Medina sonha com tetra e planeja “impressionar o mundo” em volta ao Mundial
O Lance! conversou com exclusividade com Allan Menache, preparador físico do surfista, que garantiu o desejo do brasileiro de fazer história mais uma vez
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Gabriel Medina está de volta ao Mundial de Surfe (WCT). Depois de abrir mão das cinco primeiras etapas para cuidar da sua saúde mental, o surfista brasileiro fará seu retorno ao circuito em G-Land, na Indonésia, que terá janela aberta a partir deste sábado (sexta à noite no Brasil), podendo terminar até 6 de junho.
De fora de toda a primeira parte da temporada, Medina somou apenas o mínimo das pontuações e aparece na distante 41ª posição do ranking geral, muito longe dos cinco primeiros colocados, que garantem vaga ao WSL Finals, em Trestles, para a grande decisão do Mundial. O atual campeão, mesmo ciente de toda a dificuldade que irá enfrentar, não apenas mantém vivo o sonho do tetra, como também planeja “impressionar o mundo” com um retorno de tirar o fôlego. Pelo menos é o que garante Allan Menache, preparador físico do brasileiro.
– Pode esperar que ele vai meter o pé, vai enfiar ‘bolachada’, vai ter tubo, aéreo… Ele está convicto que vai voltar bem. Eu trabalho com o Gabriel desde 2011 e poucas vezes eu vi ele com tanta vontade, e isso se traduzia nos treinos, na academia, na frequência dele na fisioterapia, focado na alimentação. Ele está muito a fim de voltar bem, impressionar o mundo e trazer para ele mesmo essa satisfação pessoal de competir em alto nível. Vai ser um show de surfe – disse o profissional em uma entrevista ao Lance!.
Quando perguntado sobre a real expectativa de Medina por um possível tetracampeonato mundial, considerado por muitos muito difícil, Menache não hesitou.
– O objetivo é esse! A expectativa é ele vencer [G-Land]. Os atletas são sensacionais, todos têm chances, mas o Gabriel está na expectativa de ganhar. O campeonato está embolado, não temos alguém muito disparado na frente, os atletas estão no meio do caminho. Ele sabe que ganhando G-Land, ou fazendo final, surfando bem, ele já coloca uma pressão danada em todo mundo. Temos que ter essa confiança, ele tem potencial, talento. Estamos muito confiantes.
O preparador físico ainda detalhou como foi o retorno de Medina aos treinos, sua recuperação, tanto física quanto mental, e a estratégia utilizada para que o tricampeão estivesse pronto para a etapa de G-Land. Confira a entrevista completa abaixo:
Guilherme Dorini: Como foi a volta de Medina aos treinos?
Allan Menache: Ele começou primeiro um trabalho psicológico, depois a fisioterapia… Estávamos monitorando todo o processo, coordenando essa parte da volta ao trabalho físico, sempre em contato com os profissionais envolvidos no processo. Em um determinado momento, voltamos adaptando o Gabriel aos estímulos necessários para que ele pudesse treinar em alta performance, como sempre esteve acostumado. Depois, ele fez uma pausa para viagens, e voltamos com uma parte final, o polimento do treinamento dele. Ele está muito bem, evoluiu bastante.
GD: Quando vocês voltaram a treinar, ele já sabia quando voltaria ao WCT?
AM: Ele voltou já com vontade de treinar, de começar a se preparar para voltar ao tour, já que ele sabia que não teria um caminho tão fácil quanto das outras vezes, como ele estava habituado a se preparar para as outras etapas. Sabia que teria que se recuperar, não só fisicamente, mas mentalmente. Então, ele veio focado para isso, bem decidido em retomar o melhor de sua forma e superar todas as dificuldades. Acredito que essa parte já foi bem sucedida, não só na parte física, mas a retomada da sua clareza, consciência e auto-confiança.
GD: Acompanhando os treinos pelas redes sociais, foi possível notar que ele estava mais forte, maior, com mais massa muscular. Isso foi algo pensado por vocês?
