Com chegada do swell em Itacoatiara, primeira janela do campeonato Big Wave atinge séries entre seis e sete metros

Surfistas consagrados mundialmente e que concorrem ao Oscar de ondas grandes entraram no mar em condições adversas com ajuda de jet ski

imagem cameraTony D'Andrea
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Lance!
Niterói (RJ)
Dia 14/06/2022
12:18
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A primeira janela do Itacoatiara Big Wave (IBW), que começou hoje (13) oficialmente, surpreendeu até mesmo os organizadores do campeonato. Com ondas que alcançaram séries de seis a sete metros e ventos muito fortes, os atletas tiverem que entrar no mar de jet ski pela Praia de Itaipu para conseguirem descer nas remadas. Nomes como Gabriel Sampaio, Felipe Cesarano, Kalani Latanzi Gutemberg Goulart, entre outras feras, encararam a potência das ondas consideradas pelos organizadores como as mais difíceis já surfadas em Itacoatiara.

“Os atletas começaram a entrar na água por volta das 7 horas, quando o mar já batia com muita força. Mais tarde a situação piorou e ficou muito  ruim para os atletas entrarem, então tivemos que montar toda uma logística  para colocar os atletas em segurança no mar, levando os surfistas por Itaipu de jet ski, contornando a pedra até chegar ao Costão, o que demorava, em média,  cerca de 40 minuto. Com todas as dificuldades, o IBW teve um início histórico", explicou o idealizador da prova, o presidente da Associação de Surf de Ondas Grandes e Tow In de Niterói, Alexey Wanick, que comemora as condições oferecidas por Itacoatiara para a prática desse tipo de esporte.


Alexey explicou, ainda, que a organização optou por fazer o translado dos atletas de jet ski quando perceberam que Kalani Latanzi, um experiente surfista, estava com dificuldades de entrar na água. Por questão de segurança, os atletas foram deixados num local onde se surfa com segurança. Para ele, o balanço do primeiro dia foi muito positivo, pois a primeira chamada aconteceu no maior swel do ano, em condições extremas para a prática do surfe. Outra ponderação é que mesmo a sessão sendo em condições difíceis, terminou com todos os atletas em segurança e sem nenhum acidente.

Ele explicou que, em função das características do mar, Itacoatiara possibilita tanto o surfe na remada na praia quanto o tow in na Laje do Shock. "Foi pensando nessas características que desenvolvemos o IBW 2022, 1ª competição simultânea no Brasil de surfe de remada e tow in, contribuindo para consolidar Niterói como referência brasileira no surfe de ondas grandes.

 No primeiro dia do IBW/2022, o niteroiense Gabriel Sampaio entrou três vezes no mar e conseguiu surfar uma onda de cerca de seis metros.


“Surfar em Itacoatiara é sempre um grande desafio e, hoje, o mar estava bem grande e com a energia muito potente. O vento virou e a previsão se confirmou, então. Consegui pegar três ondas muito boas e estou muito feliz com esse início do campeonato,” disse o surfista .


A competição é aberta a qualquer surfista que, para se inscrever, deve enviar vídeos das ondas surfadas para a organização do evento. Após o encerramento da janela, previsto para 31 de agosto, as ondas serão julgadas por uma comissão de arbitragem profissional, utilizando os critérios da Liga Mundial para o surfe de ondas grandes. Serão, no total, até quatro chamadas para as sessões de surfe válidas para competição. O evento terá cobertura no Instagram no perfil @itacoatiarabigwave e também no portal Waves (www.waves.com.br). Surfistas da elite do surfe de ondas grandes estão disputando a premiação de R$ 100 mil, em janela que vai até 31 de agosto.

As imagens da atleta Michaela Fregonese descendo na onda ainda serão avaliadas, mas, ao que tudo indica, ela conseguiu nesta primeira bateria descer a maior onda já surfada por uma atleta feminina em Itacoatiara.


“Encaramos ondas de cerca de 15 a 20 pés de parede, o equivalente de seis a oito metros. Cheguei a passar mal e a pensar em desistir, mas resisti. Hoje foi o mar mais extremo que já surfei na vida", afirmou a surfista veterana.

Kalani Latanzi confirmou que as correntes estavam fortes, mas disse que conseguiu se superar.

“Peguei duas ondas, não tenho ideia do tamanho, mas de 4 a 5 metros, com certeza. Tentei mais cedo entrar pela pedra, caí, rasguei a roupa de borracha e desisti de entrar por ali.  As correntes estavam muito fortes, mas graças a Deus, não quebrei a prancha. Saí do mar com onda surfada e alguns arranhões. Itacoatiara tem as ondas mais pesadas do mundo e, hoje, surfei a maior de todas já surfadas nessa praia. A organização é formada por uma equipe classe A e, especialmente com o mar nessas condições, se superaram, estão de parabéns.” afirmou o surfista.

Segundo os organizadores do IBW, as chamadas serão feitas com base na análise da previsão das grandes ondulações (swells). Na Praia de Itacoatiara, as chamadas são para surfe na remada e, na Laje do Shock (atrás da Pedra do Pampo Club), para o tow in. As chamadas (calls) dependem da previsão das ondas e ventos em cada um desses locais. Os sinais amarelos são emitidos com antecedência entre 5 e 7 dias e indicam a possibilidade de realização das sessões. Caso as previsões indiquem boas chances da ocorrência de grandes swells, com antecedência entre 48 e 72h são emitidos os sinais verdes. O IBW premia, além de surfistas, cinegrafistas e pilotos de jet ski que atuam no reboque de atletas.


O Secretário Municipal de Esportes e Lazer, Luiz Carlos Gallo, relembra que Niterói cada dia mais se reafirma como celeiro de atletas de qualidade em diversas modalidades, entre elas, o surfe.

"Niterói é um celeiro de atletas e tem a tradição de sediar diversos eventos esportivos. É uma cidade que respira esporte. Pesquisei para entender como funcionava esse tipo de esporte para adaptá-lo para nossas praias e dar apoio na organização dos torneios de ondas gigantes na cidade. E, mais uma vez, com certeza, teremos a presença de atletas consagrados mundialmente disputando provas de surfe em Itacoatiara”, afirma Gallo.

Memória Big Wave 2021

O carioca Pedro Calado sagrou-se campeão do Itacoatiara Big Wave 2021, descendo a onda que foi considerada, na época, a maior já surfada em Itacoatiara, de quase seis metros. O atleta de Saquarema, Lucas Chumbo, ficou em 2º lugar em uma disputa acirrada nas três janelas abertas durante o campeonato. No inédito formato digital, a competição, que foi realizada entre julho e setembro, os atletas surfaram grandes ondulações e as ondas foram registradas em vídeo e enviadas para serem julgadas por um comitê técnico especializado. O atleta de Niterói Gabriel Sampaio também foi destaque no campeonato, terminando em 3º lugar. A competição teve, ainda, como destaque a carioca Michelle des Bouillons.

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