Ouro no Pan, José Neto mira evolução do basquete feminino: ‘É só o começo’
Em entrevista ao LANCE!, treinador revela próximos passos da seleção brasileira: 'Temos um propósito de tornar o basquete feminino brasileiro uma referencia no cenário mundial'
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Foram pouco mais de dois meses desde o dia em que José Neto aceitou o desafio de comandar a seleção brasileira feminina de basquete até o dia em que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima. O sucesso no primeiro grande desafio no cargo foi fruto de uma nova forma de gestão da equipe, que é a grande aposta do treinador para o futuro da Seleção.
Após o início com o pé direito, Neto não escondeu a alegria em acompanhar a rápida porém vitoriosa trajetória das meninas de ouro do Brasil no Pan e almeja passos ainda maiores para o futuro da equipe. Segundo ele, o reencontro com a medalha de ouro após 28 anos da histórica conquista do time comandado pela super geração de Hortência e Magic Paula, é o pontapé inicial para uma nova era da modalidade.
- Foi uma conquista especial com certeza. Temos um propósito de tornar o basquete feminino brasileiro uma referencia no cenário mundial e, para isso, temos que trabalhar muito ainda. Hoje, o sentimento é que todos estão na mesma página, focados em um propósito maior que é o “bem do basquete feminino brasileiro". Este é um processo que planejamos atingir em um médio/longo prazo, mas com ações instantâneas. Vamos em frente" - analisou o treinador.
O próximo grande desafio da Seleção de José Neto é a FIBA Women's AmeriCup 2019 (Copa América Feminina), que será realizada de 22 a 29 de setembro, em San Juan, Porto Rico. Na última segunda-feira, o treinador divulgou as 18 jogadoras convocadas para iniciar a preparação para o torneio. O grupo se apresenta nesta quarta (28) e os treinos terão início a partir de sábado (31) no Parque Olímpico de Deodoro e na Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA).
Confira, na íntegra, a entrevista de José Neto ao LANCE!:
Qual a sensação de conquistar um feito tão marcante no seu primeiro grande desafio no comando da seleção?
Foi uma conquista especial com certeza! Primeiro trabalho com o basquete feminino, que é uma modalidade que tem história, e poder contribuir com esta conquista me deixou muito motivado pra poder continuar este processo.
A falta de investimentos é uma das sombras que perseguem o basquete feminino. Acredita que o ouro no Pan Americano pode gerar novos horizontes para a Seleção neste aspecto?
O país, de uma maneira geral, está passando por um momento econômico complicado e o esporte passa a sofrer com isso também. Porém, a CBB tem buscado viabilizar o melhor para o nosso trabalho com as seleções. É verdade que não temos as mesmas condições de países como Canadá e Estados Unidos, mas estamos podendo realizar o nosso trabalho e competir. O apoio do COB tem sido fundamental para que possamos executar os nossos planejamentos. Espero que a medalha de ouro do Pan-Americano seja um fator de motivação para agregarmos novos parceiros para o basquete feminino.
Nomes desconhecidos, o sonho de defender o país, a conquista do ouro. Qual resumo você faz do grupo brasileiro na trajetória vitoriosa no Pan?
O que mais me motivou foi acompanhar a dedicação e o comprometimento da equipe a cada dia: jogadoras, comissão técnica e todos que, de uma forma ou outra, fazem parte deste processo. Sentimento de que todos estão na mesma página, focados em um propósito maior que é o “bem do basquete feminino brasileiro”.
A vaga nas Olimpíadas de 2020 é o próximo grande alvo? A pressão aumenta após a conquista?
Temos um propósito que é de criar uma nova metodologia para a seleção brasileira feminina e então, através desta metodologia, conseguirmos reconquistar o espaço no cenário mundial (olimpíadas e campeonato mundial). Este é um processo que planejamos atingir em um médio/longo prazo, mas com ações instantâneas. Além do trabalho com as seleções brasileiras, visamos também estar auxiliando no trabalho com os clubes, capacitação de treinadores das categorias de base, mapeamento e acompanhamento de atletas jovens que estão atuando fora do Brasil, entre outras ações.
A trajetória super vitoriosa no Flamengo é um fator de cobrança ainda maior no comando da Seleção?
Durante a minha carreira tive oportunidades de poder contribuir para a construção de uma história em cada equipe que passei. Uma oportunidade de implementar uma mentalidade vencedora e de êxitos. Esse é o maior propósito. Criar um grupo de trabalho e implantar essa metodologia é um desafio diário. Isso me motiva! Não existe uma pressão maior do que aquela que eu mesmo me coloco para que as metas sejam atingidas. Enfim, o desafio, que não é pequeno, é um combustível para que eu possa continuar a ser melhor a cada dia.
Comandar a seleção do seu próprio país, alem de um grande desafio, é visto por muitos como o ápice para a carreira de um treinador. O que você ainda espera alcançar daqui pra frente?
Estive durante 12 anos na seleção brasileira masculina, participando de todas as competições possíveis da modalidade a nível mundial. Conheço bem o sabor de representar o meu país e sei que é bom demais. Ajudar a ver a bandeira brasileira subindo mais alto que as outras é um sentimento inexplicável. Portanto, os desafios não param. Novos desafios, talvez ainda maiores, são criados mesmo quando superamos aqueles anteriores. No basquete feminino temos muitas coisas ainda por fazer. Este é só o começo. Temos um propósito maior que vencer uma competição. Temos um propósito de tornar o basquete feminino brasileiro uma referencia no cenário mundial e, para isso, temos que trabalhar muito ainda. Vamos em frente.
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