‘Mudanças climáticas afetarão calendários esportivos’, diz Sebastian Coe
Presidente da World Atlhetics está preocupado com a influência do aquecimento global no bem-estar de atletas e na organização de competições
- Matéria
- Mais Notícias
Presidente da World Athletics, o inglês Sebastian Coe, bicampeão olímpico nos 1.500m nas Olimpíadas de Moscou-1980 e de Los Angeles-1984, mostrou-se muito preocupado com os efeitos das mudanças climáticas no mundo e suas consequências na organização de calendários esportivos.
Um dos sinais dessa preocupação foram as alterações na programação das provas de atletismo, tênis e futebol feminino nas Olimpíadas de Tóquio.
“Não precisa ser um defensor da mudança climática ou um negacionista para saber que o mundo está ficando mais quente”, disse Coe, após o encerramento das Olimpíadas de Tóquio, no último domingo (8). “Essas mudanças climáticas colocam em discussão como será a preparação dos calendários de eventos esportivos.”
Mudanças climáticas afetaram provas de resistência nas Olimpíadas
Em 2019, o Comitê Organizador das Olimpíadas de Tóquio decidiu que as maratonas femininas e masculinas, assim como as marchas atléticas, seriam transferidas de Tóquio para Sapporo na esperança de que a cidade a mil quilômetros ao norte da capital japonesa tivesse temperaturas mais amenas. Mas, nos dias das competições dessas modalidades, Sapporo também estava quente, com os termômetros acima dos 30º Celsius. A preocupação com o clima fez com que a maratona feminina, disputada no último sábado (7), fosse antecipada em uma hora, passando das 7h para as 6h (no horário local). A decisão foi tomada na véspera da prova.
O tênis e o futebol feminino também tiveram seus horários trocados para o início da manhã por causa da alta temperatura, após pressão de jogadores preocupados com sua saúde.
A preocupação com altas temperaturas, segundo Coe, obrigou a World Athletics a “ter que criar hospitais de campanha, com sua equipe passando um ano pensando somente em como lidar com o bem-estar dos atletas”.
“Ninguém quer fazer isso. Não foi para isso que entramos no esporte ”, disse ele, acrescentando que “poderemos enfrentar as mesmas temperaturas em Paris, durante as Olimpíadas de 2024”.
Campeonato Mundial de Atletismo está em alerta
O próximo Campeonato Mundial de atletismo, que vai acontecer em julho de 2022, em Eugene, no estado americano do Oregon, já está com a luz de alerta ligado. Em junho deste ano, quando foi realizado um evento-teste para o Mundial, uma onda de calor recorde afetou a cidade, com temperaturas de 42º Celsius. Por isso, as provas matinais foram suspensas.
“A nova norma é, principalmente, como lidar com eventos de resistência em condições climáticas realmente adversas”, disse Coe.
As Olimpíadas de Tóquio de 1964 foram realizadas em outubro, assim como as Olimpíadas de 1968, na Cidade do México. Seul, em 1988, e Sydney, em 2000, foram em setembro, mas a norma para as cidades do hemisfério norte é julho ou agosto.
O último Campeonato Mundial, em 2019, no Catar, aconteceu no final de setembro para evitar o calor do verão. No futebol, pela primeira vez, desde 1930, a Copa do Mundo não será realizada em meses do meio do ano. O forte calor nesta época no Catar, país-sede da competição do ano que vem, fez com que o evento seja disputado em novembro e dezembro.
Maratonistas sofrem com clima quente
O fato de muitos corredores não terem conseguido terminar algumas maratonas em 2019 fez com que o Comitê Olímpico Internacional (COI) mudasse seus planos para Tóquio para as provas de longa distância nos Jogos.
“Essa realidade é um desafio que todos vamos enfrentar a partir de agora com essas mudanças climáticas”, disse Coe, que também é membro do COI.
“Para ser coerente, teremos que ter esse debate”, disse Coe, prevendo que as entidades esportivas terão que “fazer o que é possível e, provavelmente, ser mais adaptáveis às mudanças no clima no futuro”.
Relatório aponta preocupante aumento da temperatura
Segundo relatório divulgado na última segunda-feira (9) pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), após sete anos de estudos sobre o aquecimento global, com o uso de energias fósseis. O documento estima que o limiar do aquecimento global (de + 1,5° centígrado), em comparação com o da era pré-industrial, vai ser atingido em 2030, dez anos antes do que tinha sido projetado anteriormente, “ameaçando a humanidade com novos desastres sem precedentes”. O relatório tem como objetivo fornecer informações aos governos de fatos atualizados sobre os atuais impactos e os riscos futuros do aquecimento global antes da cúpula do clima da ONU, em novembro, em Glasgow. (Iúri Totti)
Mais lidas
Newsletter do Lance!
O melhor do esporte na sua manhã!- Matéria
- Mais Notícias