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‘Touro’ e velocista: gêmeas da Seleção de rúgbi aliam força e velocidade

Thalia e Thalita Costa integram a Seleção de sevens, que iniciou treinos no Rio Maior Sports Centre, em Portugal. Irmãs praticaram atletismo desde pequenas e agora têm novas metas<br>

Gêmeas da seleção de rugby
imagem cameraThalia e Thalita Costa integram a Seleção de sevens que está na Missão Europa (Foto: Rafael Bello/COB)
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Lance!
Rio Maior (POR)
Dia 19/10/2020
15:20
Atualizado em 19/10/2020
15:48

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O esporte não tem fronteiras. E na Seleção feminina de rúgbi sevens, já classificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio, que participa da Missão Europa no Rio Maior Sports Centre, em Portugal, chamam a atenção duas atletas idênticas que compõem o grupo de 18 jogadoras e seis integrantes da comissão técnica. Não é força de expressão. Thalia e Thalita da Silva Costa, de 23 anos e 1,58m, são irmãs gêmeas. Apesar dos rostos muito semelhantes, elas sabem perfeitamente quais são as diferenças entre elas no campo de jogo.

- Além de ser muito veloz, uma das maiores qualidades da Thalia é a persistência, é ir sempre em busca do que ela acredita. Enquanto ela estiver de pé, ela vai estar com o time. Eu admiro muito a persistência que ela bota no que faz - define Thalita.

- A Thalita parece um touro na frente de qualquer pessoa. Todo mundo chega do meu lado e fala: nossa, tua irmã é um touro, é muito forte. Ela defende muito bem, é uma das minhas referências - disse Thalia.

Influenciadas pela experiência da própria mãe, Dona Ivanilde, as irmãs praticaram atletismo desde pequenas. Começaram nas corridas de rua e depois passaram para as provas de pista. Mas sem grandes oportunidades, abandonariam o esporte no momento em que a família começava a pensar no futuro delas, na faculdade e em um trabalho. Mais velha por questão de minutos, Thalia também foi pioneira no esporte.

- Tinha um amigo nosso, o Leonardo, que sempre nos mandava convite. Aí ele falou: agora que tu não estás mais no atletismo, vem conhecer o rúgbi. Foi amor no primeiro contato, em fevereiro de 2017. Comecei a treinar e fui me desenvolvendo. No meio de 2017, o Leonardo convenceu a Thalita também.

- Ele me venceu pelo cansaço. Tive o primeiro treino, gostei do contato, mas não me animei muito porque nunca me interessei de treinar físico. E foi difícil para mim que estava sedentária desde parei com o atletismo. No terceiro treino, eu já comecei a desenvolver um sentimento, algo que não senti em nenhum esporte. Quando encontrei o rúgbi foi como se todas as minhas qualidades, e até os meus defeitos, se encaixassem com o esporte. Parece que é a tampa e a panela - disse Thalita.

Foi quando Carlos Marvel, treinador do Delta, clube de Teresina, ouviu falar de uma velocista do Maranhão e convidou Thalia para se juntar. Logo depois, surgiu o convite para Thalita também. Defendendo o Delta, as irmãs de São Luís chamaram a atenção da Confederação Brasileira de Rugby quando jogavam o Super Sevens, o campeonato brasileiro da modalidade.

- Foi o que abriu portas para nós na Seleção. Logo que eu cheguei, as pessoas notaram minha velocidade. Em 2018, apareceu a oportunidade de fazer o teste da Seleção em São Paulo. Mas antes, já me chamaram para disputar os Jogos Sul-americanos de Cochabamba. Foram muito bons jogos e tivemos 100% de aproveitamento. Assim que eu voltei, já assinei o contrato e fiquei em São Paulo até hoje.

- Essa foi a primeira vez que a gente passou um aniversário separadas. Para mim foi muito estranho porque sou muito emotiva. Foi muito difícil ficar longe dela, mas me consolava ver ela colher o que plantou. Eu vi quantas vezes ela chegou em casa cansada, pretinha do sol, como já correu descalça, passou por muita coisa mesmo - contou Thalita.

- Nunca almejei ser convocada. Quando me chamaram e eu soube que eu ia poder ficar perto dela, foi uma das maiores realizações da minha vida. Parece que eu sempre sigo os passos dela - completou a irmã mais nova.

A responsabilidade de viver numa outra cidade, longe da família, fez com que as irmãs assumissem a obrigação de cuidar uma da outra. E, além disso, manter a mãe informada de tudo. Dona Ivanilde, “mulher arretada” como definiu Thalia, acompanha todos os jogos das filhas.

- Minha mãe ficou com o coração partido porque nós duas moramos agora em São Paulo, longe dela, mas ela nunca deixou de apoiar a gente. Ela liga, manda mensagem, chora - disse Thalita.

- E assiste todo jogo, manda mensagem pra todo mundo avisando, faz telão - completou Thalia.

- Teve um dia que ela me mandou um áudio chorando. O jogo foi transmitido. Thalia fez um try e ficou muito cansada, o tempo estava muito quente e seco, e ela caiu no chão - contou Thalita.

- Fiz o try e lá eu fiquei. Na hora de levantar, a Raquel (Kochhann, capitão das Yaras) pegou a bola, me levantou e eu fui substituída - detalhou Thalia.

- Mãe mandou um áudio: Thalita, me diga a verdade, o que foi que aconteceu, não vi Thalia mais! Eu: mãe, calma, ela provavelmente estava muito cansada, não tinha mais fôlego, eles a tiraram para descansar e depois vão colocar de volta. Mas ela só foi ficar calma depois de horas, quando a Thalia mandou um áudio pra ela dizendo que estava tudo bem.

Agora na Missão Europa, ação de parceria do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e Confederação Brasileira de Rugby (CBRu), as irmãs têm objetivos diferentes.

- É uma oportunidade muito grande pro time se conectar novamente. É muito importante o COB e a CBRu estarem nos dando a chance de treinar e evoluir como um time para as competições que estão vindo. Ficamos muito agradecidas. Sabemos que é uma oportunidade para poucos. Espero que a gente aproveitar para evoluir juntos, se conectar como time e crescer dentro de campo - analisou Thalia.

- Para mim, fazer parte da Missão Europa é uma oportunidade que eu almejei desde quando entrei na Seleção. Sempre quis uma chance para mostrar o que eu posso fazer, que sou tão boa quanto qualquer uma que esteja aqui. Quando saiu a convocação, eu falei: esse é meu momento e agora eu tenho que mostrar que eu mereço estar aqui. É um desafio pessoal e vou agarrar essa oportunidade com unhas e dentes - contou Thalita.

- Se a gente continuar treinando, com o planejamento que o treinador (Will Broderick) tem para a gente, nós vamos longe. Independentemente de quem for, o time vai bem. É o que cada uma de nós está buscando. Não é eu crescer, não é Thalita crescer, é o Brasil crescer - completou Thalia.

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