menu hamburguer
imagem topo menu
logo Lance!X
Logo Lance!
logo lance!

Acesse sua conta para ter acesso a conteúdos exclusivos e personalizados!

Gestão Esportiva na Prática: Os pilares do esporte brasileiro; entre a areia o concreto

Modelo de desenvolvimento esportivo brasileiro é sustentado por pilares frágeis

image_placeholder-1-aspect-ratio-512-320
imagem cameraAdhemar Ferreira da Silva (reprodução)
Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!
Dia 09/04/2025
06:50
Atualizado em 09/04/2025
11:07

  • Matéria
  • Mais Notícias

Talento esportivo é uma virtude brasileira conhecida mundialmente. Do futebol ao vôlei, do atletismo à ginástica, gerações de atletas levaram o nome do país ao topo do pódio em diferentes modalidades. No entanto, por trás de cada conquista, há uma realidade pouco visível, mas estruturalmente determinante: o modelo de desenvolvimento esportivo brasileiro é sustentado por pilares frágeis, historicamente mal definidos e frequentemente desarticulados.

continua após a publicidade

➡️Siga o Lance! no WhatsApp e acompanhe em tempo real as principais notícias do esporte

Vivo na prática, a décadas, essas limitações e tento apontar caminhos para a construção de um futuro mais promissor. Gosto de convidar os apaixonados e investidores no esporte a visitar e estudar as origens da estrutura esportiva nacional e compará-la com os sistemas bem-sucedidos adotados por outras nações.

Origens e os pilares históricos do esporte brasileiro

A estrutura esportiva brasileira começou a se consolidar em 1916, com a criação da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Inspirada no modelo francês, essa organização adotou o sistema piramidal: clubes de base subordinados a federações estaduais, que, por sua vez, respondem a uma confederação nacional. Na prática, porém, o modelo brasileiro se desenvolveu de forma centralizadora e com forte influência política, o que comprometeu sua eficiência e transparência. Ao longo do século XX, o esporte nacional se apoiou em quatro pilares frágeis:

continua após a publicidade

1. Amadorismo

Durante décadas, o esporte brasileiro foi marcado pelo improviso e pela ausência de gestão profissional. Em diversas modalidades, atletas de alto rendimento ainda enfrentam a realidade de treinar sem apoio técnico, sem infraestrutura adequada e, muitas vezes, custeando sua própria preparação e deslocamentos.

2. Clubes Sociais

Os clubes sociais tiveram papel importante na introdução e manutenção de esportes no Brasil urbano, especialmente entre as elites. No entanto, sua estrutura fechada e elitista impediu que o esporte se tornasse um instrumento de acesso universal, limitando sua função social e formativa.

continua após a publicidade

3. Mecenato

Embora o apoio de empresários, dirigentes e entusiastas tenha viabilizado a carreira de muitos atletas, o mecenato é uma forma instável de sustentação. Depender da boa vontade de poucos é arriscado e não permite políticas de desenvolvimento contínuo e abrangente.

4. Federalismo esportivo

A estrutura federativa, herdada da CBD e replicada nas confederações autônomas, promove um modelo marcado por disputas políticas e pouco foco no atleta. A descentralização, em vez de promover eficiência e regionalização das políticas, resultou em feudos e paralisia institucional.

Ginástica Flamengo (Foto: Divulgação/CRF)
(Foto: Divulgação/CRF)

Os pilares sólidos dos modelos de sucesso

Em contraste com a realidade brasileira, países que alcançaram alto desempenho e sustentabilidade no esporte estruturaram seus sistemas sobre pilares sólidos e interdependentes: ligas profissionais, educação esportiva de base e políticas públicas de Estado.

1. Ligas Profissionais

Nos Estados Unidos, ligas como a NBA, NFL, MLS e MLB não apenas formam atletas de elite, mas sustentam uma indústria multibilionária. O modelo de governança é claro, os clubes operam como empresas, e a formação de atletas segue um processo contínuo, altamente competitivo e profissional.

2. Educação como Base Esportiva

Países como Japão, Coreia do Sul, Austrália e os próprios Estados Unidos integram o esporte ao sistema educacional desde a infância. As escolas e universidades são centros de excelência esportiva, com estrutura, técnicos qualificados e competições regulares. A cultura do esporte é construída desde cedo, valorizando o desenvolvimento físico, mental e social do indivíduo.

3. Políticas Públicas de Estado

O Reino Unido, após resultados modestos em Olimpíadas passadas, transformou seu cenário com a criação do programa UK Sport, que definiu metas claras, investimento estratégico e integração entre governo, federações e atletas. O esporte passou a ser tratado como política de Estado, ligado à saúde, à educação e ao desenvolvimento econômico.

Conclusão

Talento nunca foi e acredito que nunca será o nosso problema, mas estrutura sempre foi e pelo caminho que estamos percorrendo, seguirá sendo um dos nossos maiores problemas.

Enquanto insistirmos em sustentar nosso sistema esportivo sobre pilares de areia — como o amadorismo e o mecenato —, continuaremos a viver de lampejos e histórias de superação individual. É urgente que o país reformule sua base esportiva, inspirando-se em modelos que deram certo e construindo ligas fortes, um sistema educacional esportivo e políticas públicas de longo prazo.

Só assim o esporte brasileiro poderá deixar de ser um produto do acaso e passar a ser um projeto de nação.

Vanderlei Cordeiro de Lima acende a pira olímpica das Olimpíadas do Rio-2016
Vanderlei Cordeiro de Lima acende a pira olímpica na Olimpíada do Rio 2016 (Foto: AFP)

Mais lidas

Newsletter do Lance!

Fique por dentro dos esportes e do seu time do coração com apenas 1 minuto de leitura!

O melhor do esporte na sua manhã!
  • Matéria
  • Mais Notícias