A campeão olímpica ao lado de Kahena Kunze na classe 49er FX, Martine Grael participará da Volvo Ocean Race - a volta ao mundo da vela. Nesta terça-feira, o Team AkzoNobel, da Holanda, anunciou a brasileira como tripulante. A filha de Torben Grael terá o compatriota Joca Signorini como companheiro do grupo comandado por Simeon Tienpont.
- Conto muito com a torcida de vocês quando a regata chegar em Itajaí. Estou muito animada. Será uma grande campanha para mim. Espero aproveitar a experiência e aprender muito com isso. Sobretudo, quero provar que pertenço a este time e não posso esperar para começar a velejar contra outros barcos - comentou a carioca que será a primeira brasileira a participar da competição.
Martine também falou sobre a mudança de um monotipo de regatas olímpicas para um barco de 65 pés para dar a volta ao mundo com mais tripulantes.
- Nos barcos de oceano geralmente há um número muito maior de tripulantes onde cada um tem uma função específica, já nos monotipos você faz tudo, ou divide com um parceiro. Além da diferença de tamanho, os barcos de oceano tem mais opções de velas e diferentes opções de como colocá-las no mastro, logo aguenta as mais diversas condições de mar e vento. Em quanto muitas vezes o monotipo, que são projetados para navegar em águas costeiras tem uma única opção limitado apenas a como você regula as velas - explicou Martine, que completou:
- Passar do 49erFX para a Volvo Ocean Race com o time AkzoNobel será uma oportunidade muito importante para evoluir minha habilidade de navegação e também meu preparo físico. Meu objetivo a curto prazo é aprender mais sobre o barco e entender suas particularidades, melhorando assim meu desempenho.
A velejadora de 26 anos, contudo, não abrirá mão da campanha de Tóquio-2020.
- Nas etapas com paradas maiores estamos pensando em aproveitar meu tempo livre para treinar - disse Grael
De pai para filha
Embora esta seja a primeira vez de Martine na Volvo Ocean Race, o sobrenome Grael não é estranho nessa aventura de 83 mil quilômetros (45 mil milhas náuticas). Seu pai, Torben Grael - além de ser o velejador olímpico mais bem sucedido do Brasil, com cinco medalhas, sendo duas de ouro - participou da Volta ao Mundo por três vezes, ganhando a edição 2008-09 como comandante da Ericsson 4.
- Foi uma dos principais motivos de eu ter escolhido esse time. A maior parte dos homens aqui já velejaram juntos antes em outros barcos e confiam um nos outros. Existem muitos riscos nessa regata e, para mim, o Joca, além de ser uma pessoa que me traz confiança como velejador, me traz confiança de caráter - explicou Martine Grael.
O comandante Simeon Tienpont rasgou elogios à brasileira que tem a Volvo no sangue.
- Martine talvez seja uma novata às regatas oceânicas, mas a Volvo Ocean Race está no sangue dela e ela traz a paixão de enfrentar esse desafio, além de um excelente conjunto de habilidades e experiência em barcos de alto desempenho. Sua capacidade de liderança, em particular, a torna um trunfo real para a campanha - disse Tienpont.
Martine Grael tem treinado a bordo do novo Volvo Ocean 65 da equipe AkzoNobel nas últimas semanas e participará do Leg Zero - uma série obrigatória de quatro regatas preliminares para as sete equipes concorrentes da Volvo Ocean Race antes do início da aventura em 22 de outubro, em Alicante, na Espanha.
A Leg Zero começa nesta quarta-feira com um sprint em torno da Ilha de Wight, na Inglaterra, seguido da Rolex Fastnet Race, de seis a nove de agosto, e uma prova mais longa de Plymouth, na Inglaterra, para Lisboa, em Portugal. O último percurso terá uma parada de um dia no porto francês de St. Malo.