Com estreia em Tóquio-2020, Douglas Brose já vive clima olímpico
O carateca bicampeão mundial explica que este ano será crucial para lutar por uma vaga na primeira Olimpíada da modalidade
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Com 31 anos, Douglas Brose já é um nome consagrado no caratê brasileiro. O natural de Cruz Alta (RS) já tem no currículo o bicampeonato mundial, o ouro no Pan de Toronto-2015 e o título dos Jogos Mundiais. Apesar da carreira recheada de conquistas, o carateca se prepara para, quem sabe, adicionar mais um item à lista: uma medalha olímpica.
Após a inclusão do caratê no programa da próxima edição dos Jogos Olímpicos, em Tóquio - ao lado de surfe, skate, basebol/softbol e escalada - Brose já começou a preparar o corpo para conseguir lutar por uma vaga em na capital japonesa, mesmo local onde ganhou sua primeira medalha em mundiais, um bronze em 2008.
- Em agosto de 2016, eu comecei a fazer um planejamento de um ano e meio para chegar bem em janeiro de 2018. As Olimpíadas acontecem realmente em três anos, mas as classificatórias iniciam ano que vem - conta o gaúcho, que completa:
- Nada adianta a gente pensar em Tóquio se não estiver posicionado no ranking mundial para conseguir a vaga. Os Jogos para mim já começaram, e vão começar fisicamente em janeiro de 2018, quando já terão as primeiras bases de ranqueamento e classificação.
A partir do ano que vem, o ranking mundial de caratê será o responsável por garantir alguns atletas nos Jogos Olímpicos. Envolvido no processo de inclusão do caratê em Tóquio-2020, Douglas explica como será o processo de classificação dos atletas. Vale ressaltar que apenas o kumitê (luta) foi incluso no programa olímpico.
- A proposta inicial que nós temos é que serão dois anos de ranqueamento (2018 e 2019). As competições que farão parte serão as etapas da Liga Mundial. Ao todo, nós teremos seis vagas que serão decididas via ranking mundial, as outras três serão via uma competição classificatória que eles vão fazer em março de 2020 e a outra vai para o país-sede - relata.
No ranqueamento, contarão pontos todas as etapas da Liga Mundial de 2018 e 2019, os campeonatos continentais e o Campeonato Mundial de Lima-2018. O medalhista de ouro no Pan de Toronto-2015 explica, porém, que alguns detalhes ainda serão ajustados, ainda mais porque grande parte das etapas são disputadas no continente europeu.
- Nós estamos acertando alguns detalhes porque, como o nosso continente está muito longe da Europa e todas as competições são praticamente feitas lá, estou tentando fazer de uma forma que fique bom também para para nós. Lógico, o pessoal da comissão que é da Europa tenta proteger o continente europeu e eu, como sou do continente americano, tento fazer de uma forma que fique justa para nós, tendo em vista que uma viagem para a Europa hoje nos custa semanas. A gente tem que viajar com uma semana de antecedência, só de viagem são quase 24 horas,eu estou tentando fazer de uma forma que fique bom para que as chances sejam iguais para todos.
Na Seleção Brasileira desde os 14 anos, Douglas ressalta a importância de conseguir um bom posicionamento nesta temporada já que, devido ao grande número de inscritos nas competições após a modalidade ter se tornado olímpica, as organizações dos eventos devem limitar as inscrições em 64 atletas.
- Este ano, para você participar das etapas da Liga Mundial, basta você se inscrever. Ano que vem, provavelmente eles vão limitar a participação a 64 atletas e, consequentemente, eles vão usar o ranqueamento deste ano para ver quem são os caratecas que vão disputar. Atletas que não tenham uma boa pontuação no ranking mundial deste ano, talvez não consigam nem dentro destes 64 para disputar pontos para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Então é bem importante, além de 2018 e 2019, este ano de 2017 os atletas tenham um bom posicionamento no ranking mundial - afirma pentacampeão pan-americano de caratê, que complementa:
- As competições que tinham entre 70 e 80 competidores por categoria, começaram a ter 120, 130 e isso começou a dificultar a logística dos organizadores. Então eles, provavelmente, devam limitar ano que vem e, uma vez que você limita, eles vão pegar os resultados do ranking mundial, por isso a importância de estar bem colocado.
Sobre as chances dos brasileiros na luta por vagas na capital japonesa, Brose vê uma árdua disputa e uma vida complicada aos compatriotas que não conseguem disputar todas as competições que somarão pontos no ranking mundial.
- Se as Olimpíadas fossem hoje, teríamos eu e a Valéria Kumizaki com a vaga garantida. O ranking começa a valer a partir de 2018, mas se nós conseguirmos manter estes resultados, conseguimos a classificação. Hoje o ranking mundial está muito bem disputado e poucos atletas do Brasil, às vezes por falta de incentivo, não conseguem disputar todas as etapa da Liga Mundial o que, ano que vem vai ser um problema, porque se a gente não disputar, não tem como conseguir pontos e consequentemente, não tem como se classificar para os Jogos Olímpicos - advertiu.
Nesta temporada, Douglas Brose conquistou o US Open, disputado em Las Vegas e o pentacampeonato do Pan-Americano de Caratê, ambos na categoria até 60kg.
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