Papo com Helio Castroneves: ‘Indy 500 é paixão para a vida toda’
Piloto brasileiro escreveu ao LANCE! sobre sua participação no campeonato: 'Fechou um período de sensações completamente diferentes das outras 19 vezes em que disputei'
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Olá, tudo bem?
A Indy 500 do último domingo fechou um período de sensações completamente diferentes das outras 19 vezes em que disputei essa prova maravilhosa e que, como nenhuma outra, tem espaço tão especial no meu coração.
Nessa minha 20ª Indy 500, a mais diferente de todas por causa do coronavírus, na pista foi como sempre. Muita disputa, competitividade e a luta de 33 pilotos para conquistar o maior prêmio da temporada. Então, logo de cara quero dar os meus parabéns para o Takuma Sato pela grande vitória.
Mas, fora da pista, ficou aquela dor no coração pela ausência do público. Apesar de não poder estar presente, o fã arranjou um jeito de dar aquela força para a gente. Para vocês terem uma ideia, a costumeira decoração das casas e do comércio não apenas se repetiu como, talvez, tenha sido maior ainda esse ano.
Foi como se os torcedores de Indianapolis quisessem mandar um recado: “Olha, a gente sabe que esse ano vai ser tudo diferente mas, mesmo assim, quer mostrar que apoia vocês em qualquer circunstância”.
E esse recado chegou tão forte que tínhamos de retribuir de alguma forma. Nos anos anteriores, depois da sessão de autógrafos e do Drivers Meeting, o próximo compromisso dos pilotos no sábado sempre foi seguir para o centro da cidade e participar da Indy Parade, que é o desfile comemorativo da Indy 500.
Mas dessa vez, como não teve isso, a alternativa foi visitar de surpresa alguns fãs em suas casas. Foram pessoas com muita familiaridade com a corrida e o Indianapolis Motor Speedway.
Estar na Indy 500 é uma tradição familiar nos Estados Unidos, principalmente no estado de Indiana. São inúmeros os casos de pessoas que já acumulam dezenas de Indy 500. Foi a primeira vez com o pai, depois foi com a namorada, tempos depois levou o filho e hoje, com orgulho, o parceiro de Indianapolis é o neto/neta ou mesmo bisneto/bisneta.
Muita gente comprou o ingresso para esse ano, mas não quis se desfazer dele, já garantindo o lugar para 2021. É tanto amor que a gente não tem como retribuir. O próprio Roger Penske, o dono de tudo aquilo hoje, tinha 10 aninhos quando foi com o pai ver a sua primeira Indy 500. Talvez o seu destino fosse totalmente outro se não fosse pelo gesto de Mr. Penske Sênior naquele dia, não e mesmo?
Pois foram essas pessoas que cada um de nós visitamos no sábado. Devo acrescentar que tudo isso foi em segredo. Dá para imaginar a surpresa? Foram momentos realmente emocionantes presentear e agradecer a todos por tanto carinho e suporte ao longo desses anos todos.
Na corrida, a diferença entre os motores Honda e os Chevrolet diminuiu, como a gente esperava que acontecesse. Mas duas coisas precisam ser avaliadas. A primeira delas e que ainda assim os Honda tiveram melhor performance durante a corrida. Além disso, o fato de eu ter largado em 28º me obrigou a ter muita cautela para não me envolver em acidentes. E vou contar para vocês que não foi fácil.
Obviamente que espera mais do que o 11º, mas eu sempre prefiro ver o copo quase cheio. Sou apaixonado por Indianapolis, meu coração bate tão forte quando da primeira vez, em 2001, e tenho certeza que voltarei o ano que vem. Tomara Deus que na próxima possamos receber todo mundo de braços abertos novamente.
Mas agora é recuperar as energias porque no dia 6 teremos corrida do IMSA WeatherTech SportsCar Championship. Sobre isso, a busca da segunda vitória consecutiva, falarei na semana que vem.
Grande abraço, obrigado pela torcida, cuidem-se e até semana que vem. Cuidem-se!
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* Helio Castroneves é piloto do Acura Team Penske no IMSA WeatherTech SportsCar Championship e do Chevrolet Team Penske na Indy 500.
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