Como a onda de calor extremo afeta o esporte no Brasil
Saúde de atletas e torcedores passa a correr risco com as altas temperaturas
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A onda de calor extremo que assola o Brasil tem comprometido diretamente a prática do esporte no país, colocando em risco a segurança de atletas, torcedores e profissionais envolvidos em eventos esportivos. As altas temperaturas, que ultrapassam os 40°C em diversos estados, impactam o desempenho dos jogadores e a qualidade das competições, exigindo adaptações urgentes para mitigar seus efeitos.
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— No futebol, o calor excessivo aumenta a desidratação, reduz a capacidade de resistência dos jogadores e pode elevar o risco de problemas cardíacos. A necessidade de pausas técnicas para hidratação e o desgaste dos atletas afetam diretamente a qualidade do jogo — falou ao Lance! Ricardo Calçado, diretor do Terra FC, projeto que promove a conscientização sobre a relação entre futebol e sustentabilidade, buscando minimizar os impactos das mudanças climáticas no esporte.
O risco não fica restrito a quem entra em campo. Os torcedores também sofrem com as temperaturas elevadas, especialmente em estádios sem cobertura ou ventilação adequada. A exposição prolongada ao calor intenso pode causar insolação, desmaios e outros problemas de saúde, demandando maior assistência médica durante os eventos esportivos.
Conforme o estudo "O Maior Adversário do Futebol", encomendado pelo Terra Futebol Clube à Environmental Resources Management (ERM), 85% dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro enfrentam alto risco de impactos climáticos severos nos próximos 10 anos, incluindo queimadas, enchentes e calor extremo. O impacto financeiro desses eventos climáticos já ultrapassa R$ 100 milhões para alguns clubes, afetando diretamente a estrutura dos campeonatos e a rotina dos times.
A ciência explica que o aumento das temperaturas globais está relacionado às mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. A emissão excessiva de gases de efeito estufa intensifica o efeito estufa natural da Terra, elevando a temperatura média do planeta e tornando eventos climáticos extremos, como ondas de calor, cada vez mais frequentes e intensos.
Calor na maioria do Brasil
O Brasil enfrenta sua terceira onda de calor do ano, com estados como São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul sob alerta de temperaturas extremas.
O estado de São Paulo está sob alerta da Defesa Civil para altas temperaturas até quarta-feira (19), com previsão de máximas atingindo 38°C em algumas regiões.
No Rio de Janeiro, a prefeitura emitiu um alerta para dias de calor extremo, com temperaturas chegando a 42°C e mínimas de 22°C na terça-feira (18). Entre quarta-feira (19) e quinta-feira (20), as máximas podem atingir 39°C, enquanto as mínimas ficarão em torno de 20°C.
Além do futebol, outros esportes praticados ao ar livre, como atletismo, ciclismo e triatlo, são severamente afetados pelo calor extremo. Essas modalidades exigem alto desempenho físico e exposição prolongada ao calor, aumentando a possibilidade de colapsos físicos e complicações médicas. Até mesmo esportes aquáticos sofrem com essas mudanças, pois o aumento da temperatura da água pode comprometer a qualidade e segurança das competições.
— Eventos esportivos já enfrentam desafios devido ao calor extremo, resultando no adiamento ou cancelamento de jogos e em prejuízos financeiros significativos. Além disso, os organizadores precisam investir em infraestrutura para garantir o conforto e a segurança de atletas e espectadores, como sistemas de climatização, pausas técnicas e mudanças nos horários das partidas. Essas medidas geram custos adicionais sem garantia de retorno financeiro imediato — explicou o diretor do Terra FC, Marcos Vinicios Botelho.
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A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e o Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (SAFERJ) têm se mobilizado para buscar soluções. A Ferj estuda alterar os horários dos jogos do Campeonato Carioca devido ao calor intenso, enquanto o SAFERJ alerta que as condições climáticas atuais tornam a prática do futebol insalubre, contrariando leis trabalhistas. O sindicato solicitou à Ferj e à emissora detentora dos direitos de transmissão que reavaliem os horários das partidas para preservar a saúde dos jogadores.
— Para enfrentar esse desafio, é necessário adotar medidas que minimizem os impactos do calor extremo no esporte. Isso inclui a readequação dos calendários esportivos, a realização de partidas em horários mais amenos e o uso de tecnologias para resfriamento dos ambientes esportivos. O Terra FC desempenha um papel fundamental ao promover a conscientização sobre a relação entre futebol e sustentabilidade, mobilizando a comunidade esportiva para reduzir as emissões de carbono e adotar práticas mais sustentáveis — analisou Ricardo Calçado, do Terra FC.
Diante desse cenário, torna-se evidente a necessidade de ações concretas para garantir o futuro do esporte e a segurança de todos os envolvidos. O futebol, como principal modalidade esportiva do país, tem o potencial de liderar essa transformação.
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