Espelho da nova geração do skate, Murilo Peres busca mais um pódio em ‘briga de gente grande’
Com trajetória marcada pela inspiração que teve do irmão, Murilo Peres contou ao L! os desafios de encarar a chegada da vida adulta durante a profissionalização no skate<br>
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Considerado um dos grandes nomes da nova geração de profissionais do skate park, Murilo Peres descobriu seu amor pelo esporte ainda criança admirando o irmão Caio, que já era skatista e disputava competições pelo país. Caçula da família, ele ganhou seu primeiro skate do irmão aos 10 anos de idade e desde então busca evolução e reconhecimento, fatores que contribuíram para o paulistano se firmar no cenário nacional e internacional e integrar a primeira Seleção Brasileira de Skate, formada em 2018.
A ligação de Murilo com o esporte ultrapassa a sua atuação como atleta. Apaixonado por skate desde criança, ele encontrou junto ao irmão Caio, que deixou as competições para se dedicar à engenharia civil, a chance de depositar seu aprendizado e vivências em um negócio. Juntos, eles comandam a Pug Skateparks, empresa especializada em construção de pistas de skate que completou dois anos.
A atuação de Murilo na área de criação de pistas chegou ao Rio de Janeiro junto com o Oi STU Open, torneio que encerra a temporada de competições oficiais do calendário nacional. Realizado na Praça do Ó, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, entre os dias 14 e 18 de novembro, o evento conta com uma pista inaugurada na última quarta-feira, que foi idealizada e construída com a participação de grandes skatistas profissionais. Entre eles, estava Murilo, que contou ao LANCE! como está sendo a experiência de encerrar a temporada na plataforma que ele ajudou a planejar.
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- É uma experiência muito boa poder participar da execução de uma pista. Eu estou cada vez mais próximo disso, por conta da empresa de construção de pista de skate que tenho com o meu irmão. Então fico ligado em saber como funciona o processo em todo canto do mundo que eu vou, porque é fácil você chegar e a coisa já estar pronta. Como skatista, eu vou querer a melhor pista, então a gente gosta muito de somar de alguma forma e receber essa oportunidade de dar um palpite, discutir sobre medidas, altura, tipos de borda e obstáculo. É uma experiência muito boa.
Admirado por jovens que buscam a profissionalização, o atleta que conquistou o sétimo lugar no Mundial de Park realizado na China no início de novembro, quer marcar sua trajetória no esporte através de muita dedicação. Este fator é considerado por Murilo como essencial para qualquer skatista que queira crescer na modalidade, mesmo atravessando fases complicadas da vida, como aconteceu com ele no período em que deixou de ser amador.
- Aprendi que nada vem fácil. As coisas não acontecem por acaso e se você quer buscar um resultado, uma carreira sólida, tem que correr muito atrás, sair da sua zona de conforto e se dedicar, porque quando você chega no profissional vê que é briga de gente grande. Mudou muita coisa para mim, principalmente porque passei para o profissional na mesma fase em que estava virando um homem, saindo da adolescência, então também tive que manter essa evolução em cima do skate - disse o atleta.
Após seis etapas realizadas na temporada do Circuito Brasileiro em 2018, Murilo Peres garante que não falta disposição para buscar um bom resultado no Oi STU Open. Afinal, a competição vale pontuação dobrada para o ranking nacional da CBSK (Confederação Brasileira de Skate), que vai formar a Seleção Brasileira de Skate de 2019. Esta equipe representará o país nos Jogos de Tóquio, em 2020. Para o atleta, a anexação do esporte nas modalidades olímpicas está "quebrando fronteiras", ao promover um grande desenvolvimento para o skate ao redor do mundo.
- Vamos encontrar algumas diferenças em relação as competições, porque as Olimpíadas têm suas próprias regras e diretrizes. Então é algo que vamos vivenciar pela primeira vez. Por outro lado, o fato de as competições de hoje em dia já estarem muito profissionais ajuda. A inclusão da modalidade nos Jogos gerou um desenvolvimento magnífico para o esporte. Digo isso porque na África, por exemplo, o skate está começando a ganhar espaço depois da determinação de que o esporte estaria nas Olimpíadas. Nós estávamos na primeira etapa do Mundial, que já foi dentro dos padrões olímpicos, e vimos crianças do Congo, da Turquia, Índia, países que a gente não percebia o skate tendo uma oportunidade. Acho que o mais fenomenal é ver que o skate está quebrando fronteiras e conquistando lugares em que jamais foi visto.
