Presidente reeleito do COB defende direito de expressão de Carol Solberg
Paulo Wanderley afirma que posiconamentos como o da jogadora de vôlei de praia estão sendo tolerados até pelo COI, revela ligação de Nuzman e fala em desconsideração da CBF
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Reeleito presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley foi questionado em entrevista a "O Globo" sobre a manifestação política da atleta do vôlei de praia Carol Solberg, que declarou "Fora, Bolsonaro" durante um pronunciamento ao vivo em etapa do Circuito Brasileiro e será julgada nesta terça-feira pelo STJD do vôlei. O presidente do COB não quis opinar se ela deve ou não ser condenada, mas posicionou-se favoravelmente à liberdade de expressão da atleta.
- Sou daqueles que posso ser contra o que você fala, mas vou até a morte defendendo o seu direito de se manifestar - afirmou Wanderley, após avaliar que a posição da Comissão de Atletas da CBV, presidida por seu opositor Emanuel, não foi bem aceita por muitos esportistas.
- O COI está começando a aceitar algo que era impossível de se pensar há 15 anos. Quem não lembra dos Panteras Negras, um marco (Tommie Smith e John Carlos, no pódio dos Jogos Olímpicos de 1968)? Isso hoje (manifestação da Carol) seria considerado Pantera Negra. Mas as mudanças na sociedade e a liberdade de expressão estão fazendo com que até o COI reavalie. A maioria dos atletas, pelo que sabemos, defende a causa da atleta. E alguns deles ficaram constrangidos de terem escutado isso de um ídolo como o Emanuel, que era um Deus do Olimpo do vôlei de praia.
Na entrevista, ele também contou que recebeu uma ligação do ex-presidente da entidade, Carlos Arthur Nuzman, cumprimentando-o após a vitória na última quarta-feira.
O atual mandatário assumiu o comando do esporte olímpico nacional em 2017, após o antecessor renunciar em meio a uma investigação sobre compra de votos para o Rio de Janeiro sediar os Jogos de 2016. Wanderley afirma que eles não se falavam desde a saída de Nuzman.
- Recebi sim o cumprimento do Nuzman. Nunca tinha falado com ele em nenhum momento desde o dia fatídico 11 de outubro de 2017. A partir do momento em que ele renunciou, eu nunca tive contato com o Nuzman, nem por mensagem, por nada. Foi a primeira vez que conversei com ele. Eu estava no meio de um jantar e recebi a ligação. Não sabia que era ele. Mesmo que soubesse, atenderia do mesmo jeito - contou Paulo, que recebeu 26 dos 48 votos possíveis para se reeleger, ao lado de vice Marco La Porta.
Após um pleito histórico, com a presença de mais de uma chapa pela primeira vez após mais de quatro décadas, Paulo não escondeu o descontentamento com o que chamou de interferência de pessoas de fora do esporte no processo. A crítica é direcionada às articulações do opositor Rafael Westrupp, que firmou aliança com o campeão olímpico Emanuel. A CBF os apoiou.
- Eu me senti um pouco desconsiderado. Eu fui o primeiro a visitar a CBF. Mas foi mais uma visita de retribuição. Quando eu fui alçado ao cargo de presidente, porque antes eu era vice-presidente, eu recebi a visita de cortesia, muito amável, do Fernando Sarney (um dos vice-presidentes). E eu tive a oportunidade de visitar o presidente atual (Rogério Caboclo), que foi eleito não há tanto tempo. Eu fui o primeiro a visitá-lo. Foi por esse motivo. O que me deixou um pouco, não sei nem classificar a palavra, foi que se comentou que o voto da CBF foi em função de terem ouvido os candidatos e lido o programa dos candidatos. Ora, à época em que eu o visitei, meu plano não tinha sido publicado ainda. Então, é isso aí. Tinham que justificar. Mas dizer que votaram após ter visto o meu plano não é fato porque ele não havia sido divulgado ainda. E quanto a relações posteriores, o Comitê Olímpico continua no mesmo lugar e está à disposição a todos e a qualquer um de seus membros, mesmo os que não votaram na gente - disse Wanderley.
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