A Argentina se pintou de verde e amarelo neste domingo com a vitória de Lars Grael e Samuel Gonçalves no Mundial de Star, realizado pelo Club Náutico San Isidro. Referência na classe no Brasil e no Mundo, Lars finalmente poderá colocar a estrela dourada na vela principal do barco, um prêmio merecido e que estava faltando no currículo vitorioso do velejador.
A competição não foi fácil. Cinco barcos chegaram no último dia com chances de vitória, incluindo seu irmão, Torben, que liderava a competição, mas, com a melhor média de resultados nos cinco dias anteriores, Lars e Samuel fizeram uma boa largada e precisaram apenas administrar os adversários para garantir o ouro.
- Foi uma conquista muito importante para a minha carreira e para o Samuel, por tudo o que a vela e o Projeto Grael representam para nós. Foi um campeonato em que a média de resultados era muito importante. Começamos vencendo a primeira regata e os outros bons resultados foram importantes no final, pois tínhamos o melhor descarte. A última regata foi tensa, mas tivemos uma boa largada, com um bom posicionamento tático e desde a primeira boia éramos os possíveis campeões mundiais. Posso dizer que foi uma regata de muito cálculo estratégico. Deu tudo certo. Estamos muito felizes com este título, que é importante também para a vela brasileira - disse Lars.
Além dos dois, também subiram no pódio a dupla Marcelo Fuchs e Ronie Seifert, que ficou com a medalha de prata.
Lars entrará agora para o seleto grupo de brasileiros campeões mundiais. Ao lado dele estão Walter von Hütschler, que venceu em 1938 e 1939, Alan Adler, campeão em 1989, Torben Grael, campeão em 1990 e Robert Scheidt, tricampeão em 2007, 2011 e 2012.
- O Mundial era um título que eu perseguia há muitos anos. Fui bronze em 2009, quarto em 2010, em 2013 não fomos bem, ano passado vencemos duas regatas, mas tivemos uma largada escapada e este ano tudo certo - completou.
Considerada por muitos com a classe das estrelas por causa da grande quantidade de campeões que passou ou está velejando nela, a Star foi criada há mais de cem anos e fez parte do programa olímpico de 1932 até 2012. Nomes como Paul Elvstrom, Paul Cayard, Dennis Conner, os irmãos Grael e Robert Scheidt fazem parte da história da classe. E o Brasil tem se destacado muito nos últimos anos. De 1989 até hoje, 162 medalhas foram distribuídas nos Campeonatos Mundiais e o país conquistou 38 delas, sendo quase 25% de ouro. Além disso, de 2005 para cá, o Brasil esteve no pódio em todas as edições.
Durante a festa de premiação do Mundial, Lars contou com o apoio da esposa, Renata, que dá nome ao barco campeão, e com a presença dos sobrinhos Martine e Marco, que também estão em Buenos Aires para a disputa do Sul-Americano e Mundial de 49er.
Ano vitorioso: O ano de 2015 foi praticamente perfeito para Lars. Em janeiro ele conquistou o bicampeonato da Bacardi Cup, feito inédito para um brasileiro. Depois vieram os títulos Brasileiro, do sétimo Distrito, Carioca e o terceiro lugar no Sul-Americano, conquistado semana passada, também em Buenos Aires.