‘Como vice, eu não conseguia opinar na gestão’ , diz novo chefe da CBDA
Reconhecido pela Fina, Luiz Fernando Coelho tenta desvincular imagem do ex-aliado Miguel Cagnoni, destituído após aumentar dívidas. Ele promete fazer entidade voltar a 'raciocinar' <br>
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Em meio à maior crise de sua história, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) tenta dar um pequeno passo para sair do buraco, com o reconhecimento do policial militar Luiz Fernando Coelho à presidência pela Federação Internacional de Natação (Fina).
Ex-vice de Miguel Cagnoni, destituído em setembro em Assembleia Geral Extraordinária por decisão unânime de dez federações e a da Comissão de Atletas, por agravar os problemas financeiros, Luiz quer se desvincular do ex-aliado. E diz que mostrará a diferença de modelos de gestão com ações. Ele reclama do fato de não ter sido ouvido pelo ex-presidente.
A dívida da CBDA com o Comitê Olímpico do Brasil (COB) por falhas nas prestações de contas dos recursos da Lei Agnelo/Piva está na casa dos R$ 10 milhões. A maior parte foi acumulada na gestão de Coaracy Nunes. O montante pendente aumenta se considerados outros credores.
– A CBDA está devendo? Sim. Reconhecemos e vamos buscar uma solução. Temos o apoio de nove pessoas voluntárias, que colocam o dinheiro do seus próprios trabalhos aqui dentro. Temos o COB e a Fina acreditando. Só nos resta trabalhar – disse Coelho, ao LANCE!.
A Fina só tornou público o reconhecimento da nova diretoria na noite da última quinta-feira. Mas a CBDA não esperou a anúncio e cancelou as eleições marcadas para 29 de novembro. Não seria mais correto esperar o anúncio oficial?
Desde a Assembleia Geral de setembro, nós temos feito reuniões com a diretoria, que agora conta com o Renato Cordani, e fizemos várias tratativas em relação a tudo o que está acontecendo. Anotamos os objetivos, para aquele pontapé inicial a partir do momento em que acontecesse o reconhecimento de nossa administração pela Fina. Sabíamos que havia um fundo positivo. A partir do momento em que a Fina manda um observador (o paraguaio Juan Carlos Orihuela) e a Assembleia acontece dentro do estatuto, não há problema evidente. Foi uma antecipação, sobre algo que já estava previsto, e casou com o reconhecimento. Na semana anterior, a Fina já tinha mandado documento um formulário para preenchermos. Isso já corroborava com o que esperávamos.
O Conselho de Ética do COB havia recomendado novas eleições, diante do caos político e financeiro na entidade. Uma vez que a sugestão não foi acatada, como ficou a relação entre o órgão e a CBDA?
Recebi uma ligação do presidente do COB, Paulo Wanderley, e já estive com ele. Nos deixou bem à vontade com relação ao nossos departamentos jurídicos para sanarmos tudo o que for preciso, dentro da legalidade, para desatarmos o que nos pertence pela Lei Agnelo/Piva, até porque todas as ações têm sido executadas pelo COB. Por falhas nas prestações de contas de gestões passadas, o dinheiro travou, e a manutenção da confederação ficou presa. Mas todas as ações internacionais são feitas pelo COB.
Qual foi o momento decisivo para o rompimento do senhor com o Miguel?
A gota d'água veio desde dezembro do ano passado, quando vimos que a administração estava acéfala. Não raciocinava, principalmente na forma como estavam sendo fechados os contratos. E as dívidas aumentaram consideravelmente. Não foi dada a chance para ninguém dar ideias. É isto que pretendo mudar.
O discurso é muito parecido com o do Miguel, quando ele assumiu, com o senhor como vice. Como a comunidade aquática pode esperar que os mesmos atos não se repitam?
Cada um tem de falar por si, independentemente de termos formado uma chapa. Como vice, eu não consegui opinar na questão de gestão. A saída do Miguel aconteceu meramente por questões administrativas. As federações perceberam que a coisa estava afundando. Eu não levantei bandeira. Por questões estatutárias, fui consultado e vi que tinha a capacidade de colocar meu modo de gerir na confederação. Estou honrando o que as federações me pediram. Falar é muito bonito. Eu vou responder a essas perguntas em ações.
Quais serão as ações a que o senhor se refere?
Espero que daqui a seis meses, tenhamos sanado a CBDA, para que ela esteja pronta para receber patrocínios, sem deixar respingar nos atletas e na preparação. O planejamento está pronto. Eles terão de se preocupar apenas em competir. A CBDA está devendo? Sim, reconhecemos e vamos trabalhar para uma solução. O apoio que temos é de nove pessoas voluntárias, que colocam o dinheiro do seus próprios trabalhos aqui dentro. Temos o COB e a Fina acreditando. Só nos resta trabalhar.
E uma vez que a diretoria consiga sanar a questão financeira, o que o senhor projeta para o futuro dos esportes aquáticos?
Queremos trabalhar em conjunto com o COB. Se resgatamos a credibilidade, atraímos parceiros, empregamos situações positivas para atletas, clubes, e federações. Abrangemos o Brasil e dependemos deles. Tudo o que pudermos fazer dentro desse ciclo, faremos. E pretendemos tornar maior a divulgação a cada ano. É bom para todo mundo. Além disso, incentivar escolinhas, aumentar o número de atletas em clubes e professores. É uma reação em cadeia.
O senhor não acredita que a dependência em relação ao COB seja um problema? Não é melhor que a CBDA caminhe com as próprias pernas, pensando em renovação, já que o foco do COB é o alto rendimento?
São situações distintas. A CBDA e o COB são parceiros. O COB é parceiro fundamental para todas as ações internacionais o que não queremos que deixe de existir. Isso é necessário para que a CBDA sobreviva. Se ela deixar de fazer essas tratativas e gerenciar a Lei Piva, não conseguimos sobreviver. Mas andamos juntos e não como duas confederações. Eles focam no alto rendimento e nós estamos de mãos dadas.
O senhor está na expectativa pela solução de uma dívida de quase R$ 2 milhões da CBDA com os Correios. Como estão essas conversas?
O Ricardo Barbosa, presidente da Federação de Esportes Aquáticos da Paraíba (FEAP) graças à sua influência como deputado estadual, conseguiu uma reunião com o presidente dos Correios, o que foi positivo e estamos nas tratativas em relação aquele multa, de quase R$ 2 milhões. Está em nível jurídico, e temos esperança que isso seja resolvido a favor do nosso lado. Os Correios foram parceiros e acredito que tenhamos uma solução ainda este ano. Toda a documentação já foi emitida. Está na parte de análise.
Teme uma movimentação da oposição na Justiça, já que as eleições foram canceladas?
Podem articular quantas chapas quiserem, mas em 2021. Se quiserem contestar, só irão tumultuar ainda mais o ambiente para os atletas, a menos de um ano dos Jogos Olímpicos. O estatuto foi totalmente cumprido. Eu estou tranquilo. Nós deixaremos as portas abertas para que eles atuem em conjunto conosco. Meu objetivo é trabalhar com serenidade.
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QUEM É ELE
Nome
Luiz Fernando Coelho de Oliveira
Nascimento
23/3/1975, em Recife (PE)
Trajetória
Policial militar há 26 anos, foi bicampeão brasileiro de natação pelas polícias militares, presidente da Federação Aquática Pernambucana (FAP) por cinco anos (2010 a 2015) e trabalhou no governo de Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo, na gestão de segurança, entre 2009 a 2014.
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