Papo com Helio Castroneves: ‘Somos campeões’
Em sua coluna semanal no LANCE!, piloto celebra o título da IMSA WeatherTech SportsCar Championship ao lado de Ricky Taylor. Conquista ocorreu de forma dramática em Sebring
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HELIO CASTRONEVES, ESPECIAL PARA O LANCE!
Olá, tudo bem com vocês?
Estou muito feliz em escrever essa coluna hoje.
Depois de muita luta, tenho a oportunidade de comemorar com vocês o título que eu e o Ricky Taylor conquistamos no último sábado, em Sebring. Somos campeões do IMSA WeatherTech SportsCar Championship pelo Acura Team Penske.
Essa conquista veio, como não poderia deixar de ser, de forma dramática. Mas eu sempre digo que é mais gostoso de festejar quando as coisas são mais difíceis. Foi o que aconteceu conosco. Conquistamos mais uma pole com o Rick e, na largada, ele manteve a ponta, já começando a abrir uma distância confortável do restante do pelotão.
Mas aí, ainda na primeira hora da corrida, o nosso Acura ARX-05 DPi teve problemas no turbo. O pessoal do Team Penske, como sempre, foi sensacional e correu contra o relógio, mas mesmo assim, quando Rick voltou para a pista, nossa desvantagem em relação ao líder era de 11 voltas, na 31ª e última posição.
Numa situação como essa, não há terceira opção: é desistência ou enfrentamento. Como a gente nunca desiste, metemos a faca entre os dentes e partimos para recuperar o tempo perdido, pisando fundo. E como o #7 estava rápido! Tanto isso é verdade que a melhor volta da prova foi nossa.
Numa disputa de 12 horas, como a de Sebring, todo mundo está sujeito a uma condição adversa. E isso não aconteceu só com a gente. Apesar de chegarmos a essa etapa de encerramento do ano como líderes, a concorrência pelo título estava bem competitiva. Diante de 35 pontos em jogo, a diferença entre nós e o 3º colocado era de apenas nove pontos.
Então, ao mesmo tempo em que Ricky, Alexander Rossi (que veio completar o trio por causa da duração da prova) e eu íamos diminuindo a diferença, como havia acontecido com a gente, outros carros também tiveram dificuldades. Dentre eles, alguns candidatos ao título.
Dessa forma, todo nosso esforço passou a fazer sentido porque voltamos a estar no páreo. Ao cabo de 12 horas e 341 voltas, recebemos a bandeirada de chegada em 8º na geral, cuja pontuação foi suficiente para garantir o título por um ponto.
Todos viram que fiquei muito emocionado. As câmeras da TV me pegaram chorando e confesso que fiquei com os olhos cheios de lágrimas em várias outras ocasiões depois da corrida. Sabendo que sou emotivo, o presidente da Penske, o Tim Cindric, virou para mim e disse: “Não vai chorar, né?”.
Mas naquela hora estava passando um filme na minha cabeça. Esse 2020 foi difícil para todo mundo. Além das dificuldades naturais que cada um enfrenta, a pandemia chegou para elevar tudo à enésima potência. Tem de dar graças a Deus quem conseguiu passar ileso a essa avalanche de tristeza. Mesmo assim, cada um tem uma história de dificuldades.
Vocês se lembram que, já na abertura do campeonato, na 24 at Daytona, tivemos problemas. Depois disso, nosso calendário foi todo modificado e, quando voltou, tivemos novamente problemas nas duas primeiras corridas da retomada. Enquanto isso, a Acura e o Team Penske anunciaram o término da parceria e o Roger Penske liberou a gente para procurar alguma coisa para o futuro. Foi um momento de incerteza quanto ao futuro.
Por conta disso tudo, era muita coisa negativa acontecendo uma atrás da outra. Sou muito otimista e tento pensar positivamente. Nunca vejo o copo meio vazio, mas sempre meio cheio. Eu me recusei a entrar naquela espiral descendente e espantei qualquer possibilidade de desânimo. Foi a melhor coisa que fiz.
Foi aí que ganhamos a primeira, a segunda e a terceira consecutivamente. Tivemos um 2º lugar na sequência, antes de emplacarmos a quarta vitória. E quando tudo parecia ter entrado nos eixos, me acontece o problema no turbo. Tudo isso junto, mais o fato de ser minha despedida da Penske, acho que veio na forma de um turbilhão e não deu para segurar.
Meu amigo Ricky Taylor merece uma coluna só para ele, de tão especial que é esse cara. Não poderia deixar de dizer, porém, que foi enorme privilégio tê-lo como companheiro de equipe nesses três anos no Acura Team Penske. Já sabia que se trava de um piloto sensacional, mas ao conhecer a pessoa do Ricky, fiquei super fã.
Depois da corrida conversei bastante com o Roger pelo telefone. Não na forma de despedida, pois a única coisa que muda é que não correrei mais na equipe dele. Nossa relação de amizade vai durar para toda a vida. E como temos negócios juntos também, o barco segue.
E por falar em seguir, a gente tem de olhar para a frente e é o que estou fazendo. Festejando o título, animadíssimo para começar essa nova fase da minha carreira e com a motivação lá no alto.
Vou parar por aqui para essa coluna não ficar muito longa, mas prometo que na próxima semana falarei mais a respeito.
Abraço grande e muito obrigado!
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