou o dirigente.
A rivalidade é encarada como um prato cheio para a entidade aumentar a visibilidade do torneio, despertar maior interesse de patrocinadores e recuperar a perda de uma camisa de futebol na disputa, depois que o Palmeiras encerrou as atividades por falta de recursos. Ao mesmo tempo, o desafio é atender ao novo público do esporte, que envolve famílias.
– As equipes terão de sentar com a Federação Carioca e a LNB. Queremos casa cheia e grandes torcidas, mas também a segurança das famílias – diz Marcelo Vido, diretor-executivo de esportes olímpicos do Fla.
Vice de quadra e salão do Vasco, Fernando Lima lembra da derrota do clube no Brasileiro de 1999, quando o arremesso de objetos pela torcida no Maracanãzinho provocou punições ao time na final, vencida por Franca. Ele acredita que a cultura das torcidas evoluiu desde então.
– O Campeonato Carioca (em setembro) será um vestibular para o NBB. Este jogo é um barril de pólvora. Espero que seja melhor do que no passado. A última vez que tivemos o clássico foi em 2003, mas acho que antigamente era pior. O público aprendeu com situações passadas – falou o dirigente.
– Eu gostaria que houvesse torcida única. Acho que ainda é cedo, mas, se pudermos trabalhar a ideia no futuro, diria que é algo a se cultivar – completou.
Equipes têm em comum a incerteza no orçamento
O clima entre jogadores, comissões técnicas e dirigentes de Flamengo e Vasco é de festa pelas conquistas do NBB e da Liga Ouro, respectivamente. Mas ambos já iniciaram o planejamento para 2016/2017. Em comum, está a incerteza sobre o orçamento que terão em meio ao cenário atual da economia do Brasil.
No Rubro-Negro, cujo investimento para alcançar o tetra consecutivo esteve na faixa de R$ 7 milhões, os envolvidos admitem que as cifras podem diminuir, mas mantêm o objetivo de brigar pelos títulos.
– O país passa por momento difícil, até com mudança de ministério. Trabalharemos para continuar com um time competitivo. Se o orçamento será o mesmo, não sabemos. Esperamos respostas de nossos parceiros. Caso o valor seja menor, é fazer mais com menos – afirmou Marcelo Vido.
O Cruz-Maltino já obteve a aprovação de R$ 4,5 milhões em incentivos fiscais por Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mas não sabe quanto poderá captar.
– Tenho um plano, que repassarei ao presidente (Eurico Miranda). Mas tudo depende do total que será possível investir – disse Fernando Lima.
José Neto segue no Flamengo
A prioridade da diretoria do Flamengo após a conquista do tetracampeonato consecutivo do NBB foi a manutenção do técnico José Neto para a próxima temporada.
O comandante, que esteve à frente do grupo nas últimas quatro conquistas, além de ter levado o grupo ao título da Copa Intercontinental de 2014, da Liga das Américas de 2014 e dos últimos quatro Cariocas, terá o contrato renovado.
No Vasco, a manutenção de Christiano Pereira é incerta.