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Clodoaldo Silva relembra abertura da Paralimpíada Rio-2016: ‘Vou passar a minha vida inteira tentando falar qual a emoção’

Longe das piscinas, o Tubarão relembra evolução do esporte paralímpico e já planeja futuro no meio esportivo

Clodoaldo Silva - Silva Paralímpica
imagem cameraClodoaldo foi convidado para acender a pira paralimpica um mês e meio antes do envento YASUYOSHI CHIBA / AFP
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 20/01/2017
18:34
Atualizado em 23/01/2017
09:30

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Em seu primeiro contato com uma piscina, nunca passaria na mente de Clodoaldo Silva que, cinco Paralimpíadas e 14 medalhas depois, ele poderia colocar mais um feito histórico em sua biografia, ser o responsável por acender a pira paralímpica da Rio-2016. Hoje, quase cinco meses depois, o Tubarão ainda vê aquele momento como um sonho de criança.

- Naquele sonho bem distante, eu sonhava em acender a pira paralímpica, só que nunca um atleta olímpico ou paralímpico em atividade já havia tido esta honra. Então, eu queria, mas achava impossível. Eu posso te confessar que, até hoje, depois de 5 meses que acabou a Paralimpíada, eu não acredito que fui eu de tão importante e tão lindo que foi.

Um telefonema do presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parson, enquanto Clodoaldo preparava o jantar, foi o responsável por transformar o sonho do veterano em realidade.

- Eu tinha acabado de chegar do treino, eram umas 18h30, eu estava fazendo o jantar na cozinha, sou um cara prendado, quando recebi a ligação do Andrew Parsons e ele me falou que estava me convidando para acender a pira paralímpica. Eu achei até que era brincadeira – contou o medalha de prata na Rio-2016 (4x50 livre).

Sem nem lembrar no jantar, que até hoje não se sabe que queimou ou não, o Tubarão teria um desafio enorme antes da Cerimônia de Abertura, manter o convite em segredo, já que ele, aceitando o convite, teve que assinar um acordo de confidencialidade. A primeira prova de que o comunicativo homem de Natal poderia guardar um enorme segredo viria no mesmo dia, já que seu amigo, Phelipe Rodrigues, atleta que fez o juramento do atleta na Cerimônia de Abertura das Paralimpíadas Rio-2016, estava com ele no naquele histórico fim de tarde.

- O mais difícil era esconder de todo mundo que eu acenderia a pira. O atleta que tem esta honra tem um contrato de confidencialidade, então eu não podia contar para ninguém e, naquele momento, eu estava no apartamento com o Phelipe Rodrigues e eu não podia contar para ele. Eu tive que esconder de todos os meus amigos, familiares e isso foi bem complicado.

Com sua informação guardada à sete chaves, Clodoaldo chegou ao dia sete de setembro de 2016, uma data em que faltaram palavras e sobraram emoções ao maior ganhador de medalhas de ouro em uma edição Paralímpica.

- Eu acho que sou bom com as palavras, mas vou passar a minha vida inteira tentando falar qual a emoção, como é a sensação, e eu não vou conseguir nunca. Foi um momento único.

Contudo, esta não seria a única emoção do Tubarão na Paralimpíada brasileira. Era hora de, pela última vez, Clodoaldo participar de um megaevento esportivo. A olimpíada brasileira seria a sua última apresentação como atleta profissional e, assim como a medalha de prata que conquistou no 4x50m livre, foi algo memorável e valioso.

- Para mim foi único. Nem em sonho eu imaginaria que as Paralimpíadas do Rio de Janeiro seriam tão boas. Superou as minhas expectativas em questão de organização, estrutura, mas, principalmente, do público. Eu sabia que iriam ter pessoas acompanhando, gritando, mas eu não imaginava que em todos os dias e em todas as modalidades o Parque Olímpico fosse estar lotado. Sempre que eu entrava no Parque Aquático para torcer pelos meus amigos, a torcida parecia que ia cair, gritando o meu nome, me aplaudindo, quando eu ia competir então, eu me sentia jogador de futebol.

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'Em 2004, começamos a pensar o que o Clodoaldo poderia fazer quando se aposentar. Eu comecei a dar palestras e participar de projetos sociais'

Claro que o atleta que vivenciou o crescimento do esporte paralímpico brasileiro não poderia ter qualquer despedida. Em seu último dia, além do abraço da filha Anitta, o Tubarão ganhou o mascote paralímpico que tem quase a sua altura, autografado por todos os membros do time de natação brasileiro.

