Quando faltavam pouco menos de três minutos para o final de decisão da medalha de ouro do handebol feminino do Pan de Lima entre Brasil e Argentina, o técnico da Seleção Brasileira, o espanhol Jorge Dueñas, virou-se para o banco de reservas e, todo compenetrado, disse para suas jogadoras. “Então é Tóquio, né?”.
Foi a senha que as jogadoras brasileiras precisavam para começar a festejar uma conquista dupla. Primeiro, o sexto título pan-americano consecutivo, consolidando a hegemonia do handebol feminino do Brasil nas Américas. E talvez mais importante, assegurando a classificação da equipe para os Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano que vem. O handebol é uma das 22 modalidades que concedem vagas diretas ou pontos para rankings classificatórios da próxima Olimpíada.
– Tirou um peso enorme de nossas costas. Este é um ano muito importante para nós e sabíamos que este seria um primeiro passo importante. Agora, temos que nos concentrar na nossa preparação para o Campeonato Mundial do Japão, onde pretendemos ficar ao menos entre os dez primeiros colocados e assim ter alguma esperança de medalha da Olimpíada – afirmou a armadora Duda Amorim, de 32 anos.
– Foi um título importante porque dá confiança e entrosamento ao grupo, e isso será fundamental na disputa do Mundial – completou.
Para Duda, o título conquistado diante das argentinas representou a sua terceira conquista pan-americana e teve um sabor especial.
– Dos três títulos, o do Pan do Rio, em 2007, foi marcante opor ter sido o primeiro. E esse porque talvez tenha sido o meu último. Tinha planejado prolongar minha carreira por mais dois anos, mas nunca de sabe, né – brincou Duda, que reconheceu o sofrimento que a torcida brasileira passou no primeiro tempo da decisão contra as argentinas.
– Nós não estávamos conseguindo encaixar a defesa. Acho que nosso ataque foi bem durante todo o jogo, mas o fator decisivo para a nossa conquista foi termos melhorado na atuação defensiva. Além disso, a Renata jogou muito no gol hoje, fez defesas muito importantes. O Dueñas conseguiu rodar bastante o time. Tudo isso também valoriza a nossa conquista – explicou Duda, lembrando que esta rotatividade será muito importante na disputa do Mundial do Japão, que acontecerá em dezembro, em Kumamoto.
– Esta rotatividade será muito importante neste Mundial. Aqui no Pan, conseguimos fazer bem isso. No segundo tempo, praticamente só as estreantes que jogaram. Isso é muito importante em termos de equipe – ressaltou Duda, lembrando o papel de liderança que as mais experientes do grupo tiveram em Lima.
– As meninas mais novas nos escutam, nos respeitam. Isso é importante, porque, às vezes, poderiam até não confiar no nosso trabalho. A gente dá alguns toques, como por exemplo para ficar mais à frente, pegar a bola em cima do pivô, enfim, elas escutam a gente e mostram em quadra que podemos confiar nelas – disse Duda.
Do grupo que estava no Pan-Americano, sete não tinham participado de nenhum pan-americano.