Jacque Silva reforça que prêmio do COB é ‘reparação’ pelo passado

Medalhista olímpica em 1996, ex-jogadora afirmou que esta foi uma forma que o Comitê teve que 'consertar erros' com ela, que lutou bastante pela igualdade de gênero no esporte

imagem cameraEx-atleta entrou para o hall da fama do Comitê Olímpico Brasileiro (Foto: Bárbara Mendonça)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 18/12/2018
20:12
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Alguns atletas brasileiros foram homenageados em cerimônia realizada nesta terça-feira, no Teatro Bradesco, localizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, entrando no hall da fama do COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Entre esses, estava a ex-jogadora de vôlei Jacque Silva, que ficou feliz por ter sido reconhecida pela instituição que rege o esporte olímpico no país.

- Com certeza é um reconhecimento, eu fico muito feliz de receber esse prêmio e ter esse reconhecimento pelo meu trabalho, de tantos anos de dedicação com o vôlei, eu acho que é a construção da minha história, ela é muito importante para a história do esporte brasileiro, porque não foi nada fácil. Esse prêmio é muito especial - afirmou.

Ao lado de Sandra Pires, Jacque Silva foi a primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica, quando garantiu o ouro no Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, no vôlei de praia. Para ela, o prêmio, além de representar a importância de suas conquistas, também diz respeito à sua luta pela igualdade de gêneros no esporte, que o deixou afastada dos jogos por certo tempo.

- Ele (o ganho da medalha) sempre será histórico, e essa conquista começa muito antes de uma medalha de ouro. Essa conquista começa anos atrás, quando eu briguei por um tratamento de igualdade entre mulheres e homens. Isso que me fez ir para os Estados Unidos, conhecer o voleibol de praia e a Sandra (Pires), voltar como campeã olímpica, então é uma série de coisas, de posicionamentos pela igualdade, que me fez ser punida por muitos anos. Mesmo depois de ganhar a Olimpíada, eu fiquei muitos anos punida, sendo desqualificada, fora do Comitê Olímpico, fora de Olimpíada, não fui convidada para a cerimônia de abertura e isso tudo foi por causa de um problema que aconteceu em 1996. São quase 30 anos sendo punida por ter feito um protesto - confessou.

Mãos de Jacque Silva eternizadas no hall da fama do Comitê Olímpico Brasileiro (Foto: Bárbara Mendonça)

A atleta afirmou que a mudança no Comitê Olímpico Brasileiro foi fundamental para essa 'reconciliação' entre os dois e que também vai mudar o esporte no país, além de destacar sua importância para a história do Brasil em Jogos Olímpicos.

- Acho que o COB agora entra em uma nova era, para todos nós, tanto para o comitê quanto para os atletas. Acho que a gente tem que ficar muito feliz, porque o Brasil vai se transformando. Fico feliz de estar aqui hoje e receber esse prêmio, porque eu acho que eu sou um marco disto, então fico contente de estar viva para poder viver isso - falou.

Além de ter colocado seus pés no hall da fama do COB, Jacque Silva também recebeu o Prêmio Ademar Ferreira, afirmando que esta foi uma forma que a instituição pôde revisar, de acordo com suas palavras, injustiças em sua carreira, se referindo, novamente, à luta pela igualdade de gênero dentro do esporte que lhe rendeu algumas punições.

- Essa premiação, com o troféu do (prêmio) Ademar Ferreira, me deixa mais feliz ainda, porque é uma forma que o Comitê Olímpico (Brasileiro) tem de rever algumas coisas, especialmente comigo, algumas injustiças que aconteceram. Particularmente, estou curtindo muito esse momento, porque acho que esse momento é meu - indagou.

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