‘O título mundial em Londres é meu objetivo em 2017’, avisa Thiago Braz
Campeão olímpico do salto com vara na Olimpíada Rio-2016, brasileiro aponta o Campeonato Mundial em agosto como sua próxima meta
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A cena ainda está viva na memória para quem acompanhou, nas arquibancadas do Estádio Olímpico Nilton Santos ou pela televisão, a emocionante disputa da final do salto com vara na Olimpíada Rio-2016. Uma prova complicada, que chegou a ser interrompida pela chuva, marcada por um duelo inesquecível entre o brasileiro Thiago Braz e o francês Renaud Lavillenie, recordista mundial e medalha de ouro em Londres-2012.
Salto a salto, eles seguiam vivos na disputa, sempre com o francês em vantagem, até que Braz, numa tacada de mestre, pediu para elevar o sarrafo a 6,03 m. Ele já vinha de dois erros em 5,98 m e nova falha daria a vitória a Lavillenie. Só que Braz acertou um salto incrível, quebrou o recorde olímpico, colocou pressão no francês e no final, conquistou a medalha de ouro, único pódio do atletismo brasileiro nos Jogos de 2016.
A vitória do brasileiro foi tão surpreendente que tirou todo o espirito esportivo de Lavillenie. Primeiro, reclamou da torcida brasileira, pelas vaias que recebeu ao tentar seu último salto. Depois, fez uma comparação infeliz com as vaias que o americano Jesse Owens levou em Berlim-1936. Braz também ironizou a reclamação do adversário, que voltou a ser vaiado para valer na cerimônia da entrega das medalhas. Precisou que uma lenda do atletismo, o ucraniano Serguei Bubka, estrela do salto com vara e antigo recordista mundial, promovesse a reconciliação entre eles.
Se a conquista de Thiago Braz pode ser apontada como a mais agradável surpresa do esporte olímpico brasileiro na última Olimpíada, atualmente ele está em um outro patamar do atletismo mundial. No final do ano passado, esteve entre os finalistas do prêmio de melhor atleta do ano da Iaaf (Associação Internacional de Federações de Atletismo) e foi eleito como destaque do esporte brasileiro pela tradicional pesquisa do jornal “O Estado de S. Paulo”.
Na temporada de 2017, o brasileiro entra com status de protagonista. Em sua estreia na Liga Diamante, no último dia 13, em Xangai (CHN), o nome de Thiago Braz dividiu as atenções justamente com o de Lavillenie. Braz terminou na quarta colocação, com um salto de 5,60 m, atrás do francês, que ficou em segundo lugar, com 5,83 m.
Em entrevista exclusiva ao LANCE!, Thiago Braz fala sobre seus planos para a temporada de 2017, onde coloca o Mundial de Londres, marcado para o próximo mês de agosto, como seu principal objetivo. E nega que o clima com Lavillenie ainda esteja tenso.
LANCE! - Thiago, passados nove meses daquela conquista histórica na Olimpíada Rio-2016, o que de fato mudou na sua vida, pessoal e profissional, com aquela medalha de ouro?
Thiago Braz - Uma das coisas que mais me emociono é do flash que eu tive depois que passei os 6,03 m. Parece que passou um filme na minha cabeça. De todos os momentos ruins, de todas as escolhas, das dificuldades... Não posso afirmar que o ano de 2016 vai ser o melhor ano de toda minha vida, porém com certeza foi inesquecível! Foi a abertura de todos os meus sonhos.
Acha que sua medalha de ouro pode ajudar a recuperar o prestígio do atletismo brasileiro, que andou meio abalado em termos de conquista nos últimos anos?
Tenho a consciência que, depois da conquista da medalha de ouro na Rio 2016, irei influenciar uma nova geração de atletas. Acredito que o meu exemplo pode ser uma parcela do desenvolvimento do atletismo no Brasil.
O título do Mundial de Londres seria sua principal meta no ano?
No final do ano passado, eu cheguei a comentar em uma entrevista que estava pronto para novas conquistas. E um dos meus sonhos é ser campeão mundial. Com certeza vou dar meu melhor para chegar em Londres nas melhores condições possíveis. Depois, vamos pensar nos próximos desafios.
O que você e seu treinador, Vitaly Petrov, estão planejando para 2017 em termos de resultados? Acha possível saltar acima de 6 metros novamente, como ocorreu no Rio de Janeiro?
Nesta temporada quero continuar com uma progressão na minha vida, no meu salto, nos resultados, continuar com um bom relacionamento com meu treinador. Continuar fazendo o que fiz até aqui, dando meu melhor em cada segundo de treino para que, consequentemente, alcancemos resultados nas competições.
Quantas provas você está planejando disputar nesta temporada?
No próximo dia 27, disputo mais uma etapa da Diamond League em Eugene, nos EUA. Depois sigo para São Bernardo para o Grande Prêmio Brasil de Atletismo no dia 3 de junho e entre os dias 9 e 11 de junho, o Troféu Brasil. Em julho, no dia 16 estarei em Rabat, no Marrocos, e no dia 21 em Mônaco. Em agosto tenho o Mundial de Londres e mais uma etapa da Diamond League, no dia 24, em Zurique na Suíça.
O esporte olímpico brasileiro passa por um momento difícil, reflexo da crise econômica que atinge o Brasil. A crise está afetando você também ou a medalha de ouro acabou lhe rendendo novos patrocinadores?
As Olimpíadas sempre são uma vitrine para atletas que, assim como eu, competem em modalidades não tão populares aos brasileiros. Por isso, principalmente após a conquista do ouro, novas oportunidades têm surgido.
Quais são seus atuais patrocinadores?
Hoje recebo auxilio do COB (Comitê Olímpico do Brasil), da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), das Forças Armadas e da NN Consultoria, empresa responsável pelo gerenciamento da minha carreira. Renovamos o contrato com a Nike em bases mais interessantes e já temos uma série de conversas em andamento. Estou otimista.
Embora o ciclo olímpico ainda esteja apenas começando, como você imagina que conseguirá chegar para a Olimpíada de Tóquio-2020?
Meu objetivo é trabalhar duro e com dedicação para manter meus saltos com estabilidade. Não temos uma marca definida como meta, nossa meta sempre foi alcançar o melhor em tudo, mas é claro que manter a estabilidade nos 6 metros é um sonho a ser realizado.
Acredita que a briga no salto com vara ficará restrita a você e ao francês Renaud Lavillenie em 2017 ou outros atletas poderão surpreender?
As competições são sempre diferentes e cada uma com um grau de dificuldade e principalmente com grandes adversários.
Como ficou sua relação com o Lavillenie após a Olimpíada e das reclamações dele sobre as vaias da torcida? Ficou alguma mágoa?
A nossa rivalidade é só dentro das competições e quando elas acabam a pressão vai junto. Eu o respeito muito porque é um grande atleta.
Quem é ele
Nome: Thiago Braz da Silva
Nascimento: 16/12/1993, em Marília (SP)
Altura e peso: 1,86 m e 83 kg
Principais conquistas: Campeão olímpico do salto com vara na Rio-2016; medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude Cingapura-2010; campeão mundial juvenil em Barcelona-2012; campeão do Troféu Brasil de atletismo em 2015
Principais marcas: 6,03 m – recorde brasileiro, sul-americano e olímpico; 5,93 m – recorde brasileiro e sul-americano indoor (pista coberta)
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