L! Espresso: Simone Biles e o lado cruel da vitória
O imaginário de que os superatletas são infalíveis se torna uma espécie de armadilha
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"Eu já não confio mais em mim mesma como antes. Sinto como se já não me divertisse tanto". A forte declaração de Simone Biles, atleta de maior destaque em Tóquio, foi dada após queda no salto que a levou a desistir de disputar a final por equipes da ginástica artística, vencida pelo Comitê Olímpico Russo.
No Japão, Simone ainda vai disputar as quatro finais individuais de aparelhos (salto, solo, trave e barras) e a disputa geral, defendendo o ouro em três delas. Mas seu desabafo coloca em perspectiva, mais uma vez a saúde mental dos atletas de alto rendimento em um mundo de sucesso e cobrança instantâneos e monitorado em tempo real pelo termômetro das redes sociais.
Pouco antes da Olimpíada, a tenista Naomi Osaka abandonou a disputa de Roland Garros, desistiu de participar de Wimbledon e admitiu ter sofrido depressão e que não estava sabendo lidar com críticas a respeito da sua performance. Em Tóquio, a japonesa, que acendeu a pira olímpica, foi derrotada na terceira rodada e não foi nem sombra da jogadora que hoje ocupa a segunda posição no ranking.
O imaginário de que os superatletas são infalíveis se torna uma espécie de armadilha, ainda mais quando o pano de fundo é o maior evento esportivo do mundo. Uma eliminação precoce, uma medalha que não seja dourada, tudo é medido de uma forma obsessiva e cruel.
O esporte é mesmo uma das maiores representações da vida e, assim, repleto de glórias e frustrações. Uma queda não resume Simone Biles, assim como suas medalhas de ouro não a deixam livre de alguns fantasmas.
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