Lance! marca presença em feira de esportes olímpicos

Jorge Luiz Rodrigues, editor-adjunto do Lance!, falou como fazer uma cobertura esportiva

Escrito por

O planejamento é crucial para as coberturas jornalísticas de grandes eventos esportivos. Copa do Mundo e Olimpíada exigem que a preparação comece anos antes de o pontapé inicial ser dado, ou a primeira flecha ser lançada.

Além da logística, há o desafio de escolher as melhores pautas e alinhar uma equipe capaz de cobrir todos os detalhes do evento. Sem planejamento, é impossível acompanhar o ritmo frenético dessas competições, onde tudo acontece muito rápido e não há espaço para erros. Este foi o tema da palestra “Como realizar uma grande cobertura: passado x presente”, realizada na COB Expo e que teve a presença do editor-adjunto do Lance! Jorge Luiz Rodrigues como palestrante.

Rodrigues relembrou quando fez a cobertura mais desafiadora de seus mais de 40 anos de profissão. Ele se preparou dois anos antes e, ao lado do jornal O Globo, traçou uma estratégia para morar na África do Sul sete meses antes da Copa do Mundo de 2010.

– O meu editor, o Antônio Nascimento, que era o editor de esporte do Globo, um dia ele virou para mim e eu falei para ele, a gente conversando, eu falei, cara, eu tenho um sonho, morar num país sete meses antes de uma Copa do Mundo. E ele montou um projeto e levou ao comercial. Um dia, me chamou para uma reunião e perguntou: você quer ir para a África do Sul, realmente?

Assim, Jorge pôde acompanhar o planejamento local, visitar estádios e cidades, e contar histórias que só foram possíveis graças ao tempo dedicado a essa preparação.

Além do planejamento, Jorge contou uma história de quando a tecnologia foi uma ferramenta poderosa no jornalismo esportivo. Mas, como Jorge aponta, é preciso saber utilizá-la da maneira correta. Em 1992, durante a Olimpíada de Barcelona, ele vivenciou o surgimento de uma tecnologia até então pioneira.

– No sábado, quando Rogério Sampaio conquistou a medalha de ouro em Barcelona, em 1992, eu estava em Badalona, uma cidade a 30 km de Barcelona, cobrindo o torneio olímpico de basquete feminino. Foi uma rodada importante, e naquela época foi inaugurado o primeiro sistema de comunicação entre jornalistas, uma intranet chamada Amic, em catalão, que significa "amigo". Era como o e-mail ou WhatsApp de hoje – relembra.

Mas ele destaca que, mesmo com a tecnologia disponível, a preparação humana continua sendo essencial. – Usávamos o número da credencial como forma de comunicação, e entre os intervalos das competições, as lutas de judô começavam pela manhã e recomeçavam às cinco da tarde. O Rogério Sampaio venceu suas primeiras lutas com facilidade. Quando ele chegou à semifinal, iria enfrentar o campeão mundial da Alemanha Ocidental. Eu imediatamente pedi ao Philot [Aníbal Philot, editor de fotografia do jornal O Globo em 1992 e que cobriu a Olimpíada com Jorge e com o também repórter Marcelo de Moraes], para ir ao ginásio de judô, o Palau Blaugrana, ao lado do estádio Camp Nou em Barcelona – conta Jorge, mostrando como a agilidade e o bom uso da tecnologia foram fundamentais naquela ocasião.

Embora a tecnologia tenha facilitado muito o trabalho dos jornalistas, Jorge destaca que ela não substitui a preparação e o instinto de apuração.

– Hoje, muitos estão preocupados em não desagradar ou gerar problemas, mas o foco deve ser sempre a busca pela excelência. O jornalismo é uma profissão de superação diária, e cada boa história que contamos é a nossa medalha de ouro ou recorde mundial – aconselha Jorge, em busca da excelência que todo jornalista deveria buscar.

Siga o Lance! no Google News