AM: Ele é um atleta de alto rendimento que há muitos anos treina, surfa, compete, e tudo isso sem intervalo. A pandemia trouxe um pouco de intervalo, mas teve o campeonato ano passado, voltou a carga, voltou bem… Depois do Mundial, ficou parado, não fez atividade física, não surfou quase nada, e quem está acostumado com treinos, horas dentro d’água, quando para, ou diminui, o metabolismo sente o baque. Então, ele aumentou um pouco o peso corporal, e vem recuperando aos poucos para chegar em G-Land dentro do peso normal dele, perto de 80, 81 kg, que é onde ele se sente bem, onde ele volta com segurança dos aéreos, tem mais confiança. Ele chegou aos 84, talvez 85 kg, que é um peso relevante, fica mais forte, mais potente, com aéreos mais altos, mas também a volta deles era um pouco mais complexa, mais carga, mais peso. A ideia era trazer um pouco mais para baixo [a massa muscular], para ter mais segurança, menos risco de lesão na volta das manobras.
GD: Foi feita alguma preparação específica pensando nas características de G-Land?
AM: Primeiro, era recuperar ele. Pensamos na base, em um geral, não muito específico para G-Land. A ideia era colocar ele para surfar, colocar ele dentro d’água. Assim, poderia se adaptar bem, ter confiança para poder ir para cima de uma onda como G-Land, que é longa, tem tubo, manobra, aéreo… Precisava estar bem dentro d’água. Então, a base que demos era para ele ter confiança para performar bem em qualquer tipo de onda.
GD: E ele está 100%? Ou ainda vai precisar dosar o ritmo neste começo?
AM: Pode esperar que ele vai meter o pé, vai enfiar ‘bolachada’, tubo, aéreo… Ele está convicto que vai voltar bem. Eu trabalho com o Gabriel desde 2011 e poucas vezes vi ele com tanta vontade. Isso se traduzia nos treinos, na academia, na frequência dele na fisioterapia, focado na alimentação. Ele está muito a fim de voltar bem, impressionar o mundo e trazer para ele mesmo essa satisfação pessoal de competir em alto nível. Vai ser um show de surfe!
GD: Como vocês planejam o restante da temporada? Como será esse acompanhamento?
AM: Vamos esperar ele voltar de G-Land, ele vai ter alguns dias para El Salvador. Faremos uma abordagem rápida para avaliar, ver como ele está, ver o nível de cansaço, de recuperação, a motivação… E vamos traçar essa estratégia de curtíssimo prazo para El Salvador, sabendo que depois já vem Rio de Janeiro… Vamos trabalhar como sempre fazemos, vamos entrar no ritmo de antes. Estarei no Rio também, de repente, faremos um trabalho até o dia do campeonato, ou até nos day offs. E depois preparar para Jeffreys Bay, que já temos um plano vitorioso traçado, e, depois, Taiti. Mas tudo depende de G-Land, tudo vai ficar mais claro depois dessa etapa.
GD: Pelo jeito que você fala, não há dúvidas de que a expectativa de chegar no WSL Finals e o sonho do tetra é real…
AM: O objetivo é esse! A expectativa é ele vencer [G-Land]. Os atletas são sensacionais, todos têm chances, mas o Gabriel está na expectativa de ganhar, ir para El Salvador, que é um tubo para direita, perfeita, que corre, ele sabe surfar bem essas ondas, e ir para cima. O campeonato está embolado, não temos alguém muito disparado na frente, os atletas estão no meio do caminho. O Gabriel sabe que ganhando G-Land, ou fazendo final, surfando bem, ele já coloca uma pressão danada em todo mundo. Temos que ter essa confiança, ele tem potencial, talento. Estamos muito confiantes.
GD: Mas fazendo um pouco do ‘advogado do diabo’, caso ele não vá bem em G-Land, é possível que a estratégia mude? Talvez dosar um pouco o ritmo?
AM: Dosar, não, não sei por que. Temos tudo para ir bem em todas as etapas, independentemente do resultado de G-Land, ele vai para vencer cada etapa que ele participa. E todos são assim, estão lá para vencer. Ele sabe a capacidade dele, tem tudo para impressionar o mundo de novo, para chegar em Trestles, fazer a final, mesmo se for quinto, quarto, terceiro… Tem tudo para isso. É disso que vamos atrás, não podemos querer menos que isso.
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