Ex-presidente da CBDA, Coaracy Nunes morre aos 82 anos no Rio

Dirigente tinha quadro debilitado por diabetes e demência, e havia contraído coronavírus

imagem cameraCoaracy Nunes presidiu a CBDA entre 1988 e 2017 (Foto: Divulgação)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 14/05/2020
11:30
Atualizado em 14/05/2020
11:49
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Personagem emblemático da história dos esportes aquáticos no Brasil, Coaracy Nunes morreu nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, aos 82 anos. O ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) tinha a saúde debilitada por Alzheimer, diabetes e demência senil, e havia contraído o novo coronavírus. Ele estava internado há cerca de um mês e havia passado por uma cirurgia para alívio da pressão intracraniana na semana passada.

- O Coaracy, na semana passada, estabilizou clinicamente, chegando a negativar a COVID-19 e, na execução de tomografia para verificar a piora do nível de consciência, foi evidenciado um aumento dos hematomas subdurais bilaterais já existentes. Foi realizada uma cirurgia para alivio da pressão intracraniana na ultima quinta-feira, mas, infelizmente, o Coaracy não despertou e constatou o que já esperávamos uma fase terminal do Alzheimer. Na manhã de hoje, dia 14 de maio, fez sua passagem de forma tranquila - disse a filha do ex-dirigente, Luciana Nunes, ao "Globo Esporte".

A entrada de Coaracy na política esportiva nacional teve início na metade da década de 1980. O advogado, nascido em Belém, foi diretor de esportes olímpicos do Fluminense e passou a ter forte atuação na Farj (Federação Aquática do Estado do Rio). Com isso, pleiteou o comando da então Confederação Brasileira de Natação (CBN), mas acabou derrotado por Ruben Márcio Dinard, filho do mandatário da entidade à época, Ruben Dinardi, que estava havia 25 anos no poder.

O eleito, no entanto, deixou o cargo após diversas denúncias de irregularidades no processo, e Coaracy acabou ascendendo à presidência. Ele foi o homem forte dos esportes aquáticos no país entre 1988 e 2017, período em que comandou a entidade com forte apoio da maioria das federações do país.

Nunes foi reeleito seis vezes e viu o Brasil faturar dez medalhas olímpicas em sua gestão, conhecida pelo sucesso na obtenção de contratos robustos de patrocínio, em especial o dos Correios. O dirigente também presidiu a Confederação Sul-Americana de Natação (CONSANAT) e a União Americana de Natação (UANA), e fez parte do Bureau da Federação Internacional de Natação (FINA).

A queda de Coaracy teve início em 2015, em meio aos desdobramentos da Operação Águas Claras, da Polícia Federal, que investigou a formação de uma organização criminosa para fraudar licitações e desviar recursos públicos destinados à contratação de empresas de turismo. Em 2017, Nunes e três diretores da entidade chegaram a ser presos por dois meses, mas conseguiram habbeas corpus.

Foi nesse contexto que Miguel Cagnoni, seu ex-aliado na Federação Aquática Paulista (FAP), mobilizou a comunidade e conseguiu se eleger presidente da CBDA, em um processo conturbado com a FINA. Mas a promessa de transparência ficou no papel. A entidade só viu as dívidas da era Coaracy aumentarem. Hoje, os esportes aquáticos no país, sob a gerência do presidente Luiz Fernando Coelho de Oliveira, sofrem as consequências de problemas das duas gestões anteriores.

Em outubro do ano passado, o Tribunal Regional Federal de São Paulo (TRF-SP) condenou Nunes a 11 anos e oito meses de reclusão e a três anos de detenção por desvios de recursos públicos. Com a saúde muito frágil, ele respondia em liberdade a um dos processos. 

"A CBDA lamenta o falecimento de Coaracy Nunes Filho e se solidariza aos familiares e amigos do ex-presidente", disse a entidade, em nota. 

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