Papo com Helio Castroneves: ‘A Meyer Shank Racing está no caminho certo’
Piloto brasileiro faz uma análise da abertura do NTT IndyCar Series, nos Estados Unidos
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Se a gente analisar a prova de St. Petersburg apenas pelo resultado, vai concluir que a abertura do NTT IndyCar Series, para a Meyer Shank Racing, não foi boa. De fato, não foi boa. Mas digo uma coisa: foi boa! Sei que está parecendo conflito entre Tico e Teco, mas vou explicar.
Obviamente que lutamos para conseguir mais do que o 14º lugar para mim e o 15º para o Simon Pagenaud, mas algumas circunstâncias impediram que isso acontecesse. Por outro lado, foi uma experiência tão rica para uma equipe que está subindo de patamar que todos nós, sem exceção, deixamos a belíssima cidade da Flórida bem otimistas.
Foi um passo importante num ano que será de enormes desafios para a equipe. A corajosa decisão de ter dois carros na temporada toda, algo inédito na história da MSR, exigiu uma verdadeira revolução interna, sobretudo no aumento de pessoal e adoção de novos procedimentos.
Por mais que tenhamos treinado e trabalhado na fábrica para aliviar essa curva de aprendizado, nada se compara ao desenvolvimento conseguido numa corrida de verdade. Eu diria que o entrosamento dos novos membros é excelente e isso ficou provado em St. Pete. Os treinos da pré-temporada foram fundamentais para que esse ponto fosse atingido.
Mas tem coisa que não adianta tentar, pois somente numa corrida, bem na hora que o bicho pega, é que vemos como estamos de estratégia e pit stop. Sim, verdade, dá para treinar troca de pneus e reabastecimento o tempo todo, só que simulação alguma reproduz a tensão de fazer isso numa corrida.
E a estratégia é a mesma coisa. Na teoria, na hora de traçar os planos bem antes da largada, tudo funciona que é uma maravilha. Só não é melhor porque não dá para combinar com o resto do grid. Garanto para vocês que cada carro tem um plano “perfeito” para ganhar a corrida, mas só um desses planos funciona. No caso de St. Peter, só funcionou o plano do Scott McLaughlin, do Team Penske.
Nossa estratégia traduziu o pensamento que tivemos em todo o final de semana. Sabíamos que seria uma corrida dura, um teste de resistência para todo o time e um plano conservador permitiria uma evolução paulatina. Para falar a verdade, eu acho que fui um pouco conservado demais no Qualifying, pois a pista estava muito diferente desde a última vez que tinha andado lá, em 2017.
Quando eu digo “diferente” não quer dizer que mudou tudo radicalmente. Você pode conhecer demais um traçado, como é o meu caso em St. Peter, onde sou recordista de vitórias, com três visitas ao Winner Circle. Só que uma mudança no asfalto aqui, uma nova zebra ali, uma leve mudança no raio de uma curva acolá – e adicione um hiato de cinco anos e um carro novo -, dá a impressão de que é outra pista.
Simon e eu percebemos a mesma coisa durante a corrida, ou seja, uma turbulência grande quando a gente estava muito próximo do carro da frente. Claro que é uma coisa administrável, mas numa pista de rua, com poucos pontos de ultrapassagem, o cara da frente pode andar até mais lento do que você, mas as chances de passar são raras.
Sem citar nomes, que não é o caso aqui, fiquei travado várias voltas atrás de dois alguns concorrentes mais lentos. Eu andava embutido neles quase o tempo todo, mas não eles não eram lentos o suficiente para poder passar. Num certo momento da corrida, eu perdia 0s5 por volta em relação aos líderes, mesmo andando num ritmo forte.
No final das contas, tivemos o fato de estarmos os dois pilotos nos pontos, conseguimos terminar nossa primeira corrida no novo formato com os dois carros recebendo a bandeirada e a equipe ganhou enormemente em termos de eficiência.
Vou ser honesto com vocês. A Meyer Shank Racing ainda não é uma equipe grande e isso vai levar um tempinho ainda, mas estamos no caminho certo e bem acelerados para chegar lá rapidamente, ainda neste ano, se Deus quiser.
Forte abraço a todos e até semana que vem.
* Helio Castroneves, especial para o LANCE!
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