Rafaela Silva e Zanetti criticam MP por retirar verba do esporte
Campeões olímpicos criticam a medida provisória do Ministério Público. Além deles, outros judocas fazem protesto, e canoísta Pepê Gonçalves chama medida de "Miopia Provisória"
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Revoltados. A Medida Provisória 841/18, que redistribui os recursos das loterias federais e corta bruscamente verbas repassadas ao esporte, está fazendo os principais atletas brasileiros se mobilizarem. Temerosos do que pode ser o futuro em suas modalidades em pleno ciclo para Tóquio 2020, nomes como a judoca Rafaela Silva e o ginasta Arthur Zanetti, campeões olímpicos, fizeram críticas públicas à MP.
Rafaela Silva ressaltou a sua primeira oportunidade no projeto de Flávio Canto, aos oito anos de idade. Além disso, a judoca disse que o esporte é cultura e está direcionado a saúde, destacando a importância.
- Comecei a praticar esporte aos cinco anos de idade na Associação de Moradores da Cidade de Deus. Aos oito anos, fui para o projeto do Flávio Canto, o Instituto Reação, onde eu comecei a competir, tive oportunidades que fora do esporte não teria. Minha família muitas vezes não tinha dinheiro nem para as compras de mês. Eu nunca imaginei que fosse viajar para São Paulo, Rio Grande do Sul, cidades bem próximas, e hoje estou no Japão com a seleção brasileira de judô. Me tornei a primeira brasileira campeã mundial e olímpica de judô. O esporte é educação, é saúde, é cultura. Sou contra a MP 841 - disse.
Ouro em Londres 2012 e na Rio 2016 nas argolas, o ginasta Arthur Zanetti não veio de um projeto social como Rafaela Silva, mas afirmou que a MP impactará de maneira trágica em sua carreira, tudo porque o corte de quase R$ 500 milhões no repasse de verbas das loterias para o esporte pode causar um rombo gigantesco no Bolsa Atleta.
- Tem o Bolsa Atleta, o Bolsa Pódio (que Zanetti ganha), programas de base e base escolar... Para você fortalecer o esporte, e a gente sabe que o esporte é transformador, cortando essa verba fica um pouco mais difícil. Isso é ruim, o país já não está numa situação muito boa, e o esporte está um pouquinho de lado. Clubes como Flamengo e Corinthians, que têm outros esportes, podem sair do esporte olímpico. Isso diminui o esporte. Depois da Rio 2016, acabou o contrato de parte dos meus patrocinadores. Mas pelo que converso com outros atletas, quase todos perderam patrocínio ou tiveram queda de verba. O Bolsa Pódio representa, vamos dizer aí, próximo de 40% para mim. Mudaria muito - disse em entrevista ao "Globo Esporte".
Zanetti também contou que os atletas estão tentando se movimentar através das Comissões.
- Tem essa Comissão de Atletas do COB e uma da confederação. No COB, o pessoal está se movimentando. Eu faço parte, mas não estou acompanhando direto. São atletas que pararam já e estão pegando firme nessa parte. Estamos na confederação querendo saber o que vai acontecer para nos mexermos mais - contou ao "Globo Esporte".
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