Coluna do Bichara: A temporada da Fórmula 1 finalmente animou

GP do Canadá teve surpresas, mas no final a sorte sorriu para a Red Bull novamente

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Lando Norris vive disputa acirrada com Charles Leclerc pela segunda posição na classificação da F1 (Foto: AFP)

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A Fórmula 1 chegou mais uma vez a Montreal aquecida dentro e fora das pistas. Se no ano passado, pela primeira vez, não houve mudança alguma no mercado de pilotos e equipes, a "sillly season" de 2024 começou cedo. Depois do bombástico anúncio de que o multicampeão Lewis Hamilton está de mudança para a Ferrari, a Scuderia segue protagonizando a conversa de bastidor, com a aparente confirmação da contratação de Adrian Newey, o que promete um verdadeiro "time dos sonhos" para o próximo ano. O mago das pranchetas viria pela bagatela de 105 milhões de euros (R$610 milhões) por 3 temporadas – além de uma comissão de 5 milhões de euros (R$29 milhões) para seu manager, o bom e velho Eddie Jordan.

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A cifra impressiona, e demonstra como o time de Maranello está disposto a investir para reviver a época áurea do quarteto fantástico Michael Schumacher/Jean Todt/Ross Brow/ Lucca di Montezemolo (se bem que esse não fazia muita coisa, ficava ali que nem São Jorge em salão de sinuca). É compreensível: ao contrário da Red Bull, a performance de pista afeta diretamente a venda de carros e o valor de mercado da Companhia – não esqueçamos que a Ferrari é, desde o ano passado, listada em bolsa. Como noticiamos aqui na coluna, as ações da empresa dispararam 9%  com o anúncio da contratação de Hamilton, e provavelmente isso vai se repetir quando Newey for formalizado. O mercado antecipa tudo, até na F1.

Já na Red Bull as notícias são decepcionantes: o claudicante Sergio Pérez renovou seu contrato por mais dois anos, apesar da incrível soma de fracassos. Falou mais alto o poderio econômico de seu patrocínio (que, segundo a rádio paddock, é  em boa medida utilizado para pagar o salário de Max Verstappen). Então apesar de seus costumeiros vexames, ainda teremos que aturá-lo – mais na qualidade de financiador subsidiário do holandês do que na de contendor.

Já o tão consistente como rápido Carlos Sainz segue desempregado por enquanto. O espanhol é cortejado pela Williams e pela Audi - embora essa última tenha a desvantagem de que no ano vem ainda será a fraca Sauber. Mas para não perder um ano, Sainz deve fechar com o time inglês. Além disso, quem também está de olho nessa vaga é o Valteri Bottas (que, aqui entre nós, já deu o que tinha que dar...). O veterano Nico Hulkemberg, por sua vez, topou o pedágio e fechou com a Sauber para o ano que vem. Na Alpine, após a treta de Mônaco, Esteban Ocon foi promovido para o mercado, deixando um cockpit vago no time francês.

As novidades que geram expectativa não se limitam a 2025. Foram divulgadas também as modificações para 2026, que, espera-se, vão sacudir a categoria. Muita coisa vai mudar. O DRS, por exemplo, será banido (Aleluia!!), mas haverá um "manual Overdrive mode" para facilitar as ultrapassagens; os pneus serão mais estreitos, assim como a asa dianteira; o efeito solo será drasticamente reduzido e as aletas dianteiras serão modificadas. Os carros serão 30kg mais leves e 20cm menores e mais estreitos. Enfim, muitas mexidas na aerodinâmica, visando reduzir as turbulências e facilitar as ultrapassagens. Realmente isso é necessário. Na corrida da Indy 500 disputada no mesmo final de semana de Monaco, houve 649 ultrapassagens. Em Monte Carlo, apenas duas...

Max Verstappen
Max Verstappen é o líder da Fórmula 1 na atual temporada (Foto: Chris Graythen / AFP)

Mas do Canadá não podemos nos queixar: a prova foi animada. Na classificação quem decepcionou foram as Ferrari, que não passaram do Q2, mostrando a irregularidade da equipe, que vinha de vitória. Adivinhe, estimado leitor, quem mais deu vexame? Se acertar ganha uma passagem só se ida para Guadalajara... Pérez, claro. Pela 3ª vez consecutiva, ficou no Q1. Sei que tenho sido repetitivo como o Bolero de Ravel, mas a situação do mexicano é constrangedora. Pilota um carro que é muito superior aos demais, e não obstante é apenas o 5º no campeonato.

No domingo da prova, para alegria geral, chuva. Todos largando de pneus intermediários, menos as Haas, que foram de pneus para pista molhada. A aposta pagou dividendos: vindo lá de trás, Kevin Magnussen já era o 4º na 4ª volta. Enquanto isso, Russell manteve a ponta, mas acabou escorregando ao se defender do preciso ataque de Norris, que já tinha ultrapassado Verstappen. O inglês acabou perdendo ambas as posições.

Com a pista secando e o trilho formado, as McLaren vinham muito bem. Lando Norris liderava com mais de 10 segundos de vantagem, quando Logan Sargeant bateu. O Safety Car acabou com a frente que o inglês havia aberto. Todo mundo foi para o box imediatamente, mas Norris ficou na pista - não sei se a McLaren errou ou se não deu tempo de ele parar logo. O fato é que após a troca de pneus ele voltou em 3º, com a prova comprometida. Verstappen, para além de gênio, é sempre cativo dos ventos da sorte...

Max Verstappen, George Russell e Lando Norris
Max Verstappen, da Red Bull, George Russell, da Mercedes e Lando Norris, da McLaren, formaram o pódio do GP do Canadá. (Foto: Shawn Thew / AFP)

Mais para o final da prova ainda houve um segundo Safety Car, e a Mercedes aproveitou para colocar pneus novos em seus carros, que foram para cima das Mclaren. Russell parecia que ameaçaria os ponteiros Verstappen e Norris, mas errou outra uma vez, saindo da pista – chegou a ser ultrapassado por Hamilton, mas depois deu o troco.

Com isso, Verstappen venceu, seguido por Norris e Russell, que conseguiu seu 1º pódio no ano. Norris, embora tenha perdido a prova num golpe de sorte, está com 131 pontos no campeonato, e se aproxima de Leclerc (138) na disputa pelo 2° lugar. Enquanto isso, Verstappen segue tranquilo com 194 pontos. A má notícia para quem estava feliz com a fase competitiva de Ferrari e McLaren é que as próximas provas, em tese, são em circuitos que favorecem a ampla superioridade aerodinâmica das Red Bull. Ao menos enquanto Newey estiver por lá.

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