Olá, leitores do LANCE!
Hoje posso dizer que estarei na disputa da Volvo Ocean Race 2017-18 a bordo do Team AkzoNobel, da Holanda. Estou muito feliz pela oportunidade de competir em uma Volta ao Mundo e de ter a chance de evoluir como velejadora.
Não posso deixar de falar do meu pai, Torben Grael. Ele fez história com o Brasil 1 (eu era bem novinha naquela época - 2005) e com a vitória no Ericson 4, em 2008-09. Quando contei para ele que decidi correr a Volvo Ocean Race, ele me perguntou se era isso que eu queria fazer umas três vezes.
Me disse também que são vários momentos difíceis que passaremos ao longo desses oito meses. Esses momentos, segundo ele, têm que valer a pena. Ele foi sim importante na minha decisão escolha. Agora estarei ao lado de profissionais do mais alto nível, incluindo o brasileiro Joca Signorini, que é uma pessoa em que confio e me dá segurança para essa campanha inédita pra mim!
Mesmo competindo na Volvo, não vou abandoar o 49erFX e a minha campanha olímpica para Tóquio-2020 com a Kahena Kunze. No final de agosto, vamos disputar juntas o mundial em Portugal e nas etapas com paradas mais longas estamos pensando em aproveitar meu tempo livre para treinarmos.
Muda muita coisa do 49er FX para um Volvo Ocean 65. Com a Kahena velejo em dupla e agora é uma equipe completa, onde cada um tem uma função específica. Além da diferença de tamanho, os barcos de oceano tem mais opções de velas e diferentes opções de como colocá-las no mastro, logo aguenta as mais diversas condições de mar e vento. Em quanto muitas vezes o monotipo, que são projetados para navegar em águas costeiras tem uma única opção limitado apenas a como você regula as velas.
Depois da medalha de ouro na Olimpíada Rio-2016, eu fiquei feliz em ver que temos o potencial de inspirar as meninas mais novas no nosso esporte. Se conseguir inspirar uma só entre vários velejadores vou ficar muito feliz. É como se eu tivesse deixado a porta aberta. Elas viram que dá para fazer.
E por falar em mulheres na vela, a nova regra da Volvo Ocean Race é uma porta aberta às meninas. Os homens velejam há anos juntos e a gente está entrando agora, aos poucos. Eles têm menos confiança na gente do que nos parceiros. Mas vamos devagar quebrando paradigmas na vela oceânica.
Aquela adrenalina da competição está para começar. Conto muito com a torcida de vocês quando a regata chegar em Itajaí, em abril do ano que vem. Estou muito animada!
*especial para o LANCE!