Confira outros pontos da entrevista com Murilo Peres, integrante da Seleção Brasileira de Skate
LANCE!: Qual é a expectativa para a disputa do Oi STU Open, que encerra o circuito nacional?
MURILO: É muito boa, porque já viemos embalados de outros campeonatos e esse é o último grande torneio do ano. Além disso, é muito importante porque encerra o Circuito e vai selecionar os próximos integrantes da Seleção Brasileira de 2019. Competir no Rio é sempre muio bom, porque é uma energia sensacional estar aqui de frente para a praia, em um clima saudável e andando em pista boa.
LANCE!: Ao longo da trajetória, qual das suas conquistas você considera mais importante (seja pela grandiosidade do campeonato ou na questão emocional)?
MURILO: O campeonato mais importante da minha carreira foi o primeiro profissional que eu ganhei, o Bowlzilla, no Chile (em janeiro de 2016), porque também foi o primeiro que disputei após sofrer duas lesões consecutivas no joelho. Fiquei um ano e quatro meses em recuperação e no pensamento vinha "será que vai dar certo essa minha carreira? Será que eu vou conseguiu ser profissional e viver do skate?". Um mês depois de me recuperar, eu entrei nessa disputa com a expectativa de andar sem dor apenas, mas as coisas foram acontecendo e quando eu menos esperava, estava segurando o prêmio de primeiro lugar. Foi emocionante eu ver meus amigos chorando de felicidade junto comigo e aprender que os desafios estão na vida para a gente enfrentar. Não pode desacreditar e se abalar nunca.
LANCE!: Qual é o sentimento de ser parte da seleção brasileira?
MURILO: No começo, todo mundo estava pensando se daria certo, porque víamos que o skate puxava mais para o lado do life style do que para um esporte olímpico. Então a gente sabia que muita gente não ia ser a favor. Mas dizendo como uma pessoa que foi membro da primeira Seleção Brasileira da história, afirmo que foi uma experiência incrível, porque todos os skatistas que integram o Time são amigos e todos apostam no skate para buscar o seu melhor, incentivando os parceiros. Os benefícios que recebemos e a estrutura que tivemos para viajar foi algo inédito. Antes, íamos por conta própria ou com patrocínio, mas não havia uma confederação de skate como a que tem agora, que pode bancar viagem e plano de saúde por exemplo. Então a gente só tem a agradecer. Fazer parte da equipe é um privilégio.
LANCE!: Como você avalia a sua preparação e dos demais atletas que estão visando as Olimpíadas?
MURILO: O nível está cada vez melhor. A nova geração está chegando com mais gás e ajudando a elevar o nível daquelas que já participam do circuito há um tempo. Os torneios estão mais profissionais ao ponto de que não dá para só chegar e andar de skate. Claro que isso pode funcionar perfeitamente, mas se você estagnar e não se puxar, as pessoas vão te atropelar. A chance vai ser sempre maior para o cara que busca cuidar da saúde, anda de skate de uma forma que mostre que ele quer elevar o seu próprio nível, porque se não faz isso, outra pessoa vai fazer. Isso é legal na competição, porque faz cada um ter que correr atrás e buscar o seu melhor sempre.
LANCE!: O que planeja para um futuro recente fora as Olimpíadas?
MURILO: Estou em uma fase da vida em que tenho muito gás e muita energia, graças a Deus. Então quero ursufruir disso andando de skate. Passando esse período das Olimpíadas, eu quero dar uma atenção maior para produzir video part, porque quando a gente está competindo, é um ano inteiro dedicado a isso. No período em que não estamos disputando um torneio, precisamos salvar energia para o próximo, porque eles são consecutivos. Quero focar na video part, porque é uma coisa que você tem para sempre. As vezes acontece de gravar uma manobra que vai fazer uma vez na vida em um lugar que só você andou de skate. É isso o que eu quero além da competição, aquele material que vai mostrar o meu estilo de skate. Um legado que nunca vai acabar.
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