Delegação de clube brasileiro aponta racismo em campeonato de handebol na Europa
Meninos do Herkules tiveram problemas com atletas da Suécia, França e Alemanha, ao longo de toda a competição
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Mesmo tendo conquistado o título do Mundial de Clubes Partille Cup de handebol, o sentimento dos meninos do Herkules foi amargo. Os atletas do clube da região metropolitana de São Paulo relataram que sofreram racismo e xenofobia ao longo de toda a competição.
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De acordo com o goleiro Gabriel Ferreira, tudo começou no jogo contra a Suécia. Na ocasião, um dos atletas da delegação rival começou a imitar um macaco e causou muita confusão durante a partida.
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- Até então estava tudo bem, o jogo estava bem disputado, porém foi chegando o final e estávamos ganhando. Tinha um pessoal que joga nesse time (os adversários), porém eles eram mais velhos, do sub-16. Eles estavam atrás do meu gol e me tirando a atenção, mas eu não estava dando bola. Até que um menino passou mais perto de mim disse “Monkey, monkey” e começou a imitar um macaco. Foi nessa hora que parei o jogo chamei o meu técnico. Fomos atrás, conversamos com o técnico do menino para e explicar a situação, porém não aconteceu nada. Ele foi embora, continuamos o jogo e conseguimos ganhar - disse ao GE, antes de completar:
- Eu joguei o restante da partida chorando muito. Aquilo me entristeceu muito, sabe, por conta das palavras do menino eu fiquei sem chão na hora. Para ser sincero, minhas forças foi por conta de estar bravo e soltei tudo na quadra. Inclusive, depois da partida, um menino do time adversário desse jogo me mandou mensagem pedindo desculpas pelo garoto mais velho do time - contou.
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Este não foi o único caso sofrido pela delegação do Herkules na Europa. De acordo com Débora Suzuki, diretora do projeto, alemães e franceses também foram racistas e xenofóbicos com os brasileiros, especialmente nos alojamentos.
- Logo que a gente chegou, os meninos alemães estavam conversando e perguntaram “Como é que vocês chegaram aqui?”. E os nossos meninos responderam: “A gente veio de avião”. E eles falaram assim: “E tem avião no Brasil? Pensei que chegariam de cipó” - frisou.
- Um alemão, que estava no mesmo alojamento, tirou um dos nossos meninos que estavam tomando banho no vestiário. Ele empurrou o menino e falou “Sai daqui” no sentido de você é brasileiro, você fica para depois, a gente vai tomar banho primeiro. Fez isso com um dos meninos nossos que eram menores. Menores no sentido, de 13 anos e ele tinha em torno de 16, 17 anos - explicou, antes de finalizar:
- Com o meu filho, que joga também, os franceses chegaram e começaram a imitar macaco na frente dele. Ele estava bem nervoso – até pelas outras coisas que tinham acontecido – e correu atrás dos meninos, que saíram correndo. Chamamos o técnico deles, que passou a mão na cabeça: “Ah, é que eles assistem filme de macaco e ficam imitando". Eu fiquei: "Dezessete anos e faz isso? Como assim?", mas foi a justificativa que ele deu. Enquanto o técnico alemão, não. Ele ficou bem abismado e não era conivente com isso e tentou consertar a situação - explicou.
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HERKULES E PARTILLE CUP
O Herkules é um projeto social de Guarulhos, que conta com 95 atletas de seis a 18 anos. Em 2021, a equipe conquistou o título brasileiro sub-14, que deu a oportunidade de disputar o Sul-Americano da categoria. Após nova conquista, a vaga no Mundial de Clubes veio.
Embora seja terrível, o episódio parece ter dado força aos brasileiros para conquistarem o título. Mesmo com as mãos atadas, o Herkules deu a volta por cima e trouxe o caneco de volta para São Paulo. Suzuki afirmou, ainda, que a denúncia só poderia ser feita se a equipe saísse da competição.
- A gente queria denunciar, mas para denunciar a gente precisaria sair da cidade, perder o campeonato, jogos e não tinha como. Um campeonato muito caro para levar os meninos para abandonar no meio. Apesar da revolta, a gente acabou contornando, tirando daí uma força para ir em frente, ganhar na quadra - finalizou.
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