- O último dia eu tive uma despedida dos meus amigos e da torcida brasileira é outro momento que eu não vou conseguir explicar, só estando alí, e eu pude estar, após quatro paralimpíadas. Nenhuma se compara aos Jogos aqui do Rio de Janeiro.

A filhinha de Clodoaldo foi um dos motivos que o levou a se aposentar após a Rio-2016, e não em Londres-2012. O nadador conta que sofreu uma grande pressão para continuar no alto rendimento.

- Em 2012, pelo nascimento da minha filha, pela insistência e eu até estava sofrendo ameaças de morte, eu resolvi continuar até 2016 – afirmou o ganhador de seis medalhas em Atenas-2004.

Hoje, morando no Rio de Janeiro e longe da rotina de treinos e competições, o Tubarão se dedica a palestras e sonha em se tornar jornalista esportivo.

- Em 2013, eu comecei a participar de um projeto para a televisão e o rádio. Quero investir nesta carreira, fazer a faculdade de comunicação social e me tornar jornalista esportivo, além das palestras e dos projetos sociais.

BATE-BOLA

L!: O que faltou na Rio-2016?

R: O que eu tenho de me queixar é relativo aos meios de comunicação, onde houve uma diferenciação doa Jogos Olímpicos para os Paralímpicos. Houve muita visibilidade, houve muita dedicação da imprensa, mas nas Olimpíadas houve muito mais. Então a grande pergunta é: Por quê nas Olimpíadas tem mais e nas Paralimpíadas tem menos? Sendo que a torcida compareceu muito mais nas Paralimpíadas do quê nas Olimpíadas. Então eu acho que também deveria ter esta igualdade questão da imprensa.

L!: Como era o esporte paralímpico quando você começou?

R: De 1998, quando eu comecei a competir, até 2002 eu e todos os atletas aqui do Rio Grande do Norte, para gente conseguir viajar tanto nacional quanto internacionalmente, tínhamos que pedir moedas no farol, para conseguir uma ajuda de custo. Depois dali, começou a ter uma evolução do esporte paralímpico, começou a ter divulgação. Atenas-2004 foi o divisor de águas do esporte paralímpico.

L!: Por quê Atenas-2004 foi um divisor de águas?

R: Eu sempre falo que o esporte paralímpico existiu antes e depois de Atenas-2004. Em 2004, os meios de comunicação começaram a divulgar o esporte paralímpico, através de uma estratégia de marketing do Comitê Paralímpico Brasileiro que levou profissionais em todos os Estados que tem o esporte paralímpico forte a custo zero. Além disso, o canal SporTV começou a passar ao vivo ao provas. Então, pela primeira vez, o esporte paralímpico passou a ser visto pela sociedade. Antes eles só ouviam falar, a partir de 2004, eles puderam ver e viram que não são coitadinhos, não são pessoas com deficiência que querem passar férias em um local onde tiveram Olimpíadas.

L!: Você já foi vítima de preconceito?

R: No esporte eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito. Nunca houve preconceito dos atletas olímpicos, seja na natação ou em outras modalidades. Sempre recebi admiração, um respeito gigantesco.

L!: Por quê a escolha pelo jornalismo esportivo?

R: A Paralimpíada teve divulgação da imprensa, mas não foi igual à das Olimpíadas, então eu acredito que a única pessoa que pode fazer isso é uma pessoa do meio. O Clodoaldo Silva, por toda a sua história e por ser comunicativo, quer seguir esta carreira.

Quem é?

Nome: Clodoaldo Francisco da Silva Correa
Data de nascimento: 1º de fevereiro de 1979 - Natal, Rio Grande do Norte
Idade: 37 anos
Altura: 1,75m
Peso: 64kg

Uma carreira brilhante

Medalhas olímpicas: Sydnei-2000: prata - 100m livre S4, 4x50m livre, 4x50m medley; bronze - 50m livre S4
Atenas-2004: ouro - 50m livre S4, 100m livre S4, 200m livre S4, 50m borboleta S4, 15m medley SM4, 4x50m medley; prata 4x50m livre
Pequim-2008: prata - 4x50m medley; bronze- 4x50m livre
Rio-2016: prata: 4x50 livre

Parapan-Americanos: cinco medalhas em 2003 (Mar del Plata), oito em 2007 (Rio de Janeiro) e seis em 2011 (Guadalajara).

Mundiais: Nos três Campeonatos Mundiais que disputou, totaliza nove medalhas.

Homenagens: Título de embaixador do Pan e do Parapan-americano de 2007, concedido pelo Sistema Firjan e escolha pela Soberana Ordem do Mérito do Empreendedor Juscelino Kubitschek como personalidade esportiva de 2006